(Leia ao som de Secret Love Song da banda Little Mix)
Desde pequena ouvi dos meus pais que deveríamos amar a todos. Eles me levavam para a igreja e o pastor dizia "amais ao próximo como a sí mesmo". E em casa minha mãe dizia: "trate as pessoas da mesma forma que você gostaria de ser tratada". E então eu obedeci. Amei as pessoas como eu gostaria de ser amada. Sempre fui gentil e simpática com as pessoas, pois gostaria ser tratada assim.
Minha avó materna dizia que eu tinha que estudar para ser alguém na vida. Meu avô materno sempre que me encontrava dizia que antes de morrer queria ir na minha formatura. Minha família paterna quer que eu seja enfermeira. E minha mãe quer que eu seja juíza. Engraçado como todos tem um futuro pra mim, mas nunca me perguntaram o que eu realmente quero. Porém eu não me irrito, sei que eles só querem o meu bem, apesar de que as vezes isso seja meio chato. Apesar de cada um ter um sonho pra mim, eu escolhi o sonho da minha família paterna. Bom, mais ou menos. Escolhi a medicina, vou ser pediatra. Poder cuidar das crianças, e fazê-las poder vivar mais será gratificante.Mesmo fazendo medicina ainda tenho tempo para dançar - e se não tivesse, inventava um tempo só para poder dançar. Sou bailarina, e professora de dança. Amo essas profissões, e amo exercê-la, apesar de ouvir todos falando que é apenas um hobby. Ignoro o quê eles falam, e continuo dançando e dando aulas para pagar minha faculdade, apesar do meu pai sempre dizer que ele irá pagar, sendo assim eu foco só na medicina. Mas eu gosto de dar aulas, e não quero que ele pague nada, gosto da minha "independência".
Todos os dias escuto eles dizerem que querem conhecer meu namorado, mas sou lésbica (eles não sabem). Namoro uma menina fantástica. Linda, encantora, fofa, quase um anjo. Na verdade ela é realmente um anjo, meu anjo. Hoje vou encontrá-la, passar a virada do ano com ela. Vai ser nossa primeira virada de ano juntas. Espero que seja especial.
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Quando tinha alguma data comemorativa eu demorava cerca de 1 hora e meia para ficar pronta. Hoje demorei 3 horas. Talvez seja por causa da super produção, ou porquê eu fiquei na skype com minha namorada enquanto me arrumava. Mas nada me interessa agora. Não importa quanto tempo eu demorei. Só quero estar linda pra ela, e poder viver o melhor dia da minha vida.
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Quando cheguei na casa dela, ela me atendeu. Sua casa estava cheia, seus familiares estavam presentes. Parecia até uma reunião familiar na qual o filho apresenta a sua namorada. Mas não somos assumidas, então sou apresentada apenas como sua amiga. Depois de cumprimentar a todos, saímos da casa e fomos para uma rua escura. Pode soar uma ideia idiota, mas a rua não era perigosa, nós sempre vamos pra lá para nos beijarmos quando a casa está cheia.
Seguimos de mãos dadas. Um beijo na testa, seguido de um "você está linda". E então nossos lábios se encostam em um beijo ardente e cheio de amor. Um. Dois. Três. Estar com ela era realmente demais, mas era horrível esses momentos terem que ser escondidos.
Escutamos uns passos. Pessoas se aproximam então nos soltamos. São 3 caras altos, e um deles está armado. Olho pra ela, seguro sua mão e ela está tão gelada quanto eu. Um deles nos aponta e fala: - Eu não queria fazer isso, vocês são lindas, mas sismam em estar nessa prática pecaminosa.
Eles são homofóbicos, e vão fazer alguma coisa conosco. E então ele levanta a arma e aponta na direção da minha namorada. Coloca o dedo no gatilho e atira. Eu me joguei na frente e o tiro acerta no meu peito. Caio de joelhos e eles saem correndo, com um deles gritando "não era para acertá-la. Por que ela se jogou na frente? Por quê? O pai delas vai nos matar". Meu pai fez isso? Eu não consigo acreditar. Aquele pastor que sobe encima de um púlpito para falar sobre amor pagou três brutamontes para matar minha namorada. A dor é forte demais. Ela está gritando desesperada por ajuda, e meus olhos começam a se fechar. Está tudo embaçado, e eu só 30% da minha visão. Minha voz está indo embora, e antes que eu a perca de vez eu falo pra ela: -Amor, eu te amo.Várias pessoas aparecem. Começam a chorar. Uma maca chega, os medicos me colocam na vã e correm o mais rápido que pode. Uma enfermeira grita "aguenta mais um pouquinho", mas eu não tenho forças, e meus olhos se fecham.
Eles tentam me reanimar com choques. Um. Dois. Três. E eu acordo. Está tudo girando. Acho que vou conseguir viver. AI! Eu grito.
Minha coluna dói, meus olhos vão se fechando, e agora, mais uma vez, tudo fica preto, mas agora é para sempre.
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Amor, te amo. (Romance Lésbico)
RomanceAno novo. Fogos. Pessoas comemorando. Copos cheios. Crianças brincando. E eu estava lá, com ela, a beijando, e sentindo a melhor sensação do mundo. Logo em seguida uma dor forte, na coluna. Ela gritou, e tudo escureceu.