Prólogo

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Esta casa estava mais movimentada do que nunca. Pessoas andando em pânico de um lado para o outro. Alguns sentados no sofá olhando um mapa de Nova York e dos estados mais próximos enquanto outro colocavam pequenos pauzinhos com bandeiras vermelhas sobre algumas cidades ali assinaladas. Eu permanecia longe, apenas vendo o desenrolar da situação, encostada no balcão da cozinha de Arthur sem saber direito o que fazer.

Alguém bateu na porta e como eu não vi ninguém se mexer no sentido da mesma, eu própria o fiz. Andei até lá tentando não esbarrar contra nada nem ninguém, principalmente os vasos chineses pintados à mão caríssimos pelo qual Arthur tinha uma paixão inigualável.

- Estamos atrasados, Srt. Stockler? - Horus, que, como sempre, vestia o seu terno clássico, esava parado do outro lado da porta segurando a mão de Miriam, sua recém noiva (para não dizer a sétima em questão de poucos anos).

- Não. - Dei um passo para trás, deixando a passagem livre para que passassem e dei um pequeno sorriso, como forma de os cumprimentar. Eles eram apenas mais uns vestido de gala dentro de uma casa luxuosa onde estava correndo a maior barafunda, não adequada para aquele tipo de vestimenta.

- Srt. Stockler? - Senti uma mão no fundo das minhas costas, mal acabara de fechar a porta, e rapidamente me virei, encostando as minhas costas brutalmente contra a porta. - A assustei? - Gael sorria para mim enquanto eu via a sua sobrancelha se elevar um pouco, como era seu habito. Relaxei, me afastando um pouca da porta e respirando fundo, passando os dedos pela franja dos meus cabelos loiros que agora cobri-a a minha face. - Aceita uma bebida para acalmar? - Perguntou, com o seu elegante sotaque irlandês atrapalhando as suas palavras inglesas, enquanto esticava um copo de água na minha direção.

- Água? - Questionei em deboche. - Essa é a sua definição de "bebida para acalmar"? Com toda a sua confusão pensei que você fosse me oferecer um copo de tequila ou vodka ou....- O sorriso que estava presente no meu rosto se desvaneceu quando vi Arthur se aproximar de nos em passos rápidos mas firmes. Ao perceber a minha apreensão, Gael fez uma cara confusa, estudando o meu rosto cuidadosamente com o olhar tentando perceber o que estava acontecendo. - Não olhe para trás...- Sussurrei, cruzando os braços sobre o peito e olhando fixo para ele, tentando fingir que não avistara Arthur. Arthur era meu chefe e, esquecendo esse facto, era também meu noivo...há 4 anos. Exactamente, um monte de tempo. Ele era bastante ciumento e detestava Gael, mas como já tínhamos sido pegos "no flagra", não poderíamos fazer de nada para escapar.

- Querida...- Arthur se colocou bem entre mim e Gael, virado para mim. - Se importa de se juntar a nós? - O seu sorriso falso de sempre se desenhou no seu rosto, lentamente, enquanto os seus olhos verdes claros pareciam escurecer à velocidade da luz enquanto passavam todo o meu rosto. - Estamos um tanto precisando da sua ajuda.

- Claro...- Abri um pequeno sorri, enquanto sentia a sua mão agarrar violentamente o meu braço e me puxando para longe de Gael que olhava para nós totalmente confuso.

- O que está fazendo? - Falei entre dentes, tentando soltar o meu braço da sua mão repetidamente, tentando não dar muito nas vistas.

-Sasha! - Senti suas mãos na minha cintura me puxando para trás e poderia ter me desequilibrado se Arthur não tivesse soltado o meu braço e colocado as suas mãos nos meus ombros me apoiando. Me recuperei o mais rápido que consegui e me virei para trás, para encontrar a pessoa inconveniente que tinha feito isto. Um homem um tanto mais alto do que eu, de pequenos olhos castanhos mel, cabelos castanhos num topete e barba por fazer sorri para mim e quando percebi quem era retribui um sorriso, o envolvendo com meus braços.

- Bom ter você de volta, Marlon. - Arthur dizia atrás de mim.

Marlon é meu irmão mais velho. Ele estava fora do país faz quatro anos e dede então nunca mais o vi. São sacrifícios que temos que fazer pela nossa sociedade.

Ah...certo, "nossa sociedade".

Eu, Marlon, Arthur, Horus, Miriam, Gael, e mais algumas pessoas fazemos parte de uma...como hei de dizer...? Sociedade secreta? Ordem secreta? Não tenho ideia de qual será o termo exacto para nos definir. Não, não somos do mal e não, o nosso objectivo não é chegar ao controlo mundial ou erradicar metade da população mundial. Nos somos um ramo especial dentro do FBI, ou Agência Federal de Investigação, como preferir.

FBI é uma unidade policial do Departamento de Justiça dos estados unidos. Nosso lema é "Fidelidade, bravura, integridade" e é meio dai que vem a sigla FBI. Eu acho que todo mundo sabe disso. É cultura geral.

O que muitos podem não saber é que FBI tem vários ramos ou especializações que são consideradas secretas. Enquanto todo o mundo presta atenção no central, nós, os ramos mais escondidos, agimos por detrás das cortinas.

Nossa sociedade se chama Daylight, nome dado à missão do FBI que levou à nossa criação. Nós podemos ser considerados espiões, policiais, tudo o que vocÊs quiseres. Agimos baseados em filosofia provida da época do Iluminismo no que toca À justiça e nos nossos princípios e quase todos nós somos peritos em pelo menos dois tipos de artes marciais e expert com almas de fogo ou armas brancas.

Arthur, nesse momento, é o "chefe" da nossa sociedade. É ele quem nos comanda, quem nos representa como ramo nas reuniões gerais da central e o nosso mestre de buscas. Aqui todos, ou praticamente todos, nadamos em dinheiro. Podemos dizer que, em muitos casos, somos nós que controlamos a midia e tudo relacionado com ela. Você apenas saberá o que nós queremos que você saiba.

As nossas reuniões são sempre na casa do mestre, neste caso, Arthur e nós sempre nos vestíamos como e fossemos para uma gala, isso era obrigação. Todos aqui são pessoas da alta sociedade. Empresários, alguns cantores, muito poucos actores. A nossa vida era como um campo minado: se alguém descobrisse um de nós, seria cada um por si. E possivelmente em cada passo que déssemos existiria uma bomba pronta para acabar connosco.

Aqui quase todas as mulheres são fúteis, metidas e belas. Eu me orgulho de dizer que não nenhuma das três opções, mas não pense que eu as detesto por serem assim, muito pelo contrario, todas nos somos amigas de anos. Eu me dava bem com todas, mas a minha melhor amiga naquele meio era Luna. Ela era a definição de mulher rica e fútil. Quando estávamos em épocas de paz a única coisa que saia da boca dela era quantas roupas novas ela tinha comprado para ela e para a sua pequena filha Ester depois de ter passado um novo dia inteiro no shopping ou de como tinha gastado mais uns milhões de dollars numa casa nova com campo de ténis e spa particular. Bom, ela poderia ser desse jeito, mas tudo mudava quando se tocava no assunto "Ester". Ela virava uma mulher diferente. Doce, com o sorriso na cara, sem o seu típico nariz empinado, ela era perfeita, uma mãe maravilhosa. A sua pequena estrela tinha apenas 5 anos e, posso confessar, que ela estava se tornando uma pequena versão da Luna, mas eu gostava da pequena garota do mesmo jeito.

Confesso que já tive a minha da típica garota rica e fútil que só se preocupa com o seu próprio umbigo, mas desde que eu conheci Jonathan, três anos atrás, numa missão especial em Londres. Ele me ensinou que eu giro á volta do mundo e não é o mundo que gira à minha volta. Existem coisas bem mais importantes do que eu e eu mesma. Ele me relembrou os valores que eu tinha perdido quando entrei nessa sociedade que me deu a mim e a minha família tudo o que temos hoje. Daylight podia ser como...os cavaleiros templários que invés de guardarem o Santo Graal, protegiam o seu pais, ou seja, um covil de heróis, mas aquilo também nos destruía um tanto, se a riqueza que nos ganhávamos com cada missão nos subisse À cabeça. Nunca mais vira Jonathan depois que voltei para Nova York, e sinceramente, isso não causava qualquer transtorno na minha vida. Eu me dedico a quase tempo integral à minha missão, cuja eu já referir aqui: proteger o meu pais. Eu treino todo o dia e quando não estou treinando, estou comendo ou dormindo. Eu não tenho tempo algum para relaxar, não que isso seja necessário. Ellen e Isis eram as únicas pessoas que me viam quando eu não estava numa reunião da sociedade, excluindo Arthur, é claro. Elas são minha empregadas e também umas das minhas melhores amigas. Humildes, calmas, companheiras.

- Sasha. - Marlon chamou e eu virei meu rosto para cima. - Eu trouxe mais alguém comigo e eu adoraria que você o conhecesse. - Dei um passo para trás, me colocando do lado de Arthur e Marlon deu um passo para o lado, mostrando um jovem alto de olhos azuis e cabelos castanhos claros sorria. Sorriso que logo se desfez numa cara surpresa quando me viu. - Esse é Jonathan. Meu namorado.

The End of the DaylightOnde histórias criam vida. Descubra agora