Triste acontecimento

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Capitulo 1

Lana

Moro com meus pais e minha irmã de 4 aninhos numa cidade litorânea chamada Cananéia, aqui é uma cidade pequena e o único point é a praia. Eu e meus amigos fazemos tudo junto desde quando éramos pequenos. Crescemos na mesma rua e nosso circulo de amigos é formado por mim, minha melhor amiga Victoria o irmão dela Jonas, que é dois anos mais velho que nós duas e tende a ter uma super proteção quanto a nós, que me irrita um tanto, mas fora isso, eu o amo. Tem também no grupo o Nicolas e o irmão dele Raul. Nicolas tem a mesma idade de Jonas, e Raul a mesma que Vic e eu. Eu e Raul estamos namorando. Ele cursa o ensino médio junto comigo, é muito engraçado, adora tirar sarro das pessoas é o palhaço da turma. Ele é lindo, forte, tem os cabelos loiros, lisos com uma franja jogada de lado que me encanta e tem os olhos de um azul intenso. Ele e Nicolas se parecem muito, a diferença é que Nicolas tem o cabelo raspadinho.

Isso de irmãos se parecerem é comum no nosso grupo já que Vic e Jonas também são super parecidos, Jonas é moreno, alto, com cabelo negro com corte baixinho penteado de lado. Vic tem a mesma altura que eu mais ou menos 1,62, mas desde criança eu sempre digo que sou mais alta que ela. Os olhos negros dela e de Jonas são lindos e iguais, com cílios incrivelmente cheios e negros. Os dois eram lindos. E minha irmã de 4 anos é a minha miniatura.

Esse ano, nossa turma estava em um lual. Eu e Raul já namoramos há alguns meses e ele resolveu preparar uma surpresa. Num canto afastado da praia e da galera, numa cabana com rosas e champanhe, ele tinha preparado a noite perfeita para termos nossa primeira vez. Foi incrivelmente romântico, como eu sempre sonhei que seria. Mas quando voltamos da barraca pra encontrar a galera na fogueira, Jonas estava com uma cara horrível, muito bravo comigo. Alguém tinha que lembrar esse garoto que ele não era meu irmão que a irmã dele era a Vic.

Raul e eu estávamos namorando há seis meses e desde o começo do namoro não nos desgrudávamos, sempre estávamos reunidos com a turma, mas sempre vivendo nosso mundo paralelo. Percebi que o mau humor de Jonas ao nosso relacionamento não melhorou com o tempo, o que era motivo de muitas risadas da Vic e dos meninos que o provocavam falando pra ele esquecer a irmãzinha mais nova (no caso eu). Mas ele sempre deixava claro que eu não era a irmã dele que ele só estava tentando cuidar de mim. Cuidar do que? Ele me irritava! Mas ao mesmo tempo eu adorava vê-lo cuidando de mim.

Os alunos do terceiro ano prepararam uma festa de despedida da escola ao por do sol na praia, mas como era em local público apareceu por lá um pessoal diferente do que estávamos acostumados a encontrar no nosso point, uns surfistas mais velhos com umas caras bem estranhas, além de estarem muito loucos de droga. Nicolas e Jonas que eram do terceiro ano convidaram Vic, Raul e eu, mas como eram os mais velhos já vieram com suas regras de não chegarmos perto da arrebentação e das pedras onde estavam os caras estranhos. Como era pra ver o por do sol não tinha como não nos empoleirarmos nas pedras, então eles concordaram em nos deixar ir até lá.

As pedras formavam um penhasco em forma de "U", em que as ondas arrebentavam. Todos se acomodaram no penhasco para ver o por do sol, mas aqueles estranhos que estavam muito loucos de droga decidiram que ficar em baixo do penhasco, onde as ondas arrebentavam era mais divertido. Então eles desceram com as pranchas e ficaram lá se esquivando das ondas que chegavam.

Ninguém estava confortável com a presença deles e todos decidiram ignorar, mas eles estavam tão loucos, que estava engraçado eles perdendo as pranchas para as ondas e nem conseguindo se segurarem em pé, que todos riam e claro que Raul com sua mania de tirar sarro de tudo não conseguiu ficar calado, toda a vez que algum deles perdia a prancha pra onda, ele gritava com as mãos em concha na boca:

-Um a zero pra onda- E dava risada, enquanto os estranhos não respondiam, mas se cutucavam com o ombro e apontavam com o queixo para Raul.

-Raul pára, você não conhece essas pessoas – advertíamos eu e Nicolas o irmão dele, mas não tinha jeito ele também tinha bebido um pouquinho e estava mais do que alegre.

O por do sol se concluiu, as pessoas aplaudiram o espetáculo e começaram a juntar as coisas pra ir embora.

Raul estendeu a mão para mim com um floreio desnecessário, se curvou em reverência e falou:

- Aceite minha ajuda para se levantar senhorita!

Eu ri e peguei a mão dele, e com o apoio pulei, passei os braços no pescoço dele e o beijei. Jonas que estava do lado nos separou e mandou que parássemos com essa melação toda. Serio! Coitada da Vic quando começasse a namorar, o Jonas não dava trégua. Eu larguei o Raul e pulei abraçando o pescoço de Jonas dizendo:

-Então vou agarrar você ciumentinho.

-Para com isso Lana! –Ele disse se soltando.

Todos Rimos.

Nicolas, Vic, eu, Raul e Jonas nos viramos para ir embora quando ouvimos um assobio alto e um grito

-Ei loirinho juiz. -Falou a voz enrolada do estranho que horas antes estava lutando contra as ondas para segurar a prancha.

Viramo-nos e Raul olhou para os lados e colocou o polegar no peito em pergunta se era com ele que eles estavam falando, quando viu que era ele perguntou:

-Juiz?

-Sim juiz, você não era o que estava julgando o placar de quantas vezes a onda me tirava a prancha? Então você era o juiz. - Disse o rapaz com um cabelo oleoso, preto e comprido na altura do ombro. E ele estava com cara de pouquíssimos amigos. Puxei o Raul para seguirmos embora, mas ele queria responder.

-Foi mau cara, só estávamos brincando e nos divertindo. – falou ele com as mãos pra cima em sinal de rendição.

-Então você estava se divertindo as minhas custas? Agora é a minha vez de me divertir as suas. – Nesse momento vi tudo em câmera lenta, o cabeludo estranho tirou do cós da bermuda de surf uma arma e atirou no peito de Raul, que caiu para trás com o impacto. Os estranhos saíram andando como se nada tivesse acontecido, as demais pessoas saíram correndo para se proteger, enquanto eu, Vic, Jonas e Nicolas nos ajoelhávamos em volta de Raul, tentando cura-lo. Eu gritava por ajuda, Vic estava paralisada de joelhos no chão, Jonas estava tremulo com as mãos na cabeça, os olhos com ódio e tristeza, enquanto Nicolas chorava chamando o irmão e pedindo para ele ser forte que a ajuda já vinha. A ajuda chegou tarde demais.

*

Todos da nossa turma estavam no velório do Raul, estávamos desconsolados os pais dele e Nicolas não falavam só choravam. Vic e Jonas estavam tão tristes quanto Nicolas, já que todos éramos como irmãos. Tentei ser forte, mas eu estava afundada numa tristeza sem fim.

Raul e eu namorávamos há quase um ano, demoramos tanto para assumir que nos gostávamos e agora ele se foi. Desde o nosso inicio de namoro éramos só grude um com o outro e agora como eu viveria sem ele? Como será nossa formatura sem as palhaçadas dele?... Eu não sei o que será, só sei o que eu serei... Eu serei infeliz.

Os dias se passaram e os responsáveis pelo crime foram presos, e em todas as reportagens o assassino apresentava uma frieza que me dava calafrios. Minha família fazia de tudo para me animar, mas nada mais me fazia feliz.

Nicolas estava tão miserável quanto eu, Vic e Jonas tentaram nos animar sem sucesso. Então nossa vida se resumiu em ir pra escola e voltar para casa, já que nem nos reunir conseguíamos, porque sempre que estávamos juntos, era como se faltasse um pedaço de nós, e faltava, sentíamos falta dele, Raul.

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DEGUSTAÇÃO Um destino para doisOnde histórias criam vida. Descubra agora