Mais perto

91 14 7
                                    


Molly havia chegado de viajem há uma semana e nem sinal de Matty. Digo, nem uma mensagem, nem uma ligação, nem sinal de vida. O coração dela estava partido. Ela queria chorar e gritar, mas também não havia ninguém que pudesse amenizar sua dor, além de Matty. Ela o amava e isso era tudo o que ela podia pensar sobre.
Numa tarde super chuvosa, seus pais estavam no trabalho e seu irmão, na escola. Não havia mais nada a fazer. Já tinha visto todas as séries, seus amigos não estavam on-line e tudo parecia parado. Simplesmente deitou em sua cama, se escondeu em seus lençóis e adormeceu. Dando início a um sonho.
Ela estava em sua antiga escola, mas, era noite. E ela não estava sozinha - Matty estava lá. Ele estava lindo, e os dois estavam de preto, como a noite. Toda escola estava fechada, tudo estava escuro, todas as luzes estavam apagadas e tudo que iluminava aquele pátio ao ar livre eram as estrelas e a lua, que parecia maior do que nunca. Molly apenas olhava nos olhos dele, e ele nos dela. Até que deitaram juntos no chão de concreto, que parecia mais confortável e amável do que nunca. Então, abraçados, observavam o céu. Eles não diziam nada, e nem precisavam, eles estavam juntos e isto era suficiente.
Molly acorda de repente. Todo o seu sonho desaparece do nada, e apenas o cheiro dele ficou voando pelo quarto dela.
Havia um barulho vindo de sua janela e seu celular tocava. Haviam cinco mensagens, todas de Matty. Molly sorriu e seu coração se encheu de algo inexplicável. Abrindo a janela para checar o barulho, o coração que já estava acelerado quase pulou para fora. Era Matty! Era ele! Molly saiu correndo em disparada para a porta, sim, desta vez era real. Então ela o viu, e os dois se beijaram. Desta vez não foi uma despedida e sim um:
- Oi!
Matty sorria, e Molly, assustada, também.
-Você quer entrar?
As palavras saiam e voavam de sua boca, e iam embora com o ar.
-Acho que o único motivo de eu ter vindo até aqui, sabe, foi para ver a decoração do seu quarto, mesmo.
Molly da risada, e o clima que estava chuvoso, parecia incrivelmente amarelo e feliz, não sei como, mas não havia sinais de que uma chuva havia passado por ali meia hora atrás.
Em seu quarto, eles se beijavam e nunca parecia ser o suficiente, apenas... azul (?)
Tudo estava melhorando a cada segundo - até a campainha tocar. O tempo parou, os lábios se separaram e os dois estavam assustados.
- Quem será?
Matty ainda sorria, garoto insolente.
- Vou ver.
Molly sai do quarto e abre a porta da sala. Era seu irmão. Ela tinha perdido a noção do tempo, já eram 17 horas e seu irmão tinha chegado da escola.
Matty sai do quarto, ajeitando a blusa e o cabelo.
- Molly, eu já vou. Se quiser me ver, tem um bilhete na sua cama.
O irmão dela apenas observava.
- Tchau, Molly.
Ele dá um beijo na testa dela e aperta a mão de seu irmão.
Em alguns segundos, ele não estava mais lá e Molly se sente vazia, como se uma droga deixasse de fazer efeito.
Seu irmão diz, com um sorriso idiota:
- Quem era, espertinha?
- Ninguém que te interesse.
-Seu dinheiro me interessa.
Ela já estava irritada, pois sabia o que ele queria.
- Cinco reais e eu não vi
absolutamente nada.
-Okaaay.
Molly dá o dinheiro sujo ao seu irmão e volta para o quarto. O cheiro dele estava grudado em todos os móveis, fotos e livros. O bilhete estava sobre sua cama, num papel rosa e verde, dos post-its que ficam na escrivaninha. A letra dele estava ilegível, mas ainda parecia linda.

"Se quiser me ver, estou naquele hotel da rua 7, nº 37 no 4º andar.

Ei, já reparou no quanto os nossos nomes se parecem?

Te amo.

-Matty."

Ela também o amava, muito.

A Dança das Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora