Capítulo 1

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Acordei com o sol praticamente me cegando.


Que diabos!


Eu tinha esquecido a cortina aberta novamente.


Dei um pulo da cama, fechei a cortina, e já ia me jogar onde eu tinha acabado de levantar quando escutei o telefone tocar, corri pra atender, e era meu tio Dante, ele estava muito animado com o início das minhas férias se aproximando. Ao menos alguém estava animado. Eu sabia que nas férias nada acontecia de verdade, era sempre a mesma coisa, eu não tinha muitas amigas, na verdade, tinha duas amigas que, por sorte, moravam na mesma rua que eu, as outras meninas não iam muito com a minha cara, elas sempre andavam em um grupo grande, já eu, no meu trio fiel e inseparável. Raramente brigávamos, aliás, não me lembro de nenhuma briga no momento. Estudávamos em escolas diferentes mas, no mesmo horário, o que nos possibilitava ter contato ao decorrer do dia.


Essa semana eu ia encarar a minha primeira viagem de férias sem meus pais, um mês todinho longe da marcação cerrada deles, ou melhor, da marcação da minha mãe, porque o meu pai era mais tranquilo em relação a mim.


Pra falar a verdade, eu estava com minha empolgação baixa, algo me dizia que passar as férias no


Parque Nacional Serra da Bocaína, localizado entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, não seria nada proveitoso, nenhum shopping, cinema, teatro ou boates, por mim eu ficaria mesmo era na capital, com certeza seria muito mais divertido.


Eu podia ter as férias perfeitas ficando na cidade do Rio de Janeiro, amaria conhecer o Corcovado, andar de bondinho, visitar as belas praias... Mas, não! Nada disso iria acontecer!


O sábado estava chegando e eu iria pegar o voo à uma da tarde, aproveitei o resto da semana para passar a maior parte do tempo possível com minhas amigas, eu não as veria por exatos trinta dias. Não queria nem parar para


pensar nisso, elas eram o consolo dos meus dias, minhas companheiras para todas as horas, Paulinha e Inês eram como minhas irmãs. A semana passou rápida e, logo o sábado chegou. Na manhã da minha viagem, acordei indisposta, mas, logo pulei da cama. Tomei um banho e fui me despedir das minhas amigas, Inês estava sozinha em casa, um pouco atrapalhada com suas duas irmãs mais novas, nem conseguimos falar direito, só deu


mesmo para nos despedirmos, e para não atrapalhá-la mais, fui direto para a casa de Paulinha, que estava de castigo e não pôde nem passar da porta pra me dar um abraço, falamos de longe e eu logo ouvi a mãe dela brigando, alegando que a mesma estava demorando muito para entrar.


Sinceramente, não queria que ela apanhasse por minha causa, então, fui para casa um pouco triste, nada estava saindo como eu esperava. O melhor a fazer realmente era dar uma última olhada na minha mala, ver se tudo estava certo, se eu não tinha esquecido de colocar nada, uma última revisão nas minhas coisas seria excelente.
Ao entrar minha mãe já estava acordada e muito empolgada:


- Pronta para viajar?


- Sim, eu até já me despedi das meninas, acabei de vir da casa delas.


- Ah, então só falta revisar a mala, colocou tudo nela? Cuidado para não esquecer nada, o lugar é longe e não sabemos as condições das instalações em que seu tio se encontra. Quer que eu peça para a Maria lhe ajudar com


alguma coisa?


- Não mãe, obrigada. Está tudo certo, eu já ia fazer isso antes de parar aqui. E prefiro eu mesma terminar a minha mala, assim é bom, porque eu vou saber onde está cada coisinha que eu precisar.


- Tá bom então, se você prefere assim... Vou terminar meu café, sairemos por volta das onze e meia, esteja pronta.


Fiquei ali parada, olhando minha mãe, eu ia sentir falta dela, ela era bonita, sabia escolher roupas para cada ocasião. Meu pai e ela se amavam muito, nunca tinha visto um casal tão grudado, eu tenho orgulho da minha família. O meu pai trabalha o dia todo, sempre chega em casa por volta das dezenove horas, enche minha mãe

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