-Você está bem? – perguntou o garoto de olhos verdes estendendo-lhe a mão.
Clarisse recusara sua ajuda e levantara-se sozinha, o olhar do garoto sobre ela ainda era preocupado, em contraste, o dela era a raiva em sua forma pura e bruta, ela contara até dez enquanto conferia sua bolsa, respirou fundo e olhou em seus olhos.
-Se eu estou bem?! Como ousa dirigir-se a mim depois disso? – cuspiu ela – estou completamente imunda por sua causa, o filho de um simples subordinado de meu pai, sequer merece estar nesse colégio, quanto seus pais economizaram para te por aqui, repetente? – completou olhando-o com desdém.
A última frase parecia tê-lo tocado, que abaixara a cabeça, Clarisse passara por ele batendo em seu ombro, tornando propositalmente audível o som de seus saltos. Quando finalmente chegara a ala do refeitório, o alarme sinalizando o fim do intervalo soou, fazendo a garota bufar pela fome.
A classe de teatro ficava em um prédio separado junto com todas as classes voltadas para a arte, todo o prédio havia sido decorado pelos alunos, Clarisse não via a hora de deixar sua marca também, saíra de seu transe e adentrara o prédio, não era a primeira que vez que via aquelas paredes, mas a era primeira que seguia para a sala de teatro. A sala era escura e aconchegante, as únicas luzes da sala estavam viradas para o palco, os alunos começaram a entrar e ocupar as primeiras fileiras, ela seguira o ritmo, os que já se conheciam conversavam sobre os mais variados assuntos e os outros, como Clarisse, permaneceram calados a espera do professor.
Após quase quinze minutos, um homem na faixa dos quarenta anos, de cabelos grisalhos subira ao palco, com ele todas as conversas cessaram, ele passara bons minutos observando a classe, um sorriso um tanto psicótico pulou em seu rosto, ele juntou as mãos e finalmente falou.
-Turma, eu me chamo Richard Larsson, serei seu guia nesse mundo de mistérios, vamos começar testando a experiência de vocês, vamos começar com uma improvisação, quero uma veterana e uma novata, escolhidas por mim é claro – disse ele com um largo sorriso – Carly e... Você, como é seu nome? – perguntou ele apontando para Clarisse.
-Clarisse Haekkun – respondeu com um sorriso tímido.
-Belo nome, subam aqui garotas. Clarisse, você fora traída pelo seu namorado com sua melhor amiga, e Carly, você é essa amiga e agora você está tentando se explicar, comecem. – disse ele deixando o palco.
-Como você pode?! Eu confiei em você! – começara Clarisse de forma exaltada.
-Espera me deixe explicar, eu – tentara Carly, mas fora interrompida.
-Explicar?! Você acha que tem explicação pra isso? Você me traiu – disse Clarisse começando a chorar – eu te confiei todos os meus segredos...
Carly ficara parada, observando as lágrimas de Clarisse escorrerem, por fim ela começara a se aproximar de Clarisse com o intuito de abraça-la, a mesma se afastava a medida que ela chegava perto.
-Me desculpe, foi coisa do momento, nós estávamos juntos e... Simplesmente aconteceu – disse Carly.
-Simplesmente aconteceu... – Clarisse repetira suas palavras olhando para o chão – as coisas não "simplesmente" acontecem, francamente, vocês dois já são grandinhos o bastante para entender o que é uma traição – disse ela com desdém.
-Você tem que entender... – Tentou Carly estendendo a mão.
-Eu não preciso entender nada – disse ela friamente – por favor, me deixe sozinha, se algum dia valorizou nossa amizade... Deixe-me sozinha.
Carly deixara o palco e a classe irrompeu em palmas, o professor juntara-se a Clarisse no palco e chamara Carly de volta, as duas agradeceram os aplausos e os elogios do professor e então retornaram para seus assentos, sua pequena improvisação fora utilizada como exemplo para a explicação do professor, tornando o entendimento mais fácil.
Nada de relevante ocorrera nas outras aulas, ela se despedira de Kim e Elizabeth e voltara para casa, Eddie lhe fizera algumas perguntas sobre seu dia, mas eles permaneceram quase todo o trajeto em silencio. Ao chegar em casa Clarisse subira as escadas rapidamente, tudo que conseguia pensar era em se livrar daqueles saltos.
Após seu banho ela sentara se em frente ao seu computador e passara a conferir seus e-mails, um intitulado "Foxes" lhe chamara a atenção, não era importante para os negócios de seus pais, mas era importante pra ela.
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De: Alodia
Assunto: Foxes
Hey gelinho, os treinos vão recomeçar semana que vem, esteja lá no horário de sempre.
Ass.: A dona da porra toda!
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Aquele e-mail a fizera sorrir, Alodia sempre fora divertida, ela não ligava para a opinião dos outros e era isso que a tornava tão admirável, Clarisse ficara animada com a volta dos treinos, mas o pico de realidade a lembrara de todos os seus deveres que poderiam atrapalhar.
Sua casa vazia a enchia de uma tristeza divertida era quase a mesma coisa com seus pais ali, mas com eles em casa ela não poderia fazer o que estava prestes a fazer.
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Empty Eyes
Teen FictionNascida em berço de ouro, Clarisse fora criada para ser a garota perfeita, todas as expectativas da família recaíram sobre ela após seu irmão ter se mostrado uma completa decepção, aos olhos do publico a família perfeita, mas por trás das cortinas s...