Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.
Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.
Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.
- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.
- O que é isso? Questionei.
- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor espere e morra de fome. Ele responde dando as costas.
- Não. Gritei - Espere, eu aceito isso mesmo.
Ele se virou vindo em minha direção, tinha um olhar forte e penetrante, de perto pude perceber uma leve cicatriz um pouco acima de sua sobrancelha.
- Pode abrir para mim por gentileza? Falei um pouco sem jeito.
- Tá. Ele toma das minhas mãos o enlatado e tira do bolso um estilete.
- O que é essa cicatriz no seu rosto?
- Uma briga. Disse me devolvendo a lata.
- Hun. Falei balançando a cabeça conformada com sua resposta.
Por alguns segundos um silêncio pairou sobre nós.
- Como faço para comer? Você tem algum talher para me arranjar por favor?
Ele cai na gargalhada.
- Talher? Você só pode estar brincando.
- Não estou falando sério, tem algum para me arrumar?
- Enfia a mão na lata e coma, é assim que fazemos.
- Mas eu nem lavei as mãos.
Ele revira os olhos.
- Lave com isso e coma. Falou jogando uma garrafa com água.
- Obrigada. Respondi envergonhada.
Até que aquilo não era tão ruim quanto imaginava, ou talvez seja pela fome que estava sentindo, me peguei ao fim da refeição lambendo os dedos.
Enquanto terminava a refeição vi Karl conversando com outros homens, eles gesticulavam em alguns momentos, e alguns deles lançavam olhares frios em minha direção. Em minha concepção só eram homens mas, de repente dentre eles surge uma mulher, ela também usava roupa vermelha, a cor dos rebeldes, tinha cabelos escuros cumpridos, percebi que ela carregava na cintura uma faca, ela caminha em direção à Karl lhe dá um beijo bem marcado, e se coloca ao seu lado junto dos homens.
Algum tempo depois e eles se voltam ao lugar onde eu estava.
- Está que é a princesa? Disse a mulher meio debochada apontando para mim.
- Sim é ela. Karl responde.
Um pouco constrangida abaixo a cabeça, ela tinha razão, nunca estive tão relaxada em toda minha vida, se me vissem na rua diriam que eu seria uma pebleia com certeza. Nunca fui uma garota vaidosa, deve ter sido por isso que nunca fiz sucesso com os garotos.
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A Herdeira da Realeza
RomanceEla foge dos padrões de uma princesa convencional. Sua beleza não está em maquiagens pesadas ou trajes luxuosos, mas na força interior e na autenticidade que ela cultiva. Aysha Madssey Carher, filha do Rei Andrews e da falecida Rainha Anne, prefere...