1- O primeiro encontro

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Ouve dias em que pensava que minha vida era horrível. Com uma mãe solteira e ausente cresci me sentindo sozinha, vivi 17 anos da minha vida praticamente sozinha nessa casa vazia e solitária. Mas agora eu sei que não é minha vida que é horrível, bem, é minha família... Ou quase família.

Minha convivência e a não convivência com minha mãe (que no caso é minha única família) é horrível.

Por exemplo, agora, encontrava-me na cozinha de casa, olhando fixamente para o bolo de aniversário que eu mesma tinha feito.

Eram quase meia noite e mamãe esqueceu outra vez.

Ela esqueceu o meu aniversário.

Como ela pode?

Ela não devia esquecer, nenhuma mãe esquece o aniversário da filha... Quero dizer nenhuma mãe, a não ser a minha.

Minha mãe é policial, trabalha para defender a população de roubos, assaltos, assassinatos... Ela quer evitar com que as pessoas de passarem pelo o que eu passei - Eu vi meu pai ser morto por um bandido depois que ele não quis passar as chaves do carro.

Um único tiro tirou meu pai da minha vida, fez a minha mãe mudar completamente e virar policial.

Transformou o meu mundo em algo... Assustador. E solidário. Tudo ficou tão diferente, tão de repente.

E foi assim mesmo, de repente que ouvi a porta da frente se abrir.

Respirei fundo aguardando tudo o que ia vir pela frente. Parte de mim já sabia que algo estava para mudar.

-Oi meu amor - Mamãe me dá um beijo na minha bochecha. - Tudo bem?

Afasto-me. E viro para encará-la...

-Tudo bem... Claro que estou bem. O fato de ter esquecido meu aniversario não é nada... - eu paro de falar e ai, eu o vejo. O garoto usava boné azul que escondia seu cabelo preto, suas roupas estavam amassadas e sujas - vestia uma camisa cinza velha e jeans preto desbotado.

-Quem... É você? - digo rudemente para o garoto na porta.

Estava curiosa de repente para saber quem é esse garoto, e o que ele faz aqui na minha casa.

Ele me avalia com curiosidade - seus olhos descem pelo meu corpo mais de uma vez.

Cruzo os braços meio impaciente e nervosa. Por que ele esta me olhando a final?

Uma mexa do seu cabelo preto estava meio para fora do boné, cobrindo seu olho esquerdo, seus olhos claros em um tom de azul que pareciam tristes e alheios. Mas também atentos, astutos, e ásperos.

-Sou Elliot - ele dá um passo pra frente e estende a mão para mim.

Ignorei seu gesto. Seus olhos não eram azuis, talvez verdes?

Sua expressão era divertida, como se agora ele estivesse tirando a armadura, tirando a tristeza e magoa de seus olhos (azuis esverdeados ou...) cinza.

Ele é atraente, definitivamente atraente e muito bonito - alto com ombros largos.

Senti meu estômago revirar.

E ele esboçou o começo de um sorriso, se divertindo a minhas custa. Ele definitivamente era uns daqueles garotos problema. Problema garantido...

Mesmo assim não consegui ignorar a sensação estranha e boa que senti quando ele me olhou - como se fogos de artifícios estivessem dentro de mim. Ou borboletas...

Quem é esse sujeito? E por que me sinto assim? Nunca senti isso antes.

-Você deve ser Vick - ele diz meu nome como se fosse o desfecho de uma piada.

Apaixonada pelo InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora