-Emme, você se sente mais tranquila com a nova medicação? -A psiquiatra perguntou, me olhando nos olhos.
-Sim, estou sim -menti.
-Emme... não minta para mim.
Suspirei, eu nem tomava os malditos remédios, mas não iria contar isso para ela.
-É verdade -joguei o cabelo para trás, revirando os olhos.
-Sua mãe... -foi interrompida pelo alarme estridente de seu celular, avisando que uma hora e meia havia se passado.
Me levantei da cadeira acolchoada, pegando minha mochila e saindo da saleta abafada.
O motorista esperava na frente do pequeno prédio de onde saí, esperando por mim; eu entrei e ele ligou o motor, dirigindo até minha casa.
Fiquei mexendo em alguns fios do meu cabelo castanho, pensando em Galadriel, meu coelho felpudo, que estava em casa.
Assim que cheguei, abri a porta e subi as escadas até meu quarto irritantemente branco e chato.
Galadriel estava em sua gaiola, como eu havia deixado, comendo alguns dos pequenos legumes picados em sua tigela vermelha.
Joguei meu corpo pesado na minha cama grande e macia, então fiquei olhando para o teto, com um lustre horrível, que minha mãe insistiu por.
Tirei meu chapéu e coloquei na cômoda branca, em frente á uma grande janela.
Ouço algumas batidas na porta, que me tiram de meu leve devaneio.
-Entra -digo.
A maçaneta se vira, revelando Lucy, umas das empregadas da enorme casa, com a pele morena e o cabelo preto.
-Emme, querida -entrou no aposento. -Você não está com fome?
Neguei com a cabeça, não estava com a mínima fome.
-Você precisa comer.
-Já disse que não estou com fome -agarrei o travesseiro.
-Tudo bem, então. Se você quiser comer, estou lá em baixo.
Assenti e fechei os olhos, tentando dormir um pouco, a noite passada foi um tormento, mal consegui fechar os olhos.
Foi quando o meu celular vibrou, era uma ligação da minha mãe.
-Emm, eu não vou poder ir à sua festa de aniversário amanhã, me desculpa, o vôo atrasou -falou.
-O que!? -Gritei. -Mãe, você sempre tem uma desculpa, né!? Você nunca está em casa!
-Filha, me desculpa, eu... eu...
-Talvez, se você tivesse me deixado naquele orfanato para morrer, eu seria mais feliz!
-Emme, eu -tentou falar, mais eu a cortei.
-Era melhor não ter uma mãe do que ter uma mãe que nunca está em casa! -Desliguei o celular e comecei a chorar.
As lágrimas escorriam pelo meus olhos e entravam em minha boca, aberta, soltando um grito ensurdecedor.
Foi quando uma coisa aconteceu.
O vaso em cima da minha cômoda, explodiu voando cacos de vidro para todos os cantos.
Eu fiz aquilo. Eu.
***
Senti uma dor horrível no meu braço que sangrava desesperadamente, um caco havia entrado lá; e bem fundo.
-Lucy! -Gritei, abrindo a porta e correndo até o andar debaixo.
-Sim, Emme? -Falou.Respirei fundo e mostrei meu braço, expondo o estrago.
-Oh meu Deus! Meu santo Deus! -Arregalou os olhos e passou a mão no avental. -Precisamos ir ao hospital, pode ter cortado uma veia importante!
Não existem veias importantes naquele local do braço, mas fiquei quieta.
***
-Você vai ficar bem -falou o médico, enrolando o rolo de gaze no meu braço.
Eu assenti e olhei para o lado, vendo uma garota igual a mim, andando na direção da porta, depois virando á esquerda. Estudos apontam que existem sete pessoas iguais á você espalhadas pelo mundo, só não esperava que ela vivia na mesma cidade que eu!
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Emme e Rachel
General FictionAdotada quando muito pequena, Emme, agora com dezesseis anos passa à viver com a família McKinley. Rica, com tudo o que quer e pode, não é o bastante para ela. Com a solidão e tédio ao extremo, seu único desejo que o dinheiro não pode comprar, é um...