capítulo 14 - Bem-vindo à Mavidele (Parte I)

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Sinto um solavanco me despertar de meu sono, Eros me olha e sorri.
- Provavelmente essa é nossa deixa - Coloca a mão em seu bolso e começa a procurar a chave - Eu já volto por favor não saia Atena.
Concordo com a cabeça ainda sonolenta, Eros desce da carruagem e caminha em direção a um jovem rapaz que alimenta um dos cavalos.
Eros coloca um saco na cabeça do rapaz até que o mesmo cai ao chão.
Ele caminha em minha direção e abre a porta da carruagem, me apoio em sua mão e desço da mesma.
Olho para o homem ao chão.
- Está apenas desmaiado, logo irá acordar - Ele caminha até um cavalo e sobe no mesmo - venha precisamos ir.
Me aproximo do cavalo, paro olhando Eros.
- Deixa eu adivinhar, nunca andou a cavalo antes? - Ele ri.
- Nunca.
- Venha deixe-me te ajudar.
Eros desce do cavalo, coloca minha mão em seu ombro, subo com um pouco de dificuldade.
Nunca havia montado em um cavalo antes e tenho certeza que uma queda daquela altura não seria boa.
Eros logo se ajeita atrás de mim.
Toma as rédeas do animal e começamos a cavalgar floresta adentro.
A manhã estava linda, nunca fui muito próxima da natureza onde eu morava e me pergunto se ela sempre foi assim tão linda.
O sol da manhã batia no topo das árvores dando um verde maravilhoso, o som dos pássaros era suave e tudo estava em sintonia.
O passeio de cavalo não era muito confortável, mais sentir o vento em meu rosto era maravilhoso.
Fecho meus olhos apreciando o momento, um sorriso brota em meus lábios.
- Vejo que está começando a gostar de Alderan - Em sua voz noto um tom de felicidade.
- E porque eu não gostaria? - abro meus olhos aos poucos - Talvez por sua companhia?! - Rio.
- Achei que tinhamos virado amigos - fingindo-se de ofendido.
- Você sabe que estou brincando!
- Vou fingir que acredito - Solta um sorisinho.
- Atena, posso te deixar sozinha por alguns instantes?
- Sim, mas porque?
- Nada preciso fazer uma coisa.
Ele cavalga mais um tempo em silêncio, logo começo a ouvir o barulho de uma cachoeira, um barulho que eu não ouvia desde a minha infância.
- Uma cachoeira?
- Um rio - Afirma desacelerando.
- Qual a diferença?
Eros para o cavalo, desce e logo em seguida me estende a mão para eu descer, por descuido escorrego caindo em seus braços.
- Um rio corre na vertical e a cachoeira na horizontal - Eros me coloca no chão.
- Entendi - Digo enquanto ele procura algo em sua cintura - Espere Eros, aonde você vai?
- Eu tenho uma idéia, mas é perigoso para você ir comigo, sei que não gosta de ficar aqui e esperar mas é minha função proteger você - Ele põe a mão em sua cintura e tira uma adaga me entregando - Me espere escondida, volto em breve.
Ele sobe no cavalo e sai cavalgando rapidamente.
Me aproximo do rio, admirando o mesmo.
A natureza é tão linda, e quase nunca a observamos.
Solto o espartilho para pegar um pouco mais de ar, me encosto em uma árvore e fico admirando a paisagem.

*

O tempo começa a ficar nublado e uma névoa densa se formar no ambiente.
Eu não sabia como aquilo havia começado, parece que dormi, mas à pergunta é: como?
Olho em volta a procura de Eros e não o encontro.
Percebo um vulto do outro lado do rio, a névoa não me permite enxergar claramente quem ou o que seria aquilo.
- Eros? - Grito alto. Mas ele não me responde
- Quando o corvo na placa aparecer - a névoa se dissipa um pouco, percebo o vulto encapuzado do outro lado do rio - uma escolha entre o mal e o bem terá que fazer! - sua voz é aterrorizante - Ou a pessoa que você ama ou você.
A névoa começa a se dissipar.

*

- Atena? - Eros me balança aos poucos - Está tudo bem? Você estava me gritando.
- Estou sim - foi apenas um pesadelo.
- O que aconteceu Atena? - Ele olha em volta procurando algo.
- Não sei, em um minuto eu estava olhando para o rio e no outro não - Será que foi mesmo um sonho?!
- Tudo bem - Eros me abraça deitando minha cabeça em seu ombro.
- Que panos são aqueles em cima do cavalo?
- Disfarce, não podemos aparecer com essas roupas de guardiões.
Eros se levanta e tira a camisa deixando seu corpo evidente de um jeito que eu nunca havia reparado, ele me joga um pano vermelho, um vestido esperando que eu faça o mesmo.
- Eu não vou me trocar na sua frente - Digo indignada.
- Tudo bem, mas não se afaste muito - Ele sorri com um pouco de malícia.
Caminho um pouco e percebo que o olhar de Eros já não me alcança mais, tiro minha blusa e jogo aquele vestido por cima do meu corpo.
O vestido vermelho fica um pouco folgado em meu corpo, ele não era rodado, parecia mais uma burca do que um vestido.
Caminho de volta a Eros, ele está irreconhecível, seus cabelos escondidos em um chapéu para que ninguém os veja soltos.
Seu sobretudo azul com um blusa branca e calças pretas. Eros já não parece mais um Guardião e sim um bruxo.
Ele caminha em minha direção com um espartilho preto.
- Nem tente fugir, você mesma percebeu que o vestido está largo em você.
- Vou para de retrucar tanto, prometo, mas é que esse troço me aperta.
- Imagino - Ele rir enquanto passa o espartilho ao redor do meu corpo.
Enquanto Eros se dedica as cordas a fim de ajustar a peça em meu corpo, sinto sua respiração próxima a minha nuca e aquilo me arrepia de certa forma.
Assim que termina me viro de frente para ele, o mesmo enfia um chapéu de ponta em minha cabeça e dá uma leve risada.
- Ainda bem que você não é bruxa.
- Digo o mesmo. - Rio olhando em seus olhos.
Eros me parece sério de um jeito que nunca vi antes, ele está quieto e fazendo poucas piadas.
Me aproximo do cavalo, novamente ele me ajuda a subir no mesmo.
A cavalgada é retomada e o sol começa a sumir do céu, o dia fica nublado pouco a pouco conforme nos aproximamos da cidade, logo vejo uma placa é vista de longe:
Bem-vindos à Mavidele.

*
E a inspiração bateu finalmente, e hoje chega o capítulo 14 parte I.

Semana que vem chega o 14 parte II.

Não percam o próximo capítulo ;)

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