{ parte 11 }

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A garota sumiu. Ela não viaja mais de trem para o trabalho toda manhã. Provavelmente foi promovida e comprou um carro. Ou foi demitida. Ou se demitiu. Não há como saber a razão, mas ela deixou um enorme vazio.

    Não se sente mais o cheiro de café misturado com seu perfume levemente adocicado, sugerindo que ela era uma romântica assumida. Não se vê mais suas pernas finas e longas passar por vários senhores e senhoras sentados lendo seus jornais, até aquele acento de frente ao admirador.

    Não é possível ver mais o jeito que se locomove ou o jeito que sorri consigo mesma, ou o jeito que reflete por minutos em silêncio e admira a paisagem urbana toda manhã. O silêncio sem ela é muito pior do que o silêncio com ela. Pois talvez as palavras não saíssem de sua boca, mas seus olhos já falavam mais do que qualquer discurso.

    Agora o trem está vazio. Sem aquela alegria matinal que inundava o ambiente com sua simplicidade. Não há mais ninguém para admirar.

    Em algum outro lugar, a garota provavelmente arranjou outro admirador. E de algum modo, é desesperador pois assim ela seguirá sua vida, repleta de admiradores e paixões passageiras.

A garota do tremOnde histórias criam vida. Descubra agora