Capítulo 5 - Cave

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Teresa andava não agüentou o cansaço e dormiu antes do amanhecer. Segundos depois começou a sonhar. Ela estava com a roupa do hospital e descalça. Estava caminhando em uma estrada de terra cercada de árvores dos dois lados. Era noite e a única luz presente vinha da lua nova no céu. Ela estava sozinha,
andando sem rumo, até que avistou a silhueta de uma pessoa no horizonte. Ela correu em direção a pessoa e ao aproximar-se viu que
se tratava de sua avó que havia falecido dois anos atrás.
"Vovó Emilia?" - disse ela com voz tremula.
Sem dizer nada sua avó abriu os braços.
Teresa foi ao seu encontro e a abraçou. As duas se emocionaram e lágrimas escorreram por seus rostos.
"Venha, vamos andando. Eu vou te contar algo." - disse a senhora levando Teresa pelo braço. "Algumas pessoas vêm ao mundo com missões especiais e carregam dentro de si um
poder muito forte, muitas falham e outras não.
Mas todas sentem o chamado do dever no momento certo, ou quase todas. O poder que há em você despertou muito antes da hora,
por uma boa causa, mas antes da hora. O mundo é assim, coisas inusitadas acontecem a todo momento. Eu estou aqui para te dizer
que você tem que entender que você tem esse poder e que você deve acreditar em si para usá-lo. O que você fez dentro daquele quarto de hospital foi algo raro.Arturo também tem um poder dentro dele, mas é diferente do seu.
Mais para frente ele vai entender, mas nesse momento o demônio quer usá-lo para seu próprio interesse."
Emilia segurou o rosto de sua neta com força e olhou-a nos olhos.
"Entenda isso querida. Só você, pode salvar seus amigos. Muitas vidas dependem disso.
Por conta daquela "brincadeira" vocês criaram algo muito perigoso."
"Como vó? Eu não sei como. Eu estou com medo, acho que não sou a pessoa certa.
Alguém tem que me ajudar."
"Você é inteligente, você vai encontrar uma maneira. E se você não for a pessoa certa, acho que estamos em sérios apuros." - respondeu Emilia desaparecendo no ar.
Teresa acordou com um pulo. Sua mãe estava a seu lado com o médico.
"Boas notícias filha. O doutor acabou de te dar alta." - disse Ana sorrindo para a filha.
Sem prestar muita atenção nos dois,Teresa pegou seu celular e ligou para Arturo, mas deu na caixa de mensagens. Em seguida ligou para o celulares de Aurora e Bruno e também estavam desligados. Ligou para a casa de Arturo, uma mulher atendeu.
"Oi dona Mabel. Aqui quem fala é a Teresa. O Arturo tá em casa?"
"Não, está na escola. Você está melhor?" - respondeu a mãe de Arturo.
"Estou sim, obrigada. Me desculpe, eu estou meio perdida no tempo. Que dia é hoje?"
"Quinta-feira ."
"A senhora pode pedir para o Arturo me ligar assim que ele chegar em casa?"
"Claro. Melhoras para você." -respondeu Mabel, desligando logo em seguida.
Recebendo alta do hospital Teresa e sua mãe foram direto para casa, Teresa disse que iria descansar um pouco mais e foi para o seu quarto. Ela deitou na cama e começou a pensar em um jeito de acabar de vez com essa história. Seu computador que ficava de frente para sua cama estava ligado com o navegador de internet aberto em sua página inicial, o Google.
"Ah, a melhor invenção desde o ar
condicionado!" - exclamou.
Sentando-se em frente ao computador ela começou sua busca por explicações e informações sobre o tabuleiro ouija. Entrando página por página, link após link e lendo um
monte de matérias imprestáveis ela começou a ficar frustrada. Mais de quatro milhões de
resultados, poderia levar meses para descobrir alguma informação valiosa. Mesmo assim ela poderia tentar alguma das dicas que tinha lido. Uma página dizia para jogar água benta no tabuleiro, outra dizia para queimar o
tabuleiro e enterrar as cinzas e outra dizia que para ficar livre do espírito era só jogar o tabuleiro fora.
Nenhuma dessa dicas a convenceu e ela seguiu procurando. Ela acabou achando um site em francês que chamou sua atenção.
Finalmente ter freqüentado o cursinho de francês forçada por sua mãe serviria para alguma coisa. Neste site ela leu uma história
contando os eventos parecidos com o que havia ocorrido com ela e seus colegas. O fato havia ocorrido na Austrália. Um grupo de rapazes foi acampar em um local onde houve
um suicídio em massa. O local foi escolhido pelo espírito. Lá um dos rapazes foi possuído e com suas próprias mãos matou alguns de seus amigos. Um deles tropeçou em uma
mochila e acidentalmente caiu em cima do copo utilizado para a brincadeira. O copo ficou em pedaços. Nesse momento o espírito perdeu o controle sobre o jovem.
O celular de Teresa tocou. Na tela apareceu o nome de Arturo e ela atendeu rapidamente.
"Teresa, fiquei sabendo que você saiu do hospital. Eu, Bruno e a Aurora estamos entrando na cave agora e..." - falou Aurora sendo interrompido por Teresa.
"Escuta, sai daí agora. Venha para minha casa." - disse Teresa.
"Conexão...cave...ruim...vem..."
"A ligação ta cortando, sai da cave." - gritou.
Sem obter resposta, ela saiu do quarto
desesperada. Ela procurou sua mãe, mas não a encontrou. Decidiu ir até a cave de bicicleta, em dez ou quinze minutos estaria lá.
Enquanto isso ou demais entravam na cave.
Eles foram instruídos a ir até no final da caverna onde a escuridão era total e ninguém os encontraria. Chegando ao local dito por Mestre eles colocaram o tabuleiro no chão.
Apagaram as lanternas que usaram para chegar até lá e acenderam algumas velas. Os três se sentaram em volta do tabuleiro e colocaram suas mãos no objeto circular no centro.
"Mestre, você está entre nós?" - perguntou Arturo.
O objeto começou a tremer e começou a mover-se e girar. Foi até o número 6,
afastou-se um pouco e voltou ao número 6, afastou-se novamente e voltou ao número 6.
O objeto voltou ao centro e ficou lá por alguns segundos. Novamente voltou a mover- se formando o número 666 continuamente. Os
três rapazes se entreolhavam assustados. Eles sabiam o que aquele número representava.
As velas se apagaram, nada podia ser visto.
Algum deles retirou a mão do objeto do tabuleiro.
"Quem tirou a mão do copo?" - perguntou Bruno.
"Não fui eu." - respondeu Aurora. "Arturo foi você?" - completou.
"Sim, chegou a hora de começar a diversão."
A voz veio da direção onde Arturo estava sentado, mas os outros rapazes sabiam que aquela não era sua voz.

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