A herdeira - LEMBRANÇAS

Um bebê a caminho

São dez da noite, Killian e eu estamos na varanda da frente de casa, observando a rua deserta e mal iluminada. Eu estou sentada em seu colo e nós estamos tomando uma taça de vinho para estriar a cabeça, pois ambos conseguimos ficar de cabeça quente hoje a noite, a notícia que Leiah nos deu fez com que eu quebrasse algumas taças de cristal na minha casa e Killian desmaisse por alguns minutos.

- Está preocupado não é? - pergunto ao meu marido quando percebo que ele não falou nada desde que sentamos aqui.

- Tem como não ficar? - ele pergunta.

- Não - respondo sorrindo fraco enquanto brinco com a minha taça de vinho.

- Não é a vida que eu sonhava pra ela - confessa em suspiro.

- admito que penso o mesmo, mas não há muito o que fazer agora - dou de ombros - por um lado, estou aliviada em saber que ela tem a gente. Ser mãe é uma grande responsabilidade, mas vai ficar mais fácil quando ela perceber que ela não está sozinha.

Ele me olha de maneira compreensiva e então completa.

- Como você estava.

Suspiro.

- É.

- Você nunca me contou essa história - diz me olhando sereno, seus olhos azuis parecem que nunca vão mudar. É claro que pegamos uma certa idade, faz 18 anos que estamos juntos, sendo que 17 anos estamos casados no papel passado, Killian e eu já temos alguns cabelos brancos, mas os meus ficam menos visíveis por causa do cabelo loiro.

- Que história? A de como eu quase abortei meu filho?

- Essa mesma.

- Killian, porque quer saber? - pergunto me sentindo desconfortável, falar sobre isso era muito doloroso para mim.

- Curiosidade Swan - ele responde - Apesar de ser cabeça quente...

- Fala como seu eu fosse a única dessa casa a ficar assim - digo com falsa indignação - E os seus escândalos por causa das fases aborrecentes dos gêmeos - jogo na cara.

- Pelo menos não sou dramático - ele diz arqueado a sobrancelha, sua marca registrada.

- Eu sou dramática? - pergunto sorrindo mas com o cenho franzido tentando entender porque ele falou isso.

- É. Você é - ele diz com seu sorriso convencido, uma mistura perfeita com seus olhos azuis.

- Quando? - perguntei olhando para ele, eu já estava com o pescoço dolorido, mas não queria sair de seu colo.

- Um exemplo? O dia em que Henry saiu de casa.

5 anos atrás...

Estacionei o carro na rodoviária e olhei mais uma vez para os bancos traseiros percebendo o quão triste era ver que apenas Leiah e Liam estavam ocupando aqueles lugares. Parece dramático eu sei, mas não está sendo fácil para mim saber que meu filho está mais do que independente, saindo de casa para morar em nova Iorque.

Tem como ficar pior?

TEM!

Grace estava indo junto, pois ela arrumou um emprego por lá para poder ficar com Henry. Isso fazia com que os dois estivessem praticamente se casando, afinal morar junto é o mesmo que casar, só que sem estar de papel passado.

Henry conseguiu um contrato com uma editora famosa na cidade que nunca dorme, seu primeiro livro foi aclamado pelo New York Times, e os outros que vieram conseguiram acompanhar o mesmo sucesso, alguns até maior.