As últimas palavras de Clara Clarkson

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Olá pessoal! Como vocês estão?

No capítulo de hoje estarei publicando um texto feito por mim, foi um dos quais mais me emocionei ao escrever, pois ele mistura ficção e realidade e conta um pouco sobre um período muito difícil que passei. Este capítulo, fala sobre amor, medo, dor e morte, mas fala tbm de superação, força e fé! Espero que gostem!


Ela morava em uma cidade pequena, porém sua mente era mais grande, caótica e fantasiosa, tinha uma vida conturbada e no mínimo maluca. Poucos realmente a conheciam, não sabiam o que se passava naquele pequeno coração que pulsava, o rosto de uma menina normal e inteligente escondia alegria, desejo, sonhos, muitos deles, mas junto com estes vinham as mágoas, o medo e as tristezas. Quantas vezes ela não chorará sozinha a noite ao pé da cama e cobrira seu rosto com o travesseiro para ninguém ouvir seu choro descompassado?

Esta menina se chamava Clara, ela era louca por livros e quando os lia esquecia do mundo e das tristezas que a sondavam a toda hora mesmo sem que ela percebesse. Não era de muitos amigos e nos poucos que tinha também não confiava muito. Com o passar do tempo ela entendeu que os outros não poderiam resolver seus problemas, então era melhor ninguém conhecê-los.

Lá no fundo de seu peito ela guardava o desejo de sair daquele lugar pacato e ganhar o mundo com suas palavras. Sim, ela também adorava escrever. Escrevia com paixão, com ardor e felicidade, dava as palavras todos os sentidos que não conseguia expressar com a fala.

Ela agradecia a Deus por todos os dias que Ele lhe dava e a cada novo amanhecer ela nutria a certeza que um dia chegaria onde seus sonhos sempre a levavam; a um lugar bonito e aconchegante, uma biblioteca grande e bem decorada, poltronas espalhadas por vários lugares do cômodo, a luz do dia entrava radiante pela grande janela que vestia uma suntuosa cortina de veludo vermelho, o cheiro do lugar a lembrava de menta, baunilha e chocolate, as ondas lá fora iam e vinham tranquilas com seu fluxo constante, o cheiro de maresia se misturava com o resto dos aromas. E Clara estava lá, sentada na poltrona principal, um livro repousava sobre seu colo e ela lia com avidez e interesse enquanto os raios de sol incidiam sobre seu corpo, como uma criança que pede colo.

Entre devaneios e ilusões desse gênero a vida da menina seguia constante, com altos e baixos, mas muito longe de ser uma vida normal.

A família de Clara não era consideravelmente grande e muito menos unida, os poucos familiares com que se dava bem era os que mais gostava. Sempre se reuniam nas comemorações importantes e aniversários, mas com o passar dos anos isso começou a mudar. Eram antes uma mesa cheia e falante, anos mais tarde viram-se em apenas cinco comemorando o Natal. Clara nada disse, mas aquilo a magoou profundamente, seu coração humano e errante empalideceu-se.

Na escola, a garota sempre foi muito estudiosa e prestativa, não conseguia dizer "não" a um colega que buscasse sua ajuda, muitos diziam que ela iria para o céu direto. Mas no seu pensamento ela tinha ainda muitas coisas a fazer antes de descobrir se o paraíso existia de verdade. Muitos a invejavam de longe e desejavam seu mal, mas ela tentava com todas suas forças espantar essa negatividade de sua vida. Infelizmente nem sempre conseguia, Clara era dona de um gênio forte e independente, era calada muitas vezes mas quando pisada não deixava por menos. Ela não era aquela menina santa que muitos julgavam, não, pelo contrário, ela já havia feito muitas coisas erradas em sua vida e ainda erraria muito até acertar, mas ninguém precisava ficar a par disso, ela era o que seu presente apresentava e não o que seu passado um dia escreveu com uma tinta escura que aos poucos ela tentava apagar.

Clara, sempre fora uma garota apaixonada, seja pela vida, pela comida ou por garotos. Só sabemos que ela amou muito, amou seus ursinhos quando criança, amou Toby, seu cachorro e todos os outros cachorros que entraram e saíram de sua vida. Ela até disse que amava certos cafajestes que arrasaram seu coração, mas independente disso ela cresceu, evoluiu e hoje já não é mais aquela garotinha. Hoje, Clara é um garota forte e determinada, mesmo as vezes deixando lágrimas rolarem e sentir seu peito arder em angústia, ela é forte, por que NUNCA em toda sua vida vivida até o agora ela desistiu. Clara levantou quando raspou seu joelho ou caiu da bicicleta, ela estudou mais quando foi mal em uma prova e prometeu nunca mais se iludir por esse tipo de garoto idiota que entra na sua vida sem explicações. Talvez ela não tenha cumprido com todas essas promessas, mas pelo menos tentou, e tentou mesmo.

A garota do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora