Avante!

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GIULIA:

-Pai? -Grito ao chegar em casa.

-Oi filha! -Diz e me abraça. -Pra onde você foi?

-Pra um jogo de futebol. -Falo e vou na cozinha fazer alguma coisa pra comer.

-Vou dá uma saída, tá? -Diz sorrindo.

-Claro! -Penso um pouco e pergunto. -Pai você tá namorando?

Ele me encara um pouco e finalmente resolve falar.

-Eu estou conhecendo uma pessoa sim.

-Que ótimo pai! -Falo contente e o abraço.

Ele sai pro seu encontro sem mais detalhes e eu fico com minha TV e meu brigadeiro de colher, me acabando de comer e se eu engordar a culpa é do Daniel. Não consigo entender como eu pude me interessar tão loucamente por um cara que já tem alguém, uma esposa, e provavelmente filhos. Eu não quero ser o pivô da separação de ninguém e também não quero separar pai e filhos. Eu deveria ir dormir e parar de pensar nele, mais como esquecer, se sempre que eu fecho os olhos vejo aquela escultura em forma de homem?
...
A campanhia toca.

-Oi! -Diz animada.

-Oi, entra!

Ela entra e Lívia pula em meu colo.

-Tá tudo bem? -pergunto desconfiada.

-Tudo! Advinha onde o Rô está nesse exato momento? -Com um sorriso de canto a canto me encarando.

-No divâ, no lugar do paciente!? -Pergunto fazendo piada.

-Tão engraçada que deveria ser comediante, você é um talento disperdiçado. -Fala com uma cara de desaprovação.

-Onde então?

-Na casa de um certo alguém... -Faz suspense.

-Fala logo sua idiota. -Grito e sento Lívia do meu lado no sofá.

-Na casa do Daniel. Seu novo amigo. -Diz e sorri novamente.

-Novo amigo? -pergunto surpresa.

-Exatamente, viraram amigos. Ele falou que Daniel comentou sobre você.

-Comentou? Como assim? -Me apresso.

-Ele quis disfaçar perguntando qual de nós duas era a esposa de Rô e depois falou de Lívia, mais o Rodrigo é esperto e perguntou se ele queria saber sobre nós ou sobre você.

-Sério isso? -Pergunto com alegria.

-Sério! Mais não deu tempo ele responder. O Mário chegou. -revira os olhos.

-É um babaca mesmo. -reviro os olhos também. -E porque Rodrigo foi ver ele?

-Parece que ele anda meio triste.

-Será o casamento que anda mal?

-Casamento? -pergunta surpresa.

-Sim. Ele é casado, não reparou a aliança em seu dedo?

-Não! -se fecha rapidamente. -Então isso quer dizer que não vai rolar nada entre vocês?

-Vai, claro que vai. Eu vou simplesmente destruir um casamento de sei lá quantos anos por causa de uma paixonite... -Digo ironicamente.

-Você as vezes é tão chata. -Fica emburrada.

Lívia sai do meu lado e vai pro meu quarto. Nós vamos seguindo ela até lá. Ela acha algo.

-Olha mamãe! -Diz e mostra um trinxete e um papel colado nele.

Eu pego de sua mão e leio o papel.

-Eu preciso de você agora e isso é só um aviso. -Leio em vóz alta.

-Meu Deus! -Cacau pega Lívia no colo e aconchega ela. -De quem é? -pergunta apavorada.

-Se ele acha que eu tenho medo dele ele está muito enganado. -Falo fumaçando de raiva.

-Ele quem? -Pergunta quase chorando.

-Henrique! Aquele maldito não vai me deixar em paz.

-Nunca pensei que ele seria capaz disso. -Fala ainda assustada.

-Eu vou lá tirar essa história a limpo. -Digo e vou andando até a sala.

-Não, você não vai. -fala e fica em frente a porta pra me impedir de passar.

Eu impurro ela, desço e pego meu carro, ela vem atrás de mim, mas já estou dentro do carro saindo do estacionamento.
...
Estou em frente o apartamento do meu ex psicopata. Fico olhando e pensando no que irei fazer. E sei exatamente o que fazer. Subo o elevador até o quarto andar e toco a campanhia de seu apartamento. Ele abre a porta sem camisa, só de short. O que ele acha? Acha que vou me jogar em seus braços porque ele está semi-nú?

-Boa menina. -Debocha.

-Vai, desimbuxa... -Falo com cara de poucos amigos.

-Calma minha linda. Entra! -Diz sorrindo.

Eu entro e sento no sofá.

-O que você quer comigo? -pergunto brava.

-Queria te ver. -Fala debochando novamente e eu tenho vontade de socar sua cara.

-Já viu. Posso ir? -ele rir e se aproxima de mim. -Fique longe de mim. -Me levanto e me afasto.

Ouço um barulho e vou até o quarto dele pra saber o que é, mais ele me impede.

-Me larga! -grito.

-Larga ela! -alguém grita mais alto que eu.

Olho e vejo um adolescente, um rapaizinho muito lindo.

-Vai pro seu quarto Matheus! -Grita.

-Quem é ele? -Henrique me solta e eu encosto perto do garoto.

-Sou filho dele. -Diz com um sorriso. -Prazer! Matheus. -ele pega minha mão e a beija.

-Prazer. Giulia! -Digo retribuindo seu sorriso. -Vejo que pelo menos uma coisa você fez de bom nessa vida. Seu filho é um cavalheiro, diferente de você. -Digo com cara feia pra ele.

Como pude me enganar tanto com alguém?
Eu passei minha adolescência inteira ligada a um cara que foi capaz de me esconder que tem um filho. O que mais ele esconde por trás dessa máscara de bom moço?
O garoto tem mais ou menos uns 15 anos, isso quer dizer que esse garoto veio ao mundo cinco anos antes da gente começar a nomorar. Porque ele me escondeu uma coisa tão importante dessas? Já sei. É isso! Talvez mesmo estando comigo ele estava com a mãe de Matheus. Só pode ser isso.

-Chega dessa palhaçada. Vamo logo pro seu quarto muleque! -Ele arrasta o garoto pelo braço e o conduz até seu quarto.

Fico ouvindo seus berros com o garoto. Eles discutem feio e eu aproveito que ele está enxendo o garoto com seus sermões de pai ''exemplar'' e vou embora.
...

Em casa me sinto mais relaxada pra pensar no que acabei de saber. Eu nunca conheci, não conheço e nem nunca vou conhecer o verdadeiro Henrique. Pensei que fosse lá e simplesmente fosse resolver o meu problema, mais não! Eu acabei sabendo de uma coisa que jamais imaginei que existia. Uma coisa não. Uma pessoa!
Até que eu gostei do garoto. Ele é muito encantador, diferente do pai que está se mostrando um monstro quando se dizia príncipe...
Ouço um barulho como se fosse uma coisa muito grande caindo no chão e vou ver o que é.
Chego na sala e vejo a porta no chão. Alguém me puxa e tapa minha boca. Tento gritar e não consigo.

-Calma, calma. -Diz pausadamente e me solta.

-Você destruiu minha porta seu monstro. -Grito e dou socos em seus braços. Ele me pega pelo braço e me joga no chão. Sobe em cima de mim e fica me olhando com a mão levantada.

-Vai! -Grito. -Bate! Seja homem! Vamos lá garoto. Avante! -Grito mais alto e ele me bate forte.

Dois Lados De Uma Mesma HistóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora