1- O garoto de olhos azuis

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Um feixe de luz entrou pela janela tocou meu rosto e me acordou. Abri meus olhos lentamente e a claridade agrediu minhas pupilas. Resmunguei me virando de barriga para cima, fiquei encarando o teto de madeira escura do meu quarto por uns quinze minutos antes de tomar coragem de me levantar.
Me levantei cambaleando. Meus pés tocaram o chão gelado enviando uma onda de frio pelo meu corpo, me fazendo arrepiar.
Andei até o banheiro, me olhei no espelho e continha resquícios da noite anterior. Eu tinha ido no aniversário de um colega de escola, tinha chegado em casa as 4 da manhã, minha mãe não gostou nem um pouco disso.
Minha aparência era horrível, meu cabelo parecia um ninho de rato, ar de cansada, pele mais pálida que o normal por conta das poucas horas de sono, olheiras escuras misturadas a lápis preto e rímel me davam um ar de... Panda.
Lavei meu rosto, penteei os cabelos e me olhei no espelho novamente. Minha pele continuava palida porém não parecia morta há duas semanas, meu cabelos castanhos agora caiam domados sobre meus ombros, meus olhos azuis não estavam envoltos em maquiagem preta.
Voltei ao meu quarto e me vesti. Coloquei minhas roupas preferidas, calça jeans escura, camiseta com a estampa de um desenho sangrento que eu curtia e all star preto.
Era domingo e eu tinha grandes planos. Uma banda de deathcore ia tocar na minha cidade e não era sempre que isso acontecia, não podia perder.
Peguei minha mochila e fui na cozinha avisar a minha mãe que estava saindo. Ela acabou me convencendo a tomar café. Dei um beijo na bochecha dela e sai de casa.
Estava um clima bom, nuvens no céu deixavam tudo com ar de fim de tarde, estava frio e me arrependi de não ter pegado um moleton. Quando cheguei no local de venda dos ingressos estava lotado. Tinha gente pra todo lado e fiquei impressionada com a diferença de idade e estilo de cada um, tinha de motoqueiros quarentões a adolescentes emos. Demorei quase duas horas pra comprar meu ingresso. Mas valeu a pena!
Voltei andando devagar, aproveitando a sensação de euforia por ter comprado o ingresso, com os fones no ouvido e a mente viajando, um avião podia ter caído do meu lado e eu não perceberia. Não foi em um avião mas me choquei com força contra algo.
Cai pra trás derrubando minha mochila e as coisas de dentro dela. Quando procurei no que tinha trombado percebi que não foi em algo, mas em alguém. Um garoto alto, corpo atlético, cabelos loiros estilo emo me olhava preocupado com um grande par de olhos azuis.
- Eu te machuquei? - Perguntou preocupado estendendo a mão para me ajudar.
- Não, tudo bem. Foi minha culpa estava distraída.
- Eu também não estava prestado atenção por onde andava. Me desculpe - Ele disse se abaixando pra pegar minhas coisas que tinham caído.
Me abaixei para ajuda-lo e percebi que ele olhava atento pra um desenho que eu tinha feito
- Foi você que fez?
- Foi... - Respondi envergonhada.
- Ficou incrivel.
- Obrigada.
Ele me entregou as coisas que tinha pegado do chão. Acenou com a cabeça e continuou andando. Observei ele sumir na esquina do quarteirão.
Não consegui parar de pensar naqueles olhos. Acabei desenhando eles.
Os mais belos olhos que já tinha visto, eram intensos e brilhantes, e depois de procurar entre todas as combinações de cores que eu tinha não encontrei o azul daqueles olhos. E mesmo depois de muito esforço meu desenho não conseguiu capturar aquela beleza. E o pior de tudo, eu não sabia nem o nome do dono daqueles olhos...

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