Capítulo I

20 2 1
                                    

" O que houve? ".

Aquela pergunta torturava-o, sangrava-o, o agonizava, o queimava, mais do que um tiro de espingarda. O simples som de uma voz humana o fazia enlouquecer, retirava-o deste mundo e o transformava em um homem sem sentimentos, amargo e com um ódio incontrolável. Raskéllenov não suportava a voz de outra pessoa dirigir-se à ele. Sua mente fervia como o leite preparado às manhas para as crianças da casa. Sempre que " o que houve? " era pronunciado à Raskéllenov, uma raiva incontrolável o preenchia, acompanhado de um ódio extremo. Aquilo o pertubara, o fizera sonhar frequentemente, com as pessoas que via nas ruas pronunciando esta frase. Naquela manha acordou com um dos berros da senhora Nórdevitch. Residia, provisioariamente, ou talvez para sempre, em um quarto para estudantes. O quarto, era coberto de teias de aranha, empoeirado do chão ao teto. O cubículo minúsculo era preenchido com uma cama velha, com o pé frontal direito quebrado, cujo Raskéllenov arranjou uns livros para apoia-lo. Uma cômoda antiga localizáva-se à esquerda da cama quebrada, nela, Raskel encontrara os livros utilizados para apoiar o pé quebrado. Uma janela trincada, embaçada de poeira, ficava atrás da cama. Raskéllenov fora acordado com um berro estridente, de uma voz aguda e idosa da velha dona da casa: " Sua vadia imprestável! " gritava a Sra. Nórdevitch, dirigindo-se à criada Rosemarie. Nórdevitch nunca estara satisfeita com nada, de família rica alemã, recebendo pensão do marido morto, de cerca de 90 copeques ao mês, reclamara de tudo, e com sua voz estridente e irritante. Raskéllenov desejara mais do que tudo naquela vida, a morte da velha chata, embora aos oitenta e sete anos, não esteja lonje de realiza-lo. Rosemarie era uma moça jovem, cujos pais foram assassinados pela máfia moscovita. E, aos 4 anos de idade, fora encaminhada à família Nórdevitch, cujo o Sr. Snyder Nórdevitch cuidara dela, dando um carinho e amor de pai. Após o falecimento do Sr. Snyder, Amélia Nórdevitch fora quem ficara com Rosemarie Hayden. Judiava da garota, a forçando trabalhar na casa aos 6 anos de idade, fazendo trabalho pesado.
    Naquela manhã Raskéllenov acordara com um mau humor maior do que o normal, aparentando rasgar a garganta do primeiro que se dirigisse à ele. Levantou-se, dormira sem trocar a roupa, com o uniforme de estudante da faculdade de medicina, cujo a abandonara á três meses. Completavam-se três dias que usara a mesma roupa, com uma idéia agonizante que rodeava sua mente quase que formando um cerco, impossibilitando a entrada de outros pensamentos, nem reparara nos trajes do corpo. Raskéllenov desceu as escadas, com o trapo empoeirado, e olhos vermelhos, resultados da insônia que o assombrava a semanas. Devendo o aluguel á meses, Raskéllenov torcia para não encontrar ninguém durante o percurso até a rua. Com o coração na mão e suando frio, com os pensamentos voltados a criar desculpas mais convincentes, sentiu-se feliz ao não encontrar ninguém nas escadarias ou no jardim.
A residência era uma bela propriedade, com dois andares e um jardim lindo e bem cuidado por Rosemarie. O quarto alugado ficava na direita da casa, no segundo andar, em um canto esquecido do corredor, onde até as luzes estavam queimadas. Ao chegar na rua, olhou para os céus e deixou escapar uma expressão de alívio. O aluguel de 45 copeques ao mês lhe faltava. Colocando as mãos nos bolsos, procurou em vão, por qualquer dinheiro esquecido, ficou desapontado ao ver que à sua disposição somente lhe restara 34 copeques, de seu último envelope enviado pela sua tia, cujo enviava, mensalmente, 50 copeques para a sobrevivência do sobrinho; não sabia que o mesmo abandonara os estudos e o trabalho, em uma livraria que o rendia 46 copeques e uns vales alimentícios, então continuara a enviar-lhe a baixa quantia. Srta. Sonia Linux Lasteviéski, sua tia, era filha de um pai americano e uma mãe russa, atualmente vendedora de perfumes na  Perfumaria Kloviek, em Moscovo. Possuía uma situação financeira razoável, e só não ajudara o sobrinho nessa situação pois o mesmo não lhe relatara os acontecimentos. O orgulho predominava Raskéllenov.        

    Raskéllenov possuía cabelos negros acastanhados, esbranquiçando com a constante neve e o frio quase que hipotérmico.
Perambulando pelas ruas, lhe veio um rumo: pedir um empréstimo ao banco. Era meio óbvio que seria negado. Raskéllenov estara mais endividado do que qualquer outra pessoa em São Petersburgo, mesmo assim, foi em passos apertados ao banco. Durante o caminho, entre o começo de uma feira de frutos, avistou uma taberna, da mesma, saira três bêbados, segurando-se uns aos outros,  porém não suportando nem mesmo sí próprios. Achou interessante a cena e prosseguio seu rumo a caminho do Banco Oulich's.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 25, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Culpa e JustiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora