Capítulo I

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-Emme, você se sente mais tranquila com a nova medicação? -A psiquiatra perguntou, me olhando nos olhos.

-Sim, estou sim -menti.

-Emme... não minta para mim.

Suspirei, eu nem tomava os malditos remédios, mas não iria contar isso para ela.

-É verdade -joguei o cabelo para trás, revirando os olhos.

-Sua mãe... -foi interrompida pelo alarme estridente de seu celular, avisando que uma hora e meia havia se passado.

Me levantei da cadeira acolchoada, pegando minha mochila e saindo da saleta abafada.

O motorista esperava na frente do pequeno prédio de onde saí, esperando por mim; eu entrei e ele ligou o motor, dirigindo até minha casa.

Fiquei mexendo em alguns fios do meu cabelo castanho, pensando em Galadriel, meu coelho felpudo, que estava em casa.

Assim que cheguei, abri a porta e subi as escadas até meu quarto irritantemente branco e chato.

Galadriel estava em sua gaiola, como eu havia deixado, comendo alguns dos pequenos legumes picados em sua tigela vermelha.

Joguei meu corpo pesado na minha cama grande e macia, então fiquei olhando para o teto, com um lustre horrível, que minha mãe insistiu por.

Tirei meu chapéu e coloquei na cômoda branca, em frente á uma grande janela.

Ouço algumas batidas na porta, que me tiram de meu leve devaneio.

-Entra -digo.

A maçaneta se vira, revelando Lucy, umas das empregadas da enorme casa, com a pele morena e o cabelo preto.

-Emme, querida -entrou no aposento. -Você não está com fome?

Neguei com a cabeça, não estava com a mínima fome.

-Você precisa comer.

-Já disse que não estou com fome -agarrei o travesseiro.

-Tudo bem, então. Se você quiser comer, estou lá em baixo.

Assenti e fechei os olhos, tentando dormir um pouco, a noite passada foi um tormento, mal consegui fechar os olhos.

Foi quando o meu celular vibrou, era uma ligação da minha mãe.

-Emm, eu não vou poder ir à sua festa de aniversário amanhã, me desculpa, o vôo atrasou -falou.

-O que!? -Gritei. -Mãe, você sempre tem uma desculpa, né!? Você nunca está em casa!

-Filha, me desculpa, eu... eu...

-Talvez, se você tivesse me deixado naquele orfanato para morrer, eu seria mais feliz!

-Emme, eu -tentou falar, mais eu a cortei.

-Era melhor não ter uma mãe do que ter uma mãe que nunca está em casa! -Desliguei o celular e comecei a chorar.

As lágrimas escorriam pelo meus olhos e entravam em minha boca, aberta, soltando um grito ensurdecedor.

Foi quando uma coisa aconteceu.

O vaso em cima da minha cômoda, explodiu voando cacos de vidro para todos os cantos.

Eu fiz aquilo. Eu.

***

Senti uma dor horrível no meu braço que sangrava desesperadamente, um caco havia entrado lá; e bem fundo.

-Lucy! -Gritei, abrindo a porta e correndo até o andar debaixo.

-Sim, Emme? -Falou.Respirei fundo e mostrei meu braço, expondo o estrago.

-Oh meu Deus! Meu santo Deus! -Arregalou os olhos e passou a mão no avental. -Precisamos ir ao hospital, pode ter cortado uma veia importante!

Não existem veias importantes naquele local do braço, mas fiquei quieta.

***

-Você vai ficar bem -falou o médico, enrolando o rolo de gaze no meu braço.

Eu assenti e olhei para o lado, vendo uma garota igual a mim, andando na direção da porta, depois virando á esquerda. Estudos apontam que existem sete pessoas iguais á você espalhadas pelo mundo, só não esperava que ela vivia na mesma cidade que eu!

Emme e RachelOnde histórias criam vida. Descubra agora