Conto

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- Senhor Pedro Stavinsk, me acompanhe - disse o delegado.

- Tudo bem - se levantou e sussurrou brevemente - vai dar tudo certo, Lara, tenho certeza.

A garota apenas acenou em afirmativa enquanto observava ele se afastar cada vez mais, e foi nesse momento que a ansiedade tomou conta, começou a balançar as pernas e roer as unhas sem parar.

- Conte-me o que aconteceu naquela noite, Pedro - disse o delegado enquanto anotava algo.

- Bom, que a gente foi na festa junto você já deve está sabendo, então vou contar o que ocorreu depois. A Lara saiu no tapa com a Bru, eu fui separar e o Leandro surtou comigo, mas, por fim, consegui apartar a briga e levar a Bru de lá, fomos no meu carro até uma sorveteria porque achei que ela precisasse de um pouco de paz e doce, para relaxar. Depois de quase uma hora eu falei que ia deixar ela em casa mas ela não quis então deixei ela lá.

- Acho que falta detalhes ai, você pode me dizer o motivo da briga e como pôde deixar uma garota sozinha em uma sorveteria no meio da madrugada?

- A Lara já estava brava porque jogamos ela pra cima do Leandro antes de chegar na festa, depois ela pareceu aceitar então eu e a Bru achamos melhor deixar eles curtirem sozinhos, mas a Bru aprontou com eles anunciando no palco que ambos estavam namorando, foi ai que a Lara surtou e partiu pra cima dela.

- Hum, e porque o seu amigo ficou surtado?

- Digamos que ele adora uma confusão e detesta a irmã... - Conversava com o delegado não como uma testemunha/acusado, em momento algum baixou a cabeça ou desviou o olhar, era nítida a sua convicção naquilo que dizia.

- Me relate os fatos da sorveteria, Sr. Pedro.

- Apenas tomamos um sorvete naquela sorveteria da velha Olinda, sabe? Eu quis levar ela embora mas ela me disse que já havia pedido para o pai ir buscar ela, e que seria melhor eu não aparecer até que o irmão se acalmasse.

- Tem certeza que foi isso que ocorreu? Tudo neste relato é verídico?

- Total certeza, dou a minha palavra de homem!

- Está dispensado até segunda ordem, vou ficar de olho em você.

Apertaram as mãos e foram rumo a saída onde Lara estava de pé, o delegado pediu para que Pedro não saisse da delegacia e parou para falar algo a dois policiais, mas, aos sussuros.

- Minha vez?

- Sim, me acompanhe, moça.

Passaram pelos corredores silenciosos até uma sala um pouco parecida com aquelas de filme, era minúscula assim como o vidro dela, possuía uma mesa ampla e as cadeiras eram pouco confortáveis.

- Sente-se.

- Posso ficar em pé? - disse, coçando o braço em desconforto, vendo que o delegado levantava a sobrancelha de modo interrogativo resolveu explicar - Fico mais calma se estiver de pé...

- Entendo. Fale me sobre o que ocorreu naquela noite.

Lara por longos minutos ficou calada, confusa e inquieta - Ah sim, eu não me lembro de muita coisa.

- Como assim não lembra?

- Eu... E... Eu só não lembro de muita coisa, depois e durante a festa, eu tive alguma coisa que me fez apagar por quase dois dias ou pelo menos foi isso que me contaram quando acordei e ela já estava desaparecida - perdeu o fôlego pela ansiedade e começou ter um ataque de pânico.

- Oh céus, esses jovens de hoje em dia, respire, menina, se acalme.

Depois de uns sete ou oito minutos conseguiram controlar a situação. E optaram por retornar o depoimento.

- Está se sentindo melhor?

- Sim.

- Podemos continuar?

- Podemos.

- Soube que você e a Bruna brigaram o que pode me contar sobre isso?

- A gente brigou?

- De acordo com testemunhas sim.

Com a testa franzida Lara buscava em sua memória algo sobre briga mas de nada adiantou, só se recordava da amiga dançando no palco e depois... Clarão total.

- Eu não sei dizer se eu briguei ou não, eu me lembro dela dançando apenas... Eu... Eu nunca brigo com ninguém - disse, balançando o corpo em um ritmo lento, para frente e para trás.

- Tudo bem, depois da festa do que se lembra?

- Pedro! O Pê tava no meu quarto ao lado da minha cama, me olhando e sorrindo, ele parecia feliz mas isso tava me dando arrepios, então tudo escureceu de novo. Não sei se ele estava lá mesmo porque meus pais negaram isso quando tornei a acordar, dessa vez, durante o dia.

- É tudo que lembra?

- Juro que sim.

- Aguarde com seu primo e Leandro na recepção enquanto resolvemos alguns probleminhas.

- Não vamos ser liberados?

- Só se dirija a recepção e aguarde, senhorita.

- Estou indo.

Na recepção Pedro e Leandro conversavam, sérios, mas em um volume moderado até notarem a aproximação da garota. Ela chegou e tudo se calou, a tensão existente naquela atmosfera poderia ser facilmente captada a olho nu, e isso a deixou certamente incomodada e inquieta, desde quando havia se tornado indesejada para o primo?

- Não precisam parar por causa da minha presença, sério mesmo, podem continuar - disse ironicamente, com voz afiada porém com o coração angustiado.

- Deixa de bobeira, baixotinha, estavamos conversando bobagens e não queriamos encher sua mente com isso, você passou por um tempo difícil e precisa se reestabelecer.

- Parem de me poupar, não sou uma coitada, vocês passaram pelas mesmas coisas que eu, então, por favor, não façam me sentir pior!

- Tudo bem, Lara, se acalme. Senta com a gente, logo tudo isso sera esclarecido e voltaremos a nossa rotina, não fique tão abatida.

- Eu só quero que a achem logo.

- É o que todos nós desejamos, Lara - Leandro finalmente falou algo.

- Bom jovens - disse o delegado - detesto interromper essa conversa comovente, mas ouvimos uma testemunha que não estava nos planos e o depoimento desta pessoa nos esclareceu alguns pontos confusos, vocês, garotos, estão liberados. Lara, você fica. E já pode ligar para um bom advogado.

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E agora? Quem será a tal testemunha? Por que a doce Larinha precisa de um advogado? Haha espero vcs no próximo capítulo pra descobrirmos. Bjs de luz! Obs: os policias são fraquinhos assim pq a história se passa no interior.

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