Amarelo e despedaçado

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Halloween. Todos com suas fantasias e decorações que ao menos tentam ser assustadoras.

Para Molly era maravilhoso poder sair toda de preto sem que reparassem, já que era Halloween.

Ela estava indo ver Matty. Com os cabelos azuis á solta e suas botas desamarradas, ela não ligava, só queria abraçá-lo.

Entrou em um táxi, o primeiro que vira. Disse o endereço que estava no bilhete, colocou seus fones e observou a cidade. Vivera tantos anos ali, mas era a primeira vez que percebera como as coisas haviam mudado, as lojas, casas, pessoas... Estava até disposta a mudar a cor do cabelo por uma mais chamativa!

Ela olhava pela janela e nem se dera conta de que o motorista a olhava estranho pelo retrovisor, ela estava desconfortável. Finalmente chega ao seu destino, deu seu dinheiro ao taxista, o olhar dele era o mais bizarro, desconfortável, amedrontador. Mortal.

Molly observara o prédio antes de entrar. Ele era bem velho, amarelo e despedaçado, como se o tempo houvesse passado para toda a cidade, menos para ele.

Entrou, porém não havia seguranças e nem recepção. Na verdade, não havia exatamente ninguém ali. Mas ela entrou mesmo assim. Também não havia elevador, então subiu todas as escadas até o 4º andar, o que foi dolorido, suas botas começaram a machucar os pés e ela estava ofegante, porém ansiosa para ver Matty.

Chegou no apartamento, a porta estava aberta, Matty estava lendo um grande livro preto em uma cama. Logo as pupilas de Molly se dilatam, ela fica parada na porta. Assim que Matty põe os olhos nela, dá um salto e corre para abraçá-la.

-Você veio! Garota... Eu pensei que não viria!- Ele diz, com um sorriso que mal cabe no rosto.

-Porque pensou isso?- Os olhos dela brilhavam estupidamente.

-Na verdade, nem sei.- O sorriso some de seu rosto.

Eles se abraçam, se beijam, se deitam, se abraçam.

-Nem parece que será a última vez...- Matty diz, de um jeito assustador, como se fosse outra pessoa, como se alguém domasse seu corpo.

-Porque diz isso? Nunca será a última vez para nós.- Molly estava confusa.

-Você saberá.

Matty pega o celular, coloca uma música lenta, pega nas mãos de Molly.

-Me concede esta dança?

-Claro.

Ele a puxa e eles começam a dançar, Molly apoia a cabeça em seu ombro, ele a abraça forte contra seu corpo e tira uma faca de seu bolso, antes que Molly perceba.

-Tchau Molly, foi bom fingir todo este tempo apenas para este momento.

Molly cai no chão com a faca em suas costas. Talvez ela morreu de amor, mas é mentira. Matty nunca a amara.

Seu sangue corria no chão, brilhava e cobria seus cabelos, agora vermelhos. Uma pequena garotinha dançante pega em suas mãos e agora elas não estão mais aqui. Matty sorria.

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