Afogarte

I - Júlia, a barista.

Batom vermelho, cabelo curtinho e bagunçado, jeans velho e a camisa do Afogarte. Nada a mais, nem a menos, essa é a Júlia, a barista estagiária de um quiosque a beira da praia.
A Júlia, tão sonhadora, sempre quis viajar pelo mundo, ter um amor verdadeiro e talvez até montar uma família mas em seus dezessete anos só conseguiu uma viajem a Salvador, um emprego de barista e um namoro de 6 meses, e o menino? Chama-se Rafael, mas este caso conto-lhes depois.
A Júlia nunca gostou de barulho, muita gente ou tumulto, sempre fora conhecida pelo clichê "bela, recatada e do lar" mas atualmente a pobre garota se encaixava mais em "bela, descabelada e do bar." mas aquele emprego lhe rendia uma recompensa, ela poderia admirar de pertinho seu amor, Gustavo, o caixa, e se der sorte ele até lhe cumprimentará um dia que para ele será como outro qualquer e que para ela se tornará o melhor de todos os que já viveu. No fundo, bem no fundo ela gostava daquele ambiente e dos clientes, já tinha até decorado o coquetel predileto dos seus clientes mais frequentes.
Certa vez, seu cliente predileto, o Ian, pediu-lhe uma dose de amor, Júlia riu sarcástica e deu-lhe seu coquetel de frutas predileto. Teve também a vez que o jovem pescador lhe pediu um pouco do seu sorriso, ela simplesmente deu-lhe uma caipifruta e o dispensou.
O Ian e o Lucca, o jovem pescador, eram loucos por ela, fariam de tudo por aquela menina, mas ela tinha a cisma de se apaixonar demais por quem é de menos para ela.
Mas a Júlia, por sua vez, é puro fruto da poesia: cheira a cerveja importada e tem hálito de cigarro de menta, tua aparência é calma mas seu interior é mais agitado que um tornado, ela pode viver os mais tórridos amores mas sua alma continua digna de um amor de verdade. Seus lábios vermelhos, seu corpo miraculosamente esculpido, seus cabelos rebeldes e o a voz do Cícero Rosa Lins cantando Vagalumes Cegos saindo de seus fones só comprovaram que ela é pura poesia, mas não qualquer uma, ela é poesia de bar.