Indomada

1- Começando

Estou respirando com dificuldade e andando de um lado para o outro em meu quarto, tentando me acalmar após uma terrível discussão com meu pai, quando minha irmã Juliette entra com tudo no meu quarto.
- O que você estava pensando Sophie? Qual é a porcaria do seu problema? Meu Deus! Você estragou tudo! De novo! Você devia ter vergo....
- Eu não tenho que ouvir você.
Falei ríspida enquanto coloco minhas botas.
- Não tem que me ouvir?! É claro que tem, se você tivesse me ouvido antes não estaria nem aqui pra começar.
Eu a encarei com desgosto, minha irmã mais velha, é muito sem noção mesmo. Ela nem nota a minha presença, como ela poderia saber o que é melhor pra mim? Patética. Saí do quarto sem dizer mais nenhuma palavra esbarrei nela já que tentou me impedir
- Aonde você vai? É quase uma hora da manhã! Sophie? Sophie?
Peguei minhas chaves e saí daquela casa ou melhor inferno, sem olhar pra trás. Subi em minha moto e parti sem rumo, apenas com minha moto, minha jaqueta e meus pensamentos.

****
Quando finalmente parei a moto, estava no meu lugar favorito no mundo, no monte da cidade, ele é coberto por uma linda floresta e está bem longe de toda a confusão urbana, mesmo assim sentada la no topo consigo ver a cidade inteira com todas as luzes e possibilidades. Quando estou lá consigo colocar todos os pensamentos em ordem e me livar de todos os sentimentos ruins.
Nesse dia eu tomei uma das maiores decisões da minha vida. Decidi que eu não seria mais um fantoche nas mãos de ninguém. Decidi que o controle da minha vida seria exclusivamente meu. E que ninguém, n-i-n-g-u-é-m nunca mais iria me humilhar ou me diminuir, pois eu sei o meu valor ; e ele não é o que as pessoas dizem que ele é. Ele é o que eu sei que ele é.

****

Quando voltei para casa ja eram 03:45 da manhã. Todo esse stress acabou comigo estou muito cansada. Entro sem fazer barulho, o que não faz diferença nenhuma ja que a casa é enorme. Vou direto para meu quarto e faço uma pequena mala, só com o essencial, pego todo o dinheiro espalhado pelo meu quarto. Quando está tudo arrumado mando uma mensagem para Lola minha melhor amiga desde o jardim de infância.
" Tem espaço pra uma sem teto, no seu apartamento?"
Um minuto depois ela respondeu, Sabia que ela ainda estava acordada, é mais ou menos essa hora que ela volta do trabalho, ela é bartender em uma boate muito chic no centro.
" Você andou fazendo amizade com mendigos de novo?"
Tive que rir da sua mensagem, ela morre de ciúmes dos meus amigos mendigos.
" Não, kkkk eu sou a sem teto."
" Ah! Ual, você queimou sua casa com a sua família dentro enquanto eles dormiam?!... Minha garota..."
" Claro que não! Quem você pensa que eu sou?... Estava todo mundo acordado ; )"
" Então isso faz de mim sua cúmplice em um crime! Eba! Vem logo pra cá vamos nos divertir."
Prendi minhas coisas na moto e fui em direção a casa de Lola, que mora do lado oposto da cidade onde fica a casa dos meus pais, ela mora no lado menos "glamouroso" digamos assim. Quando chego lá estava por volta das 04:20 por ai, chegamos quase ao mesmo tempo. Lola estava chegando em seu fusca verde que ganhou no ensino médio, tenho que admitir amo aquele carro tanto quanto ela, ele é nossso xodó.
- Eai fora da lei, precisa lavar o sangue das mãos?
Lola disse enquanto fechava o carro e me olhava maldosamente.
- Acho que não, vou sair por ai assim, pra mandar um recado pros inimigos.
Lola riu enquanto entravamos pela portaria.
- Você ta legal Sophie?
Lola falou com sincera preocupação, ela sabe que alguma coisa bem ruim aconteceu pra eu vir de madrugada ao seu apartamento.
- Bem, acho que... Eu vou ficar, aconteceu uma coisa ruim pra que as boas possam acontecer.
Falei e sorri pra ela, essa é uma das famosas frases de Charles o pai maravilhoso da Lola, que sempre cuidou de mim tão bem quanto dela.
- É isso ai garota! Gostei de ver... Mas você vai me contar o que aconteceu depois né?
Ela deu aquele sorriso sapeca enquanto entravamos no elevador.
- Sim vou contar tudo de manhã, agora eu to meio que morta sabe?
- Nem me fala... Acho que vou dormir pra sempre de tão destruída!
- Dramática...
Falei e sorri, Lola colocou a mão no peito e fez a cara de ofendida mais dramática que eu ja vi.
O elevador abriu em um andar que não era o nosso e um cara entrou todo suado e com fones de ouvido, não prestei muita atenção, estava verificando as dúzias de mensagens do meu celular, a maioria de Juliette, me xingando claro... Algumas de Louis meu irmão, querendo saber se eu ainda to viva... Derick me chamando pra uma festa... Mas eu parei imediatamente o que estava fazendo quando ouvi um nome...
- Exercícios essa hora Josh ?
- Eu só subi alguns andares na escada, não estava conseguindo dormir..
O cara sorriu para minha amiga enquanto falava, e eu... Eu estava mortificada, é ele meu Deus... Eu encarei Josh sem acreditar, depois de todo esse tempo?
- Ah, Josh essa é minha amiga Sophie, Sophie esse é Josh meu vizinho.
Josh me encarou com uma feição estranha, parecia que ele estava vendo um alien... O que eu poderia dizer nesse momento? Bem... Eu não fazia ideia do que falar, mas parece que Josh sim.
- Ham... Oi, é um prazer conhecê-la.
O que?! Sério isso? Depois de todo esse tempo, tudo o que ele tem a me dizer é um simples... "Oi"?
Bem, acho que a vida teve misericórdia desse infeliz, pois o elevador abriu antes que eu pudesse matar aquele... Cara
Sai do elevador e bufei bem ríspida, e acho que bem grossa também, Ouvi Lola me chamar e dizer alguma coisa para Josh, mas estava ocupada demais tentando não desabar.
Vi Josh sair do elevador e olhar em minha direção, mas continuei a encarar a porta de Lola como se ela fosse abrir magicamente se eu apenas a fuminasse com o olhar de raiva e... Tristeza.
Lola abriu a porta calmamente, quando estavamos dentro do apartamento e seguras de tudo, ela me abraçou enquanto eu soluçava.