Narrador Onisciente
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Guilherme sentiu -se desolado. Sabia que podia perder Louisy se ela soubesse de toda a verdade, mas uma hora ela descobriria. E era melhor fosse pela sua própria boca, com suas palavras e quando ele soubesse que ela estava mais suscetível.
Contou o por quê sabia tanto sobre Malik, eles haviam sido companheiros. Diga -se de passagem, eram invencíveis juntos. E mesmo depois de tê -lo abandonado por Perséfone, mesmo depois de ter desistido de tudo, seu criador não lhe deixava ir. Queria, porque queria que Guilherme se aliasse a ele novamente, e que trouxesse Louisy junto, coisa que ele jamais faria.
Mas os riscos eram grandes, e sua amada poderia morrer no caminho por um erro seu. Guilherme se sentia perdido como jamais estivera antes.Olhou nos olhos da mulher que estava a sua frente, procurando vestígios de raiva ou decepção. Nada encontrou além do vazio que espelhava o que ele próprio sentia. O passado já era tão vago que mal se lembrava, mas sabia como as visões de Louisy poderia trazer tudo a tona, inclusive a raiva. A moça porém permanecia imóvel. Calculando quanto daquilo que havia visto, ainda era verdade, e o que realmente havia mudado.
Guilherme Pigarreou, limpando sua garganta. Não tinha necessidade, afinal não sabia o que era respirar a muito tempo, porém a ansiedade o fazia ter essa necessidade. Alguns hábitos humanos nunca mudavam.- Então Lou, ainda quer ouvir toda a história? - Louisy apenas assentiu. - Certo, depois que sai de sua casa aquele dia. Esbarrei com Thomás nos jardins, eu queria ir embora, fugir para longe o mais rápido. Porém ele me confrontou. Ele era forte, para um simples humano, e aquilo me enfureceu. Algo sobre os vampiros, é que nossas emoções sempre são mais afloradas. Claro que com o passar dos anos, fica mais fácil controlar, mas é quase como uma faísca na pólvora. Cada ano que passa o rastro da pólvora fica mais comprido, mas com a sequência de acontecimentos, minha pólvora já estava no finzinho, e Thomás foi a faísca que me fizera explodir.
"Ele só estava no lugar errado, e na hora errada. Eu jamais havia transformado ninguém, e depois me arrependi amargamente. Eu fugi, fugi de Malik e de Thomás. Mas principalmente, fugi da lembrança de seus olhos em mim. - Guilherme tomou fôlego, mais para acalmar seu desespero - Devo confessar que depois de tantos séculos, o mundo se tornou um lugar cansativo para mim. Eu já tinha visto de tudo, tinha ido em todos os lugares; então voltei. Vi suas duas últimas vidas, como um telespectador. E sofri todas as vezes que os servos de Malik a encontraram."
- Se si sentia assim com relação... - as palavras fugiram da boca de Louisy, pensou alguns instantes decidindo ser realmente direta - com relação a mim, por quê não interferiu antes? Por quê deixou que eles me pegassem? Não faz sentido.
- Louisy, você não conhece ele. Aliás ninguém o conhece. Quando algo é enfiado em sua cabeça, se torna uma missão realmente difícil de tirar de lá.
- Difícil, mas não impossível.
- Vocês não entendem! - seu grito reverberou por toda a cozinha. E logo em seguida seus punhos cerrados socaram a bancada, fazendo todo o corpo da morena, tremer de medo.
Louisy ficou em silêncio, contando as batidas de seu coração 1.. 2.. 3.. 4... A história era confusa demais, e seus sentimentos se chocavam, como ingredientes dentro de um liquidificador. Ela já não sabia onde o ódio começava, e o amor terminava. Esperou até que Guilherme se acalmasse. Esperou até que seu coração parasse de bater como as asas de um beijão flor.
Ambos olharam um para o outro, dor refletida em seus olhos. Mas no de Guilherme permanecia o desejo, que jamais acabaria, que jamais saciaria. Ele sabia que era uma briga perdida, pelo coração de Louisy. Thomás o habitava tempo demais. Seu sentimento era puro e genuíno. Mas o de Guilherme? Qual direito ele tinha? Destruiu a vida de ambos. Inclusive a dele próprio, quando aceitou a ajuda de Malik, e mil anos depois ainda estava pagando por isso.
A morena se levantou do banco e contornou a bancada. Com passos exitantes. Seus olhos pregados no de seu amigo; um passo de cada vez. Ela pensou. Esticou as mãos até que elas encontram o lugar onde um dia houve uma batida de coração. Ela nunca repara até então, como Guilherme era diferente.
- Sabe Guilherme, não me importa se aqui bate um coração, não me importa também quantas vezes eu morri. Ou... - sua voz falhou - quantas pessoas você matou. Não me importa quem você foi. Confio em quem você é, confio que você faria tudo para me proteger. Eu te amo por isso.
Guilherme puxou Louisy para um abraço. Não se atreveria a beija -lá. Mas sentia -se confortável em ouvir as batidas do coração dela, e o calor que emanava para seu corpo quando estavam assim juntos. Se contentaria com essa vida, se para sempre pudesse mantê -lá por perto. Em seus braços.
Ficaram assim alguns minutos, um confortando o outro. Até que ouviram palmas bem próximas a eles. Guilherme puxou Louisy para trás de si, já em posição de ataque. Sentiu suas presas crescerem em resposta ao perigo. Como não ouvirá nada?
- Que cena mais tocante - Malik estava encostado na entrada da cozinha. Tinha abandonado o sobretudo, e vestia um terno risca giz, bem cortado. Sua careca grotesca a mostra, e um sorriso sinistro nos lábios. Ele parecia uma miragem. E talvez fosse.
- O que você quer Malik? Perdeu o senso de auto preservação? Aparecer aqui sem suas prostitutas? - Guilherme perguntou praticamente rosnando. E talvez estivesse, já que Louisy sentia a pele vibrar em contato com o corpo dele.
- Ora Guilherme, até parece que não te ensinei nada. Está tão assustado que nem ao menos percebeu que isto é uma projeção.
- Projeção? - a voz de Louisy fez -se notável. Mas Malik a olhou ternamente.
- Parece que seus cãezinhos não lhe ensinaram nada, não é mesmo? Sabe Lou, a imortalidade as vezes tem suas vantagens.
- Thomás me disse algo parecido uma vez.
- E ele estava certo. Mas não vim aqui bater papo. Tenho uma proposta. E darei um prazo, para que pensem com carinho.
- Diga logo Malik, o que quer de nós. - Guilherme explodiu.
O primário riu, descontraído. Balançou a cabeça, medindo as palavras antes de dizer? Não, ele estava se divertindo com o sofrimento de ambos, o medo de Guilherme era palpável. Olhou para Louisy, que tinha fogo no olhar. E disse, pregando os olhos na moça, e vendo sua íris vacilar:
- Eu quero vocês dois, do meu lado. Junto comigo. E quero isso em um mês. Ou se arrependerão por terem me ignorado.
Estalou os dedos e sumiu. Deixando uma Louisy abismada e um Guilherme paralisado.
...
Gente sou apaixonada pelo Guilherme. Apesar de amar mt o Thomás também. Mas meu personagem favorito é ele kkkk
Espero que estejam gostando. E o capítulo de hoje, vai em homenagem a fofa da cinthiamaria94Obrigada pelos votos e comentários.
Beijokas da magra 😘
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Thomás Black - PAUSA TEMPORÁRIA
VampireLouisy aos 27 anos, era uma mulher simples. Tinha uma vida normal. Trabalhava na biblioteca municipal, coisa que seus amigos nunca entenderam o por que. Pois ela era uma mulher dada a prazeres. Adorava sair a noite para dançar e beber. Nunca foi de...