Meu nome é Daniel Johnson, mas só Danny já serve. Tenho treze anos e até pouco tempo atrás era aluno no Instituto Saint Clair, um internato ,no leste da Pensilvânia, que algumas pessoas gostam de chamar de "Centro de reabilitação para jovens problemáticos".
Na minha sincera opinião, não me acho um jovem problemático. Quer dizer, não deve ser tão incomum alguém ser expulso de , pelo menos, dois colégios por ano.
É tudo questão de estar no lugar errado, na hora errada e com poucas testemunhas a seu favor. Na verdade, nenhuma testemunha a seu favor.
Apesar da rigidez, o Saint Clair não era tão ruim. Havia sim uma cobrança muito grande nas notas e no comportamento, porém existiam métodos específicos de ensino para crianças com TDAH - Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade -, dislexia e afins.
No meu caso, era somente dislexia mas alguns alunos da minha turma tinham TDAH, enquanto outros mais desafortunado tinham ambas.
Depois de ser expulso de vários colégios, o Instituo Saint Clair foi o colégio em que me adaptei melhor. Isso se deve a dois fatos importantes:
O primeiro é que esse foi o terceiro colégio em que estudei junto do "Galã de Tv", Jeff Owen. Isso graças a uma reunião de pais e mestres onde nossos pais se conheceram e que, por algum motivo, criaram uma forte amizade repentina.
Durante as férias, nossos pais nos levaram a alguns lugares na área dos três estados, e depois de tantos passeios, conversas, conflitos, e outros absurdos mais, Jeff acabou se tornando meu melhor amigo. Talvez o único na época.
O segundo fato foi que Laura Marigold, a nova namorada do meu pai, foi promovida a vice-diretora do Instituto Saint Clair e não só conseguiu uma vaga pra mim, como também para Jeff e ainda nos colocou na mesma turma. A turma da Sra.Hook.
Durante algum tempo as coisas eram um tanto monótonas, acredito que é sempre assim quando se começa a frequentar uma escola nova. Quer dizer, na maioria dos casos pelo menos.
Jeff claramente fazia parte da minoria.
Em no máximo duas semanas ele já tinha feito várias amizades. Era como se ele tivesse uma "luz especial" sobre si. Um grande holofote de popularidade. Todas as garotas caiam de amor. Todas, exceto Sally Stewart.
Sally fez seu primeiro contato conosco na tentativa de pregar uma peça. Não deu muito certo. No fim, nós três acabamos bons amigos e um garoto acabou com a calça molhada.
Além de Sally, acabei fazendo amizade com Aaron Rhader, o garoto que divide o dormitório conosco. Durante as primeiras noites ele se manteve quieto, mas de tanto ouvir minhas conversas, discussões e até mesmo as brigas com Jeff, ele acabou se metendo em algumas e antes que se pudesse perceber ele já era parte importante de cada um de nossos debates noturnos.
Mesmo tendo passado alguns meses, pela primeira vez, nada de estranho aconteceu.
"O que de estranho poderia acontecer?"
Bem, não sei se isso pode parecer estranho, mas um ano antes de me encontrar com Jeff, no colégio onde estudei, ocorreu um incêndio. Nada muito grande, mas o suficiente para torrar um garoto preso no laboratório de química.
Não recordo perfeitamente dos detalhes, mas lembro de uma mulher de jaleco saindo da sala e de um barulho vindo da cabeça dela. O estranho era que parecia o sibilar de uma serpente. O que não faz o menor sentido, considerando que os únicos espécimes do laboratório estavam inanimados dentro de pequenos frascos.
Até hoje não tenho muita certeza de como sobrevivi, mas pelo o que meu pai disse, eu tive muita sorte, algo relacionado a chuva num dia com previsão pra sol. Parece que durante a chuva as janelas se escancararam e a forte torrente manteve o fogo afastado de onde eu estava caído.