A Rainha

Capítulo Três

Capítulo Três.

"A pequena Rainha ainda não sabia, que enquanto vivia a sua inocência em um lar sagrado, o seu reino estava sendo destruído lentamente".

A hora do almoço chegou bem rápido. Observei Lily e as outras duas camareiras trabalharem com a comida junto com o grande homem alto de bigode. Henry me levou para passear na beira do rio, não contribuí muito com sua conversa ainda sentindo uma chateação muito grande por ter descoberto suas escapadas noturnas. E isso me fez pensar em como será o nosso casamento. Eu sei o que é esperado de mim na noite de núpcias. Sei que tenho que estar pura e imaculada para o meu marido e também sei, pela presença de Robert em minha vida, que homens não são fiéis em seus casamentos e que, algumas mulheres também não, só que elas podem ser arruinadas, expulsas de casa e até mesmo decapitadas.

Comemos e continuamos a viagem, só pararíamos no fim da noite. Voltei para minha carruagem dando apenas um aceno de despedida a Henry. Sei que ele não precisa passar o tempo comigo, afinal, iremos casar de qualquer jeito e não há necessidade de se importar com meus sentimentos. Não devo ter sentimentos por ele. O meu povo e a minha terra dependem desse casamento, do meu amor e proteção por eles. E não pelo meu marido. E se ele tiver um filho bastardo? Irei amar como amo Robert?

Robert não é filho bastardo do meu marido e certamente a esposa do pai dele não o amaria, talvez, eu não goste dela, talvez não me importe com a criança. Resignada, me concentrei na paisagem e ignorei as conversas de Diana com Robert. Ela o adora e sei apenas pelo seu tom de voz carinhoso. Quis perguntar se ela é casada e se tem filhos, nada disso me pareceu apropriado no momento sem contar que eu continuava muito irritada.

Durante o acampamento noturno, fiquei em minha tenda, jantando com Robert e Diana. Me preparei para dormir sem trocar uma palavra com Henry durante toda noite. Talvez esteja errada em ignorar sua presença, porém não quero conversar com ele após saber que ele dorme com uma das camareiras. Na manhã seguinte acordei mais cedo, com o mesmo som de passos. Olhei em direção a tenda de Henry, bem mais próxima da minha e não vi nenhuma movimentação até que ele saiu de lá, sem camisa e me escondi rapidamente quando ele me viu parada olhando-o de boca aberta. Nunca tinha visto um homem sem parte das roupas e ele era interessante de olhar. Roubou meu fôlego.

Diana acordou e me ajudou com as roupas e cabelo. Eu queria tomar um banho de verdade. Esses dias de viagem estavam me fazendo sentir suja. Rapidamente tomamos café e fiquei a beira do bosque, colhendo algumas flores para colocar em meu cabelo. A neblina estava densa, pesada e as nuvens não permitiam que o sol aparecesse, apesar de estar de dia. Havia uma flor vermelha que combinava perfeitamente com meu vestido quando a peguei, uma mão suja de terra segurou meu braço. Soltei um grito alto e agudo. Fui puxada bruscamente para dentro da mata com os galhos arranhando meu rosto, porém, meu vestido me deixou presa no lugar e ao tropeçar em uma pedra, caí no chão.

- Peguem a rainha! – ouvi um grito forte atrás de mim.

- Clarissa! – Henry estava me puxando para trás e me colocou atrás do seu corpo. Ele estava com a espada em mãos e eu vi com absoluto horror nosso acampamento transformado em uma zona de guerra.

- Robert! Robert! Diana! – gritei sentindo o desespero por não vê-los em lugar nenhum me consumir.

Fui bruscamente jogada no chão e um homem sujo estava em cima de mim, passando as mãos na minha perna enquanto eu me debatia. Seus olhos se arregalaram e ele caiu em cima de mim. Empurrei-o para o lado. Henry me levantou quando um grito de guerra bem forte atravessou o ambiente. Todos os soldados estavam gritando e batendo suas espadas. Havia corpos no chão para todo lado. Eu não percebi que estava tremendo e chorando até que Henry me segurou, sussurrando no meu ouvido para que me acalmasse.