Capítulo 3

492 50 3
                                    

Desespero

Essa é a única coisa que percorre a mente de Rin. Ela corre montanha a cima pelo que parecem horas nesse momento. Pelo que tinha entendido da região, o topo da montanha é livre de árvores e um penhasco aguarda do outro lado. Isso a perturba ainda mais.

Ela respira pesadamente, seus pulmões ardendo, os joelhos estão fracos e seus ossos pesam como chumbo. A neve dificulta a tarefa de correr montanha a cima. Rin está quase na metade da subida, tentar não diminuir o passo se torna difícil. Ela respira pela boca e o ar gélido arranha sua garganta. Ela sabe que sua mãe está em algum lugar à frente. Ferida? É grave? Ela está viva? Morta?

Ela não sabe dizer.

O pânico gira em sua mente e a menina tenta correr o mais rápido que suas pernas cansadas e encharcadas pela neve conseguem. Rin está agora perto de seu objetivo, e não estava nem um pouco ansiosa para ver o que lhe aguarda. Ela ouve vozes, ainda muito distantes para serem entendidas, mas estão logo a frente. Então com mais cuidado se aproxima devagar. Qualquer ruído e ela pode ser pega, principalmente se as pessoas à frente são quem ela teme que são.

 A garota chega perto o suficiente. Seu coração está machucando seu peito por bater tão forte. Rin tenta conter sua respiração acelerada. Escala em um dos carvalhos sem muita dificuldade, se agarando na base dos galhos, subindo pelo menos 7 metros a cima da base. E ela vê:

É um esquadrão de Kiri.

Mas não qualquer esquadrão de ninjas. Esses tem máscaras de porcelana brancas, com desenhados em verde, vermelho, azul ou preto. Esses ninjas são do esquadrão funerário, os Oinins. Shinobi de elite que são especialistas em caçar e exterminar nukenins. Ninjas rastreadores estão à comando do quarto Mizukage, um homem que não tolera nem um tipo de traição contra Kiri.

Rin conta no total, seis deles, em uma clareira onde a lua ilumina bem, perto do fim da floresta. Mas há uma sétima figura entre os ninja mascarados. Está é uma mulher com cabelos negros, que está ajoelhada no meio de um semicírculo de rastreadores, Yuki Akemi.

Rin arregala seus olhos quando vê a figura ensanguentada e derrotada de sua mãe. Suas roupas estão sujas e rasgadas. Da perna escore sangue de onde uma kunai está afundada em sua carne. Em seu ombro há um corte profundo causado por uma espada, vários arranhões percorrem a pele antes perfeitamente branca da mulher. Em sua testa, há um machucado que faz com que seu cabelo negro fique grudado ao rosto pelo sangue que percorre até o queixo.

A criança está horrorizada com a cena, seu coração para por um segundo, ela finalmente percebe o quanto esta com frio, o vento gelido à atinge como um trovão, eletrocutando todo o seu corpo, passando por sua espinha até a ponta dos dedos. Ela olha para baixo sem crer no que vê, ela não sabe no que está pensando, sua mente está dando voltas e voltas e Rin não consegue pensar direito. Pânico. Choque. Agonia. Pavor. Medo.

Tudo ao mesmo tempo e a garota não consegue reagir. Então um deles fala.

"Yuki Akemi, do clã Yuki, filha de Yuki Gina e Uzumaki Seiji. Você é acusada de traição contra Kirigakure no Sato. Por assassinar três companheiros jounin de sua antiga equipe e deixar a vila sem permissão da autoridade, Yondaime Mizukage. Mesmo tendo consciência de que seria rotulada como nukenin. Você nega qualquer uma das acusações?" a voz de um homem alto de uma máscara com espiral azul se manifesta. Seu tom é autoritário e intimidante, fez com que um arrepio percorra o corpo de Rin. Ela prevê o pior.

Akemi está fraca, sua cabeça lateja de dor e ela não sente mais seu braço esquerdo, mas levanta a cabeça para olhar para o homem, e faz um sinal negativo com a cabeça. Ela nota que ele tem cabelos azuis, pensa reconhece-lo como um de seus antigos colegas, mas logo tira o pensamento de sua cabeça. A mulher sábia que ela é a filha estavam sendo seguidas desde o fim da tarde, e logo se apresou para por a filha a dormir, e então acabar com o problema, como sempre fazia.

Mas desta vez foi diferente, Akemi estava cansada por ter que carregar mais coisas do que de costume, sua irmã não estava junto com ela desta vez e haviam mais inimigos do que de o habitual, muito mais habilidosos e fortes. Ela lutou tentando não ferir gravemente os ex aliados de sua antiga vila, a mulher diferente do que pensam não é uma pessoa sanguinaria e sem coração, como a maioria na vila. Ela matou seus colegas de equipe, é verdade, mas foi autodefesa. Seu antigos amigos haviam tentado mata-la, a guerra fez com que seus próprios amigos se voltassem contra ela.

Akemi se lembra daquele dia, ela é seu time estavam em uma missão simples de escolta, depois de concluída, eles iriam voltar em segurança para a vila. Ela, sua irmã, e mais três amigos próximos desde que eram chunins. Eles tentaram mata-las no caminho para a vila, gritando que as duas eram monstros, ferindo profundamente o coração das duas kunoichis. Elas não queriam mata-los, mas não tiveram escolha. Seu companheiros estavam tão cegos pelo ódio, atacando tão violenta e descuidadamente. Elas acabaram por mata-los.

Um deles era o próprio marido de sua irmã, o homem cuja Akemi perfurou com sua espada. E os dois outros, seus melhores amigos, que encontraram a morte pelas mãos de sua irmã.

Depois do ocorrido, elas foram encontradas rapidamente, ainda com os corpos dos parceiros ensanguentados no chão. A única coisa que fizeram foi voltar e resgatar seus filhos antes de fugirem novamente.

Agora estava sozinha nem mesmo sua irmã a ajudaria. Akemi já sabia seu destino, seria morta. Mas não do jeito convencional do esquadrão funerário - uma morte rápida e quase imperceptível - . Não, os traidores com kekkei genkai devem a sofrer mais. Ela seria enforcada.

Ser enforcado é suposto de ser mais agonizante, você espera temendo pelo que você sabe que vai chegar, não como uma morte instantânea e no local em que você é achado, como de costume para os Oinins, os usuários de kekkei genkai devem ver sua morte chegando e à temer.

Akemi olha para cima, com a visão borrada e a vê. Seu coração pula uma batida, sua boca fica seca e sua confiança em morrer se vai. Sua filha está ali.

Rin está a poucos metros do chão, em um dos grandes galhos de uma árvore próxima, o olhar em seu rosto é de puro terror. O pânico de acharem sua única filha percorre a mulher. E seus olhos mostram o medo de sua filha ver o que está por vir. Ela franziu o cenho enquanto a dor era substituída pelo pânico. Mas Akemi ainda sentia o frio da neve, a dor latejante da perna e a ardência dos aranhões por todo o corpo. Então ela é levantada por um dos ninjas de Kiri, este tinha desenhos verdes na mascara. 

"Yuki Akemi, seus crimes contra Kiri são punidos com morte por enforcamento." uma mulher alta, com longos cabelos ruivos fala. Diferente do homem, sua voz soa firme, porém melancólica.

Rin sente algo morrer dentro de si. Enquanto assiste sua mãe ser amarada e levada para o topo da montanha. Seu coração, uma vez batendo forte, agora se encolhe no peito e seu rosto se torna mais pálido do que uma folha de papel. Sua mãe tremia enquanto andava, cambaleando. A perna direita de Akemi mal conseguia suportar o peso do corpo. A mulher era empurrada montanha acima por dois dos rastreadores.

No topo da montanha congelada só há uma árvore, um grande e velho carvalho ao lado do penhasco.

Rin não aguenta. Desce da árvore e sai correndo em direção a sua mãe o mais silenciosamente que pode. Se esconde entre as grandes rochas cobertas por gelo que ficam perto do topo. Onde assiste uma corda ser pendurada em um galho grosso próximo à beira do penhasco. Um semiciclo é formado por cinco ninjas abaixo da árvore que a tempos perdeu suas folhas. Em cima do galho, o homem de cabelos azuis, está de pé. Colocando o colar de corda no pescoço  de sua mãe.

A mulher de cabelos negros, olha para o céu, está estrelado e a lua está divina.

Uma bela última visão.

Então seu olhos encontram sua filha, suplicando para a criança escondida atrás das rochas sair daí o mais rápido que puder. Mas Rin está em choque, sua garganta dói e ela quer gritar, seu olhos ardem mas não há lágrimas para chorar. Ela se lembra de tudo que já fez com a mãe de todas as vezes que ela a viu lutar, ela nunca viu a mulher derramar uma lágrima. Mas agora uma única lágrima silenciosa escore o rosto de Akemi enquanto olha pela última vez para sua filha que iriam fazer cinco anos em breve.

E então ela é empurrada do tronco. O ar de seus pulmões e jogado para fora. Por um segundo fica em pânico e sufoca, seus olhos se arregalam, suas pernas balançam no ar. Então seu pescoço quebra e ela está morta.

***

Editado 15/12/16

Icy Heart (Naruto)Onde histórias criam vida. Descubra agora