XIV - treinamento

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Narrador onipresente

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Louisy não sabia o que pensar, parecia que sua vida havia sido uma farsa esse tempo todo. Olhou para seu amigo, sem saber exatamente o que dizer, ou como agir. Levantou e sentou duas vezes, até abrir a boca e começar a falar.

- Espera, e por quê não me contaram nada? Estou tentando, juro que estou tentando entender a razão de todos vocês terem me deixado no escuro por tanto tempo, mas tá difícil.

- Louisy seja parcial. Não é tão fácil assim quanto pensa. Eles estavam cuidando de você, te protegendo... -Thomás começou, mas fora cortado pela morena.

- Me protegendo? Você não acha que se eles tivessem falado algo, nada disso estaria acontecendo? EU, poderia me proteger sozinha. Entraria para uma aula de karatê e faria musculação. Mas agora? Olha para mim, sou um zero à esquerda, uma negação em questão de auto defesa.

- E você acha que saber alguns socos e chutes te protegeria de alguém com poderes? Dos tipos que podem te levantar do chão, ou prende - la na parede? Ou pior te quebrar ao meio apenas com as pontas dos dedos? - Fernando disse exasperado. - Louisy, as coisas são mais complicadas do que pensa. Você é uma bruxa, e como bruxa precisa de treinamento específico para tal!

A moça ficou quieta, não tinha argumentos suficientes para defender seu ponto de vista; que na verdade era bem ridículo, resolveu se acalmar, afinal não podia fazer mais nada.

- E por acaso a Amanda é uma bruxa para poder me treinar? - Louisy perguntou.

- Não, ela é uma humana normal, protegida por um feitiço, que você colocou nela quando ainda estava na sua... Vamos por assim dizer, primeira vida. Aquela na qual conhecera  Thomás.

- Certo, entendo. Então quem afinal irá me treinar? - Ela perguntou ainda curiosa.

- Eu mesmo, antes de ser mordido e me transformar em lobisomem, eu era um bruxo; era amigo de Cassandra. E antes dela, de Marlena, que fôra a época que fui transformado. Lena era uma de suas vidas passadas, e quando conheceu Thomás, eles a encontraram.

Foi muito rápido, quase imperceptível, mas Lou pode ver o olhar feroz de Nando na direção de Thomás. O mesmo porém parecia impenetrável, com uma expressão suave no rosto, em pé, brincando com uma mexa de cabelo de Louisy.

- E quando eu começo meu treinamento? - A moça perguntou já ansiosa.

- Agora mesmo se quiser. Vamos começar com coisas simples. - Fernando começou - Na verdade, a magia é mais concentração. E mentalizar, se puder acreditar que algo pode acontecer ele pode.

O rapaz negro, levantou do sofá, e caminhou em direção a estante na parede central. Pegou uma vela e levou ao chão, frente a Louisy. Apagou as luzes, deixando a sala iluminada apenas pela luz que vinha do lado de fora. Sentou - se de pernas cruzadas e convidou a amiga, a se sentar ao seu lado. Um de frente para o outro. Ambos sorriram, excitados com a expectativa.

- Lou, não vou poder demonstrar o que quero que faça, mas se prestar atenção, vai entender. Tudo bem? - a morena aquiesceu. - Feche os olhos, e deixe sua mente calma e aberta. Seja receptiva.

Louisy olhou para Thomás antes de serrar as pálpebras e fazer o que Fernando dizia. Era quase impossível manter a mente limpa, pois a toda hora o sorriso de Thomás vinha para atrapalha - lá. Ele a estava observando quando a mesma fechará os olhos, e sorriu gentilmente. Foi quase como se pudesse sentir o quando ele esperava por aquele momento. Louisy não queria decepciona -lo.

- Agora, quero que imagine uma pequena chama dentro de si mesma. Uma chama forte e viva, crepitando para todos os lados.

A morena conseguiu mentalizar facilmente, e um calor irradiou de seu baixo ventre. Um fogo que crescia e consumia, mas não queimava.

- Imagine que uma parte desse fogo, se desprendeu de você, e mentalize ele indo em direção a vela. E que a esta consumindo por inteiro.

Louisy imaginou a chama se afastar de seu corpo, e se apossar da vela. Imaginou a cera derretendo com o calor do fogo, até só restar a possa quente e branca da vela. E depois imaginou a chama se extinguindo. Sentiu o silêncio a sua volta pesar, e então abriu os olhos. Fernando sorria timidamente, e Thomás estava sério demais. Finalmente teve coragem para olhar em direção a vela, e constatar que a mesma ainda estava inteira. Sentiu - se decepcionada.

- Lou, ninguém esperava que fosse conseguir tão fácil assim. A primeira vez é difícil, tente não se cobrar muito. - Ainda assim ela se cobrou.

- De novo - ouviu -se dizendo.

Fez o mesmo exercício uma dez vezes e já começava a se sentir um tanto exausta. Mas estava determinada. Queria pelo menos uma chaminha que fosse. Sentiu novamente o calor crescente no pé da barriga, sentiu ele ir preenchendo cada parte de seu corpo. Permitiu que o calor cumprisse seu curso, até cada ponta de seus dedos. Imaginou que uma pequena fagulha, quase como um pedacinho de sua mão; imaginou não, ordenou que ela fosse lentamente até a vela, até a pontinha do pavio. Sentiu que sobre suas pálpebras a luz ficará mais amarelada. Abriu os olhos e viu, com muita alegria, a vela acesa. Não derretida, mas perfeita e iluminando a sala. Da forma como ela quis.
Fernando contornou o centro da sala com uma incrível graça, e a abraçou. Ele mal se cabia de tanta alegria, podia ver que Louisy era a encarnação que precisavam, destemida e forte. Orgulho exemplificava o que sentia.
E enquanto ele abraçava a amiga. A mesma pode ver Thomás sorrindo e acenando positivamente para ela. Ela também sorria. E mesmo que aparecesse uma vitória pequena, ainda assim era uma vitória. E na guerra cada um jogava com as cartas que tinham.
Aquela era sua carta, aquele era seu trunfo. E treinaria bastante para achar o coringa que faria sua vitória ser grande.

Louisy estava anestesiada na volta para casa. Porém Thomás estava mais acesso que nunca. Parou o carro na porta da entrada da garagem, saiu, contornou o carro, abriu a porta para Louisy e lhe oferecerá a mão. Ela aceitou sorrindo. Um sorriso largo e radiante, e os cabelos ondulados caiam em volta de seu rosto e busto.
Antes que sua amada desse mais um passo, segurou - a pelo rosto. Seus olhos se encontraram, como se a volta do mundo tivesse se completado e encontrado seu lugar. E o fantasma do coração de Thomás deu cambalhotas.

- Louisy, eu te amo tanto.

...

Desculpe a demora, e pior o capítulo bosta. Ando sem tempo, mas vou tentar não demorar tanto novamente.

Beijokas pros meus leitores fantasmas, esse capítulo é pra vcs 😘

Thomás Black - PAUSA TEMPORÁRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora