Capitulo 6

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Quando acordei, já era de tarde e não tinha vontade alguma de levantar. Olhei pro teto e pensei no que aconteceu ontem à noite. Foi tudo extremamente bizarro. A forma como aquele monstro apareceu, como o Enzo tomou conta da situação, como ele supostamente tomou conta de mim.



E sentir todo aquele medo em mim de novo, era como se meu passado viesse a tona novamente. Foi horrível.



Estremeci com o pensamento e quando virei pro outro lado da cama, tomei um susto com o Enzo sentado a beira da cama. Olhei confusa e me movi embaixo do lençol, e ele finalmente percebeu que eu acordei.



- Finalmente acordou. Achei que ia ter que te levar ao médico de novo. - disse sorrindo de lado. Por que ele tinha que fazer isso?



- O que faz aqui? - perguntei incomodada, me sentando.



- Vim ver como você estava e saber o que aconteceu na boate pra deixar você daquele jeito... Achei muito estranho a forma como aquele cara olhou pra você. E a forma como você ficou parada sem fazer nada, achei que realmente tinha algo errado.



- Não tem por que se preocupar. Só me assustei com ele pegando no meu braço. Não foi nada, eu juro. - essa conversa estava indo para um lado que eu evito há muitos anos e isso me incomodava demais.



- Como assim não foi nada, Helena? Você desmaiou logo que saiu daquele lugar e não acordava por nada. Todos entramos em desespero. Até perguntei a Júlia se ela conhecia o cara que te parou, mas ela nem chegou a ver o cara. - ele estava realmente indignado e eu não tenho certeza se gosto disso ou não.



- Eu disse que não foi nada. Esqueça esse assunto, por favor. - já estava quase implorando pra ele não tocar mais nesse assunto.



- Por agora não vou tocar mais nesse assunto, mas você ainda vai me explicar o que realmente aconteceu naquela noite.



- Uma coisa que não entendi foi o seu interesse nisso tudo. Foi apenas um cara que tentou forçar a barra comigo, isso sempre acontece nas baladas. - bradei incomodada com as atitudes dele, apesar de ficar extremamente agradecida. Porque se não fosse pelo Enzo, eu já nem sei o que seria de mim.



- É exatamente por isso que eu intervi. Já estou cansado desses caras que só querem abusar da mulher sem o consentimento dela. Tenho nojo dessa raça de homens. Bom, já vou indo, só vim ver como você estava.



Ele se levantou e foi caminhando em direção a porta.



- Enzo, obrigada por ontem. - disse sem graça e esperando sua reação.



- Não foi nada, da próxima vez, tome mais cuidado.



Então, ele saiu e eu me vi finalmente sozinha com um turbilhão de pensamentos. Como Júlia estaria? Vou ter que explicar a mamãe e titia sobre ontem. E contando pra mamãe, ela ficaria mais preocupada com isso e não seria nada bom para seu estado de saúde e era isso o que mais me preocupava.



O sábado e o domingo foram dias tranquilos, passei o resto do sábado com uma Júlia me pedindo desculpas o tempo inteiro. E eu falando que não era culpa dela e realmente não era.



Tadinha, fiquei com pena dela.



Depois de um tempo, fomos na rua comer besteiras e ficamos conversando.



- Aí, quando você foi no banheiro aquela noite, eu tava de olho em um gatinho, me desculpa mesmo por não ter ido, me senti mal demais, depois. - falou a Júlia olhando para o seu milk shake.



- Você não teve culpa de nada, Júlia. Para de se culpar, a culpa foi somente do cara que não sabe respeitar ninguém! Enfim, vamos mudar de assunto, porque eu não quero mais lembrar daquela noite. - já até tinha perdido a fome com aquele assunto novamente na minha cabeça, me deu um embrulho no estômago.

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