Continuação de Cap. 3

8.3K 850 129
                                    

•Narrado por Megan•

Estar á frente de John me deixava um grande alívio, mas eu não podia cantar vitória antes da hora, e se ele estivesse prevendo aquilo ?
Voltei para cama, mas deixei tudo o que eu tinha de valor dentro da minha bolsa, era arriscado porém a única solução.

Coloquei ela de baixo da cama e dormi rapidamente. Acordei com o despertador e revistei toda a minha bolsa de tanta aflição, ao que parecia tudo estava intacto.
Era sexta-feira e eu fui deixar as garotas na escola, na sexta elas tinham educação física de manhã, já que de noite não havia um professor.
Quando cheguei em casa Nicolas achou que seria uma boa ideia ir almoçar no restaurante Bistrô, que eu tanto amava !

Me arrumei casualmente não queria parecer tão entusiasmada (embora eu estivesse até demais).

•Narrado por Hinna•

Eu e Ester estávamos jogando queimada, e eu como sempre ganhava o jogo. O grande problema das garotas de Osklend era que todas eram femininas demais na hora errada.
Dei uma pausa para olhar as princesas jogando, sei que era machista da minha parte apelidar elas assim, mas não tinha outra maneira de descrever.

Sentei na arquibancada que dava de frente com o campo. Avistei William fazendo treino de atletismo, ele era um ótimo corredor, e não demorou muito para correr até onde eu estava.

_Oi Hinna ! -Disse ele me olhando com um riso.

_William, também faz Educação Física nas sextas ? -Uma pergunta óbvia.

_Sim, na verdade a maioria das pessoas do terceiro ano fazem. -Ele riu envergonhado.

_Agora faz mais sentido. -Concordei .

_Vai fazer alguma coisa amanhã à noite ? -Perguntou ele ingênuo.

_Bom, acho que vou. -Falei o olhando sarcástica.

_Ah sim. -Falou ele cabisbaixo.

_Você me chamou pra sair, lembra ? -Falei rindo da situação.

_Nossa, eu pensei que tava sonhando quando pedi na primeira vez. -Falou ele rindo de volta.

_Essa foi boa, galanteador ! -Falei Constrangida.

Nossa conversa foi interrompida por Ester gritando meu nome.

_Hinna vamos ? -Chamou.

_Já estou indo. -Gritei de volta.

_Bom, eu preciso ir. Nós vemos amanhã ? -Me despedi.

_Claro, sim ! -Falou ele dando uns passos para trás, até a roda de atletas.

_Se cuida ! -Falei e sai.

_Você também. -Gritou ele ao longe.

Meu sorriso era avassalador. Ester nem precisou fazer perguntas, apenas destacou.

_Pelo menos disfarça minha filha ! -Ela riu da situação.

Andamos bastante até já estarmos há uma rua de casa.
Paramos por um momento na calçada, observei um caminhão de bombeiros passar por nós, torci para que não virasse na minha rua, porém ele virou.
Corremos até lá, estávamos já bem perto. Avistei meus pais abraçados e em choque, enquanto nossa casa incendiava e era consumida por uma chama furiosa.
Meus olhos ardiam com tanto fogo e fumaça, e o cheiro da madeira era muito forte.
Abracei meus pais, que estavam muito abalados com a situação, e eu também não estava nada bem com aquilo.
Minha mãe por outro lado se consumia em fúria e não demonstrava nenhuma expressão de mágoa ou dor.

_Papai o que houve ? -Falei com os olhos marejados.

_Filha, eu não sei. Chegamos do almoço e a casa já estava assim. -Ele falava com o rosto vermelho, ele sim demonstrava muita dor.

Era horrível ver a casa onde cresci ser incendiada, eu estava tendo vários surtos de recordações e ficava me lembrando de cada papel, cartinha e fotos que guardava no moral do meu quarto. Toda a minha coleção de Barbies e meus DVD's de Filmes favoritos. Meus livros e meus diários, tudo em papéis escuros queimados que voavam em torno da grande casa que se esvaia.

_Mãe você está bem ? -Eu encarava seu rosto que parecia queimar de ódio.

_Não querida, mas vou ficar, todos vamos ! -Disse em total clareza.

_Amor, todas as nossas economias ! -Papai Falou num tom assustado.

_Não se preocupe amor, eu as tirei de lá ... -Disse ela o olhando como um sinal.

Ele olhou para ela e logo tomou posse do mesmo jeito odioso que ela estava, embora eles não escondessem nada de mim, eu sabia que tinha algo muito podre no meio disso tudo.
Ester me abraçou, ainda bem que as coisas que ela tinha estavam todas com ela naquele instante.
Os bombeiros explicavam aos meus pais que tudo indicava um curto circuito nos fios da casa que começou o incêndio na sala e na cozinha, com os eletrodomésticos soltando faíscas e etc. e que os vizinhos relataram um cheiro de fio queimado por um período curto de tempo, o que comprovava as dúvidas.
Meus pais agiram calmamente, e mesmo que a casa não tivesse um seguro que cobrisse os móveis, tudo seria reestruturado o mais rápido possível.

A dúvida que paira sobre mim era a minha mãe ter essa "intuição" de tirar as economias de casa sendo que ela nunca confiou em banco ou em andar com dinheiro, e também a expressão despreocupada e odiosa que ela carregava estampada no rosto. Eu não sabia mesmo por onde começar as perguntas.

_Megan se despede de Ester, vamos passar uns dias na casa de seus avós ! -Disse mamãe mais eficiente que um advogado.

_Ester, sinto muito por tudo. Te ligo quando chegar. -Falei lhe abraçando deixando as lágrimas assustadas descerem sobre meu rosto.

_Não sinta Hinna, não é culpa sua, eu vou ficar na casa da Cecília, e você só se preocupe em ficar bem. Me ligue quando puder e quiser falar. -Contribuiu o abraço com muito carinho.

_Até ! -Falei entre lágrimas.

A minha maior preocupação era saber o que meus pais sabiam sobre isso, e o que eles iriam fazer, já que aquilo com toda a minha certeza não foi um acidente ! ...

PSICOPATA NAS SOMBRASOnde histórias criam vida. Descubra agora