Capitulo 3

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Quando ele saiu, finalmente pude respirar normalmente, mas me deparei com dois olhares muito curiosos em cima de mim. Sabia que a seguir viria uma bomba de perguntas em cima de mim.



- Com o que exatamente você estava distraída, menina? - perguntou a minha tia.



- E quem era aquele homem que mais parecia um deus? - perguntou minha mãe, animadinha demais pro meu gosto.



- Ninguém demais, mãe. Menos, por favor! E tia, eu só fui olhar, porque ouvi uma movimentação e pensei que o carro estivesse vindo. Não é isso que fazemos quando vamos atravessar a rua? - respondi por fim, tentando desviar das perguntas.



- Tudo bem, tudo bem. Só ficamos curiosas. - respondeu mamãe com a curiosidade estampada do seu rosto.



Só uma coisa que eu fiquei muito curiosa pra saber, que não consegui perguntar desde que entrei em casa sendo carregada.



- Tia, de onde você conhece o Enzo? Se não me engano esse é o nome dele...



- Eu trabalho pra ele, minha filha. Trabalho na empresa que era do pai dele desde que ele era apenas um menininho. - respondeu ela com um sorriso nostálgico.



Agora tá tudo explicado. Então, pela cara de surpresa dele, ele não sabia que ela tinha uma sobrinha nem que ela estava morando atualmente com ela.



***


Depois do episódio da sala, fui para meu quarto tomar um banho e colocar gelo no meu tornozelo.



Depois do banho tomado, e com o gelo devidamente em cima do meu tornozelo - que já estava dando pra andar quase que normalmente -, resolvi dar uma olhada nas minhas redes sociais. Até porque não sou de outro planeta, meu amigo.



Depois de umas horas mexendo no notebook, já ia dar 01:30 da manhã e estava um vento bem fresquinho, quando resolvi ficar um pouco na varanda já que estava sem sono.



Fiquei ali, sentindo aquele ventinho maravilhoso soprando em meus cabelos. Até fechei os olhos para pensar que no final iria ficar tudo bem.



Era barulho de passos, abrir de armário, fechar de armário, resmungos e palavrões. Abri os olhos e me deparei com um corpo alto na minha frente que logo se abaixou para me encarar.



- Você acordou? Levante, preciso de um favor - me sentei no que eu sentia ser um sofá e ele me entregou uma sacola grande e um casaco.



- Caleb, o que você quer? Atrapalhou meu sono e ele era um meio de te ignorar.



- Quero frutas, lá fora tem muitas. Vá.



Sai da pequena cabana e andei pelas folhas até me afastar da cabana. Uma macieira grande encontrei no caminho, parei para colocar o casaco e no mesmo instante ouvi vozes e uma delas chorava. Com a curiosidade aguçada, sai de trás da árvore e um pouco distante dali tinha um homem bem grande, vestido de preto e parecia assustar a menina - que devia ter por volta de 20 anos - pois ela chorava e estava machucada. Andei para trás, mas senti meu pé quebrando um galho, que no silêncio do lugar, chamou a atenção das duas pessoas que estavam a minha frente. O Homem - com o capuz cobrindo seu rosto - me encarou e senti meu corpo entrando em estado de nervo, até que a jovem sai correndo quando ele não está a olhando e vira de frente para mim. Não conseguia me mover, parecia que meu corpo tinha pregado no chão e minha boca costurada, senti um baque - de algum jeito cai no chão - e tentei me mover para trás, vi que não tinha uma saída rápida quando meu corpo se encontrou com o tronco da árvore e o Homem apareceu na minha frente. Ele foi se aproximando aos poucos e se abaixou devagar a minha frente. Meu rosto tinha lágrimas e eu senti que não respirava.



- Lugar errado na hora errada.



Acordei assustada e suando demais. Não entendia por que aquele pesadelo voltou a me assombrar depois de tanto tempo. Com uma certa dificuldade me levantei e andei até o banheiro para jogar uma água no rosto. E vi o que não queria ver. Um rosto culpado. Com o olhar preso no espelho não me reconhecendo mais. Em que eu havia me tornado? Que tipo de monstro eu era?



Não me lembro exatamente em que parte, mas me peguei chorando como há muito tempo já não fazia mais. Toda aquela angústia voltou com força total e eu já não sabia mais se poderia esconder ela por mais tempo.



Olhei novamente para o espelho, na esperança de respirar fundo e fingir que nada daquilo aconteceu e me deparei com os olhos de uma pessoa quebrada.



E por que aqueles olhos me perseguiam sempre? Aquele brilho eu jamais vou esquecer. Um brilho feroz, um olhar gélido, sem medo, sem um pingo de pena. Ficou marcado em mim como se eu fosse marcada a ferro quente. E por que eu sentia como se, mais cedo ou mais tarde, eu fosse encontrar ele novamente? Só de ter esse pensamento me dava calafrios.



Peguei um pouco de água gelada e passei na minha nuca, respirei fundo, me olhei no espelho e já tinha passado toda aquela transparência. Vesti minha máscara diária e saí do banheiro.



Olhei no relógio, já eram quase 8:00 da manhã, então resolvi descer e tomar meu café da manhã. Assim que desci ouvi barulho de conversa vindo da cozinha e já sabia que minha mãe e minha tia já estavam tomando seu devido café.



- Bom dia mulheres de minha vida! - disse sorrindo.



- Bom dia, minha menina, vem aqui dar um beijo em sua mãe. - dei o beijo e arrumei um lugar para sentar.



- Bom dia, minha querida. Pensei que fosse acordar mais tarde. Vocês, jovens, dormem até tarde sempre que podem. - sorriu e voltou a se concentrar em passar a manteiga no pão.



- Perdi o sono. - cortei, não querendo entrar em detalhes e recebi um olhar curioso de mamãe, mas preferi também ignorar. - Então, o que vocês estavam falando antes que eu chegasse? Porque percebi que estavam animadas.


- Sua mãe estava falando até agora sobre o Enzo. Ela realmente ficou encantada com o rapaz.



- Vocês que me desculpem mas aquele homem é um pedaço de mau caminho. Se não, o mau caminho inteiro. - comentou mamãe sorrindo e ficando vermelha.



- Eu não achei nada demais. Estava mais ocupada com meu pé. - por que ela sempre tinha que tocar nesse assunto e ficar babando por esse cara? - Então, tia, a senhora vai ver o emprego pra mim?



- Vou sim, minha querida. Por falar nisso, já estou de saída, preciso chegar cedo e arrumar as papeladas. - falou se levantando e colocando a louça na pia.



- Tudo bem. Qualquer coisa, a senhora me liga, ok?



- Pode deixar, ligo sim. Beijo, meninas! Se comportem, hein?! - disse sorrindo e saindo da cozinha.



E o que eu mais temia aconteceu. Minha mãe começou a falar.



- Você também ficou afetada com o bonitão e nem tente me enganar, pois eu conheço você. - revirei os olhos e continuei meu café.



Agora só me faltava esperar a resposta da minha tia.

...
Me desculpem pelo cap ser pequenininho tive alguns problemas e por isso não pude postar antes.

E sobre as postagens pretendo postar aqui de 2 a 3 vezes na semana assim que possível e ainda não tenho um dia certo :(

Espero que gostem!!

Então ate qualquer dia dessa semana ainda! 🙏 hahaha

Des(conhecido)Onde histórias criam vida. Descubra agora