In our hands

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Fiquei vidrada no homem parado na minha frente. Nunca pensei vê-lo de novo, ainda por cima namorando o meu irmão. Ele não tinha mudado nada, bom...Excluindo a barba que ele deixara crescer. Arthur se afastou de mim e se dirigiu para o andar de cima em passos pesados e firmes, fazendo todo o mundo olhar para ele. Os primeiros a voltar ao que estavam fazendo foram os que estavam reunidos de volta da mesa onde estava o mapa que eu já tinha referindo antes. Lentamente todos voltaram ao mesmo rebuliço de antes, enquanto eu continuava parada olhando Jonathan e Marlon, que tinham enormes sorrisos nos rostos e não paravam de falar, pensando que eu ouvia alguma coisa.

- Só pode ser uma brincadeira! - Ouviu-se uma voz fina explodir, seguida do som de um soco na superfície da mesa.

- Não é. E nós precisamos parar de reclamar sobre a veridicidade disto se queremos tentar resolver este problema. - Gael, que agora estava do lado de Valentina, ou a mulher que tinha acabado de esmurrar a mesa, falava com calma, tocando o braço dela. - Para além do mais, querida, a noticia veio da central. É óbvio que é verdade.

- Eles podem estar enganados, Gael. - Miriam, que agora se aproximava da mesa, defendeu. - Eles se enganaram quando nos mandaram ir atrás daquele espião russo dois anos atrás, e depois foi Sasha que nos avisou que ele estava morto fazia quase uma década. Erros acontecem. Seria melhor ligar-mos para a central para confirmar e...

Vi o olhar de Gael olhar para mim rapidamente e depois voltar a se focar em Miriam com os olhos levemente semicerrados.

- Bom...- Eu cruzei os braços e me virei em direção da mesa, onde todos olharam para mim. - Vamos confessar. Todos nos sabíamos que isto ia acontecer mais cedo ou mais tarde.

- O que aconteceu? - Jonathan perguntou atrás de mim junto com Marlon e eu me virei para eles, afim de explicar, mas logo Luna apareceu do meu lado.

- Louise Abbasie. Esse nome lhe diz alguma coisa? - Jonathan acenou positivamente com a cabeça. - No inicio dos anos 50 ela era acusada de bruxaria na aldeia onde cresceu, era óbvio que ninguém acreditava neles. Nem a policia, nem o governo, nem nós. Magia? - Ela deu uma risada seca. - Quem diria? É real. - Vi os olhos de Jonathan olharem para ela com espanto e depois olharem para mim, como se estivesse em choque. - Ela conseguiu escapar dos subterrâneos da nossa cede e nós temos que a capturar antes que alguém descubra sobre ela. Ela é um dos segredos mais bem guardados do FBI.

Ouviu-se um suspiro pesado e todo o mundo virou a cabeça na direção de Cristal que estava encostada no balcão da cozinha.

- Possivelmente ela agora é uma velha com mais ou menos 80 anos. - Ela colocou uma das suas mãos no pescoço, massajando o mesmo. - Não me parece que ela represente grande perigo. Na minha opinião, todos vocês e a central estão fazendo uma enorme tempestade num copo de água por conta de uma anciã fugitiva e supostamente usuária de magia.

- Não é supostamente. - Afirmou Jackson, que agora se aproximava dela. - Ela é usuária de magia. Eu já fui guarda dela, eu já vi com os meus próprios olhos. Você é nova aqui, garota. - Ele colocou um dedo na testa dela. - Se não sabe do que está falando apenas fique calada.

- Jackson tem razão. - Alan falou calmamente, enquanto se levantava do sofá onde anteriormente estava sentado. - Nós conhecemos o poder dela e magia é real e perigosa. Se Louise fugiu é porque tem algum objectivo e nós precisamos para-la o quanto antes. Ela é poderosa de mais. E, na minha opinião, temos que encontrar alguém que use magia como ela. Ela não pode ser a única no mundo, certo? Nós precisamos matar ela antes que ela nos mate.

- Não podemos mata-la. - Ryan, o nosso segundo chefe, descia as escadas que davam para o segundo andar junto com Arthur. - Infelizmente isso é não é possível, se não alguém já o teria feito.

- Isso é loucura, certo? - Gael cruzou os braços sobre o peito. - Ela não pode ser simplesmente indestrutível. Isso é impensável, para não falar impossível.

- Não é impossível. - Dessa vez foi a minha vez de falar, o que fez todos os olhares se virarem para mim. - Tal como a existência de magia real não é impossível, como quase todos nós aqui já presenciamos. Estamos em pleno 2016. Vamos confessar, quase tudo agora é possível. Eu já vi de tudo aqui. Acho que a única coisa que me falta ver é um Darth Vader que tente construir uma estrela da morte.

Todos ficaram em silencio se entreolhando, possivelmente tentando engolir o facto de que no final estávamos lidando com uma perigo bem maior do que já tínhamos visto antes. Tecnicamente o mundo estava nas nossas mãos agora. O que poderíamos dizer mais? Nada é impossível e isso já foi comprovado perante os nossos olhos diversas vezes. Tudo aquilo em que dizem para você não acreditar, é real. E vocêdeveria nos agradecer por ainda pensar que magia existe apenas em contos de fadas. Existem mais segredos por aqui escondidos do que qualquer um de vocês, crianças, homens, mulheres, teóricos da conspiração, filósofos, podem imaginar.

Acho que já deu para entender que essa historia não é um romance...Bem longe disso...e...

- Então...- Horus colocou um braço por trás das costas de Miriam, os seus olhos verdes estavam presos em Arthur. - O que faremos agora?

Arthur suspirou e olhou para cada um de nós lentamente enquanto falava:

- Precisamos de um plano. - Ele passou uma das suas mãos pelos seus cabelos castanhos escuros. - Mas com tudo isto não vamos conseguir formar um bom plano. Precisamos nos acalmar. Amanhã nos encontraremos aqui de novo e começaremos a planear tudo com calma e cuidado. Mas precisamos ser rápidos. A América e o mundo estão nas nossas mãos.

Ele nunca tinha dito nada tão acertado.  

The End of the DaylightOnde histórias criam vida. Descubra agora