Aurora

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Minha mãe costumava dizer que para sobreviver à todas as reviravoltas da vida era preciso ter coragem,inteligência,perseverança e amor, ela sempre acrescentava que a vida tinha sido muito generosa com ela,pois tinha lhe dado 4 filhas e cada uma delas tinha um desses adjetivos que a definia. Cecilia tinha a coragem que a vida exigia para enfrentar as dificuldades,Geovanna tinha a inteligência e percepção das coisas ao seu redor,Isabela tinha perseverança, não desistia nunca e por fim tinha eu,com todo o meu amor,eu sempre me senti fraca por isso,todas tinham personalidades incríveis e pertinentes e eu tinha apenas AMOR,até que um dia a minha mãe me disse "Você está errada Aurora,amar não a torna fraca,amar te torna mais forte a cada dia,você tem a incrível capacidade de enxergar sempre o melhor nas pessoas e esse é o seu ponto forte". Alguns meses depois disso a noticia que a minha mãe havia morrido chegou até mim,foi tudo muito rápido,em um momento eu estava no parquinho brincando com minhas irmãs e no outro momento meu mundo havia desabado,eu já não sentia mais o chão sob os meu pés e isso aconteceu porque eu cai do playground que eu estava,e nossa como doeu,mas não se engane,eu não senti a dor da queda,era algo muito maior,era como se tivessem tirado o meu mundo de mim e ainda me obrigassem a viver,entende? É,talvez não entendam! Eu passei alguns meses em completa reclusão,sem querer ver ou falar com qualquer pessoa até que um dia,Cecilia (a irmã corajosa,lembra?) veio até meu quarto,puxou minhas cobertas e disse:

- Levanta já daí,eu não aguento mais te ver assim Aurora ,você tem 8 anos,você assim como nós é uma criança,você precisa voltar a se comportar como tal! Você enxerga o melhor sempre,lembra? Mamãe acreditava em você e nós também acreditamos. Não esqueça Aurora,todas nós perdemos uma mãe,mas a nossa vida não acabou,nós ainda temos o papai e ele continua acreditando em todo o seu amor. Por favor,suas irmãs precisam de você!

Eu sequei minhas lagrimas e enterrei aquela dor,achei que nunca mais iria senti-la novamente, eu estava errada.

10 anos após a morte de nossa mãe,nós recebemos a noticia que toda a nossa família mais próxima tinha sido vitima de um terrível massacre,e quando a noticia veio até mim eu tive uma sensação de Deja vú,em um momento eu estava dançando com minhas primas e irmãs em uma boate em vegas,no outro momento o celular da minha prima Clarice tocou,ela havia recebido a noticia que sua avó,seu tio,sua mãe e seu pai tinham sidos assassinos brutalmente em um comum jantar de família,eu vi a expressão de Clarice mudar em meio a multidão,e quando ela finalmente falou o que havia acontecido,eu senti de novo aquela velha dor,eu senti que haviam tirado o que sobrou do meu mundo,aquela enorme boate em que estávamos começou a ficar pequena pra acomodar nós e toda a nossa dor,eu não sei como mas Clarice conseguiu reunir forças para nos tirar daquele lugar. Nós voltamos para o hotel que estávamos hospedados,esperamos Ingrid chegar e o resto vocês já sabem.

Depois que chegamos do cemitério, eu queria apenas ficar sozinha,eu queria que me deixassem sozinha com todo o meu amor,minha fraqueza e minha dor,então eu fui para o meu quarto. Eu estava sentindo uma coisa diferente dessa vez,a minha dor não se resumia apenas em saudade,tinha um pouco de raiva ali,pouco? Não,tinha muita raiva dentro de mim,o meu pai foi tirado de mim,não foi um comum acidente,mataram ele e eu não conseguia entender quem faria algo assim com a nossa família, o nosso sobrenome está em praticamente toda boa ação que essa cidade já viu,eles não mereciam isso! Mas alguém não concordava comigo,eu comecei a lembrar da voz perto do tumulo que dizia que eles mereciam,poderia ser essa voz a responsável por toda essa dor?

Um batida na porta interrompeu as minhas duvidas

-Entre.

- Aurora, eu preciso de todas vocês lá embaixo. –Era minha prima Clarice,ela e a sua irmã Ingrid ficaram aqui em casa conosco por que não queriam ficar sozinhas,eu entendo elas perfeitamente.

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