Capítulo 1

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Os berros não cessavam, fazendo assim, o silêncio da noite fugir.

- Num aguento mais, Senhor! - Suplicava Maria Teresa.

- Força, mais força! - A outra mulher insistia.

O razoável, mas contínuo vento feria a iluminação do local, dificultando.

- Num tenho forças, Isabel! - choramingava - Num tenho mesmo!

- Tu num tem força? - a parteira para, olha para o rosto de Maria Teresa que se encontrava deitada e respira - Mas esta criança ai de nascer! Vamos, quando eu contar até três, tu vai fazer toda força que puder e esta criança vai sair.

- Num dá! - gritava Maria.

-Dá sim! Vamos, agora!

-Num vai dá! - os olhos de Maria transbordavam.

A parteira se cala por alguns momentos. Em seguida, olha profundamente para Maria Teresa que só tinha como opção lhe retribuir o olhar.

Há alguns segundos de silêncio. Isabel, logo, devagar, começa a contar.

-Um... Dois... Três... AGORA!!!

Maria Teresa faz grande força. Logo, seus gritos dão lugar aos da criança. O pequeno, ainda banhado de sangue, nos braços da parteira, berrava sem parar.

- Que criança bonita! - Diz Isabel, logo após cortar o cordão do recém-nascido.

- É um menino, num é? - Maria Teresa, ainda deitada, estendia os braços.

- É sim, aqui, tome teu filho! - a mulher passa a criança para a mãe. - Uma graça! E o nome, já sabe? - pergunta Isabel.

- Ah, mas este aqui é o meu primeiro filho homem! - Maria Teresa passa alguns segundos olhando para o menino - Ele se chamará José, do pai, e também Maria, da mãe: José Maria; Seja bem-vindo, meu filho!

Logo, também, entram no pequeno cômodo mal iluminado para lhe dar as boas vindas, o pai e as irmãs mais velhas do menino.

                                                                              

                                                                                                                                 
                          7 anos depois                                                                    ***







- Eu acho melhor nós voltar! - Dizia a pequena Lurdes - A mãe não gosta e logo ficará preocupada.

- Só mais um pouco, Lurdes! - dizia o menino - Pare de ser medrosa, afinal, eu estou aqui para te proteger.

- Aham, sei. Tu, José Maria, me proteger? Esqueceu que é mais novo que eu?

- Mas eu sou homem, já tu é mulher e também num vai acontecer nada aqui no rio. Só quero ficar mais um pouco nessa água boa - José Maria mergulha mais uma vez nas águas do rio.

Lurdes cruza os braços a espera do irmão na borda.





                                                                                                                       ***


- Onde estavam? - Maria Teresa se encontrava em pé, a frente da porta de sua pequena casa de barro, com uma de suas mãos na cintura. Um manto cobria quase totalmente seu cabelo.

O Sétimo dos Filhos [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora