Worst Behavior

First

No dia 29 de outubro de 2014, algo aconteceu.

Eram nove horas da manhã quando a família Bittencourt degustava belos croissants, a sirene passou alvoroçada pela Yophot Avenue.

Tinha acontecido algo, e todos daquela vizinhança sabiam. Só não esperavam que fosse algo tão... chocante.

Todos sabiam que havia acontecido uma festa enorme na casa dos Posseau, organizada pela futura médica e filha pródiga Ambrosina. E como todas as pessoas daquela cidade, Michele a conhecia.

De fato, haviam motivos para todos saberem sobre a festa.

Uma semana atrás, no mesmo horário, praticamente todas as famílias daquela cidade estavam dando uma bisbilhotada no jornal local. E lá estava, em negrito, o convite para a festa que a Sra. Posseau daria.

"É uma honra convidar os cidadãos de Blihes Town para uma festa comemorativa da volta de Jean Posseau."

Jean havia voltado do Afeganistão com o intuito de voltar para sua família por um curto espaço de tempo. Isso quer dizer que, ele voltaria.

Ao lado do convite no jornal, havia o endereço, data e hora. Já era comum para os membros daquela família fazerem festas e convidar todos os cidadãos da pequena cidade da França.

Todos ali se conheciam, então, possivelmente, não tinha nenhum perigo ou ameaça naquilo.

Os Bettencourt se assustaram com a sirene ensurdecedora. Michele, que ainda estava com enxaqueca da noite passada, esfregou as têmporas para aliviar a dor, enquanto Clair ergueu o olhar, curiosa.

Dificilmente aquela sirene se acendia, aquilo só costumava acontecer quando o assassino da família Harcourt estava fora das grades.

O assassinato Harcourt, assim conhecido, havia sido empoderado dois anos atrás. Gaston e Genovieve haviam sido encontrado mortos com uma flecha no peito cada um. O filho deles, Leron, foi dado como desaparecido dois dias antes da morte dos pais.

A polícia desconfiava dele como o assassino, pelo fato de que os fatos se juntavam e o mesmo praticava arco e flecha no Hootog Square.

Mas aí, ele apareceu morto. E estava em estado de decomposição, segundo a autópsia, desde dois dias antes do homicídio dos Harrison.

O delegado Nichol teve a insatisfação de fechar os olhos do casal, que estavam arregalados, mesmo depois da morte.

O assassino não podia ser o Leron. Então, o verdadeiro assassino estava de volta?

Quando Clair Bittencourt abriu a porta de casa, encontrou algumas pessoas saindo de suas casas para fazer o mesmo que ela; fofocar.

A mãe de Felicité morava em frente à casa de Michele, e por coincidência, também havia posto sua cabeça para fora da janela para dar uma olhada no carro de polícia estacionado visivelmente à dois quarteirões da avenida.

Havia pontos positivos em morar em uma esquina, talvez.

Quando a mesma viu Clair, chamou-a com a mão. Ela fechou a janela e em seguida abriu a porta para a Sra. Bettencourt entrar.

- Salut! Comment ça va? – Jasmin abriu os braços para aconchegar Clair em uma confortável demonstração de afeto.

- Trés bien. O que foi aquela sirene, minha querida? Algo aconteceu?

- Provavelmente sim. Mas nada que seja do meu conhecimento. – ela assentiu com a cabeça, sentando-se no sofá extenso que habitava a ampla sala de estar que a amiga tinha. – Onde está seu casaco? Faz frio lá fora!