Eu escolhi a vida - crônica
Eu escolhi a vida, a minha vida.
E não quero que ninguém pense que foi ou que está sendo a decisão mais fácil.
Eu sei que esperavam mais de mim, mais coragem, mais força.
Mas mesmo assim, escolhi a vida.
E por conta disso eu venho sofrendo perseguições. Acredita?
O esperado era que eu, como mulher aguentasse tudo com força e coragem. Mas eu falhei, eu não consegui, eu perdi. Ao que parece, não sou tão corajosa como pensam que sou, não sou tão forte ou SÁBIA.
O ser humano aqui, saiu do padrão, saiu do esperado, do plano de vida.
Eu só posso pedir desculpas. Sei que eu era um exemplo de força, um exemplo de luta, de mulher, cristã e tantas outras expectativas que foram depositadas em mim.
Eu sei que sou uma pessoa pública, sei que minha vida é conhecida dentro e fora do Brasil, meus textos, artigos e poesias lidas ora ou outra, um exemplo. Sei que minhas histórias são conhecidas como se eu fosse um personagem literário de um livro de aventura que é Best Seller do New York Times.
Por isso mesmo eu peço, lembrem que por trás desse esteriótipo que criastes de mim, ainda há um ser humano. Ainda há alguém que sofre, que chora, sente dor, rala o joelho e estilhaça o coração.
Quantas vezes eu recebi mensagens de pessoas dizendo que queriam ser eu?
Sabe, se eu pudesse, eu permitiria que cada um dos meus perseguidores pudessem ser eu POR UM DIA. Quem sabe assim eu me tornaria humana aos seus olhos? Digna da dor, de sangrar como os outros seres humanos.Queridos, eu cansei de lutar pelo direito de ser humana, de ser tratada como tal. Cansei de esperarem que eu seja Santa ou cega, surda e muda as minhas próprias dores.
Eu cansei das indiretas, das mensagens inbox, das ligações e mensagens no WhatsApp indignadas por eu ferir suas expectativas. EU CANSEI.E eu poderia agora mesmo escolher outro caminho que não fosse o de viver a minha vida. Mas me sobrou um pouco de coragem e força que tem sido alimentada pela FELICIDADE que venho vivendo.
A felicidade de poder estar ao redor dos meus verdadeiros amigos, de poder me sentar ao bar, e dissertar sobre a vida e coisas não tão importantes assim; a felicidade de poder sair, vestir o que eu quiser, usar a maquiagem que eu quiser, arrancar suspiros, olhares. A felicidade em descobrir que sou bonita, que desperto desejo, de saber que para alguns não é necessário que eu mude, que me encaixe em algum padrão, sou a imperfeita perfeita, um ser humano como todos os outros.
A felicidade em descobrir a autoestima, de não ser cobrada e se ver preocupada com a própria saúde, com vontade de VIVER e viver bem e saudável.
Hahaha
É o amor próprio! Eu o descobri ao tentar me respeitar, ao me dar um tempo, ao decidir mudar, ao por minhas garras pra fora, ou não me calar, ao não aguentar calada.
Eu peço perdão aos que não concordam comigo, não peço que aceitem minha opinião, meu novo eu. Peço apenas respeito. Peço que tentem olhar para esse ser que descobriu SER HUMANO com outros olhos, que tentem entender e se não puderem, que possam ao menos RESPEITAR.Obrigada.
Com amor, o ser HUMANO,
Camila Alves Feldhaus, nascida, criada, empoderada, mudada e nova adepta a VIDA.