XIX

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Não pude negar aquele pedido a Zayn. Ele precisava de mim ao menos aquela noite, estava machucado e aposto que não tomaria os devidos remédios nas horas indicadas se eu não estivesse ali para dá-los. Ele era imprudente o bastante para ignorar as recomendações do doutor, então eu estava ali para vigiá-lo.

Eu achava que ele iria ser mais resistente, mas tomou os remédios e caiu no sono. Fora um dia cheio para nós, ele precisava descansar. Ele dormia como um anjo. Seus cílios eram tão compridos e lindos que me fazia querer acariciar sua pele morena. Seu cabelo despenteado e expressão calma contrastavam com os pontos em seu rosto. Ele era lindo, não dava para negar.

Puxei a coberta para cima do seu corpo e do meu, já que ela era imensa. Quando finalmente o sono chegou e minhas pálpebras começaram a se fechar, senti os braços de Zayn ao redor do meu corpo. Imediatamente abri meus olhos para encará-lo e começar a reclamar, mas ele ainda se encontrava em sono profundo. Fora um movimento involuntário, mas que me fizera sentir especial. Não sei o motivo, mas nunca me senti tão bem quanto envolta por seus braços. 

Enfim consegui dormir. Meu despertador fez o favor de me acordar, então mais do que depressa saí delicadamente da cama, para não acordar o Zayn. Fiz minha higiene matinal e peguei em minha bolsa uma roupa limpa e coloquei-a. Já estava prestes a deixar a casa, quando ouço passos furiosos descendo as escadas velozmente. 

- Iria sair de fininho dona Emma? Acha que está okay passar a noite comigo e sair como fugitiva de manhã cedinho sem ao menos me avisar? - esbravejou, pegando seu casaco e jogando-o em seu corpo. Ele possuía um semblante sonolento e raivoso ao mesmo tempo. Era difícil conter o riso. 

- Desculpa se eu queria te poupar! Você está machucado e eu não queria perturbar seu sono babaca. - me defendi, dando de ombros.

- Eu não estou aleijado! Para de me tratar como se eu fosse um deficiente caramba. - falou alto, pegando as chaves do carro de cima da mesa de centro da sala, dirigindo-se até a porta.

- Você é um grosso! Não sei como pude pensar que você talvez estivesse se tornando uma pessoa gentil. - berrei. Ele claramente havia acordado de mal humor, mas eu não era obrigada a ouvir esse tipo de coisas logo cedo, ainda mais por um motivo que, para mim, parecia tão besta.

- Vem, vou te levar. - falou um pouco mais calmo, abrindo a porta.

- Não precisa, eu pego um táxi. - falei rudemente, andando para fora, para o lado contrário de onde se localizava o carro. Eu estava realmente brava com sua atitude, não queria que ele me levasse.

- Você não vai pegar um táxi. Para de fazer birra! - berrou, me alcançando e puxando minha mão. Ele era forte e não importava o quanto eu tentasse me afastar dele, ele continuava me mantendo perto dele.

- Me solta Zayn! Você é um grosso, quando for mais educado talvez - Zayn não me deixou terminar minha frase; segurou meu rosto e o trouxe para perto do seu, roçando nossos lábios lentamente. Eu mal pude me defender, fora tão repentino que não consegui pensar em nada naquele momento.

- Desculpa. Eu só não queria que você fosse embora de fininho, como se estivesse fazendo algo errado, como se fosse errado estar comigo. - sussurrou assim que afastou sua boca da minha, ainda mantendo-me em seus braços.

Porque ele sempre conseguia o que queria? Num minuto eu estava furiosa com ele e no outro, bastava um gesto e meu coração se derretia. Eu estava literalmente em suas mãos e odiava admitir isso. Ele me tinha e sabia me manipular muito bem de acordo com seus desejos.

Ele não esperou muito tempo por uma resposta que não viria. Apenas pegou minha mão e caminhou calmamente em direção ao carro. Ele abriu as portas e eu cedi. Deixei que ele me conduzisse até o trabalho. Prometi a mim mesma que essa seria a primeira e última vez, mas infelizmente, estava ciente que nunca conseguia cumprir minhas promessas quando se tratava dele.

Mesmo com seu pedido de desculpas, passei o caminho inteiro de braços cruzados. Não era apenas com ele que eu estava chateada, mas comigo mesma também por fazer o que ele queria em um estalar de dedos. Quando foi que eu me tornei tão submissa?

Ele não parecia estar incomodado com a minha postura. Na verdade, parecia achar graça dela. Sempre que podia olhava para mim, com o que eu podia ver de canto de olho ser um sorriso estupido em seu rosto. E como era bonito, podia perceber a perfeição dele sem ao menos olhar diretamente.
Quando finalmente chegamos, ele já estava com seus óculos escuros, que tapavam seus belos olhos, e uma touca cinza que havia deixado no banco de trás do carro. Tudo isso para que ele não fosse reconhecido. Paparazzis estão em todos os lugares e Zayn definitivamente não queria que o vissem machucado.

Antes que eu pudesse sair do carro, Malik segurou minha mão, encarando o meu rosto como se esperasse um beijo de despedida ou algo assim. Ele parecia se divertir ao ver a expressão confusa que eu claramente transparecia.

- Obrigada por me trazer. Adeus! - bufei e saí do carro, fechando a porta a tempo de ouví-lo soltar um riso nasal, sorrindo com a minha atitude. Ele me deixava fora de mim!

Meus materiais estavam todos no escritório e ontem meu chefe havia me dado o dia de folga para que eu pudesse descansar da viagem de volta de Las Vegas. Se bem que o que eu menos fiz foi descansar. Aquilo pareceu um dia eterno, cheio de emoções turbulentas e coisas que eu não imaginária presenciar.

Quando lá cheguei, não havia muita gente, afinal estava razoavelmente cedo. Assim que vi cabelos loiros e olhos furiosos me encarando abaixei a cabeça. Sam havia me pedido para dar noticias quando chegasse e eu esqueci completamente. O dia de ontem fora tão corrido quem nem ao menos me veio a cabeça. Andei como um cachorrinho rebaixado até a minha mesa, ao lado da Sam, e sentei-me devagar, já esperando suas broncas.

- Eu nem vou falar nada para você Emma! Se eu começar a falar vou me exaltar, no almoço a gente conversa. - falou sem tirar os olhos do monitor. 

- Está bem. Desculpa! - sussurrei, fazendo beicinho.

Quando finalmente o intervalo para o almoço chegou, fomos ao nosso restaurante predileto. Fui puxando papo com ela até ela ficar mais maleável. Sam nunca conseguia ficar brava comigo por muito tempo. Pedimos nossa comida e foi então quando ela começou a metralhar.

- Você acha certo isso? Acha certo sua melhor amiga ficar sabendo das fofocas por um SITE DE FOFOCAS e não pela boca da própria BFF? - Sam tentava falar sério, mas não aguentava e começava a rir no meio da frase.

- Desculpa Sam! Você sabe que eu amo você e que eu ligaria se não tivesse ocorrido algo muito grande. - falei, apoiando meu rosto na minha mão. 

- Como assim? Aconteceu algo além da festa f-a-b-u-l-o-s-a que você foi? A propósito, você estava maravilhosa Em! Como ficou as coisas entre você e o Zayn lá? Você estava evitando-o antes, não é? Mas vocês pareciam estar bem, nas fotos pelo menos. - A medida que Sam ia falando, minha cara ia murchando. Realmente acontecera muita coisa desde que eu fui para Las Vegas.

Contei tudo o que havia acontecido, com todos os detalhes. Eu confiava muito em Sam e sabia que ela nunca contaria nada a ninguém, principalmente agora que serei um alvo fácil para paparazzis. Ela me olhava boquiaberta e pela primeira vez, não me interrompeu uma vez sequer enquanto eu falava.

- Eu não acredito Emma! Cara, não sei nem o que falar. Acho que vou surtar. - Sam disse, controlando-se para não dar gritinhos. Caímos na risada e terminamos nosso almoço. 

Já havia acabado meu expediente e eu estava recolhendo os meus materiais para ir para casa. Me despedi de Sam e de repente senti meu celular vibrar no bolso da minha calça. Peguei-o e vi que havia uma nova mensagem. Assim que abri e bati o olho, fiquei em choque.

"Oi Em, podemos conversar?Eu sei que provavelmente não quer me ver, mas eu preciso muito falar com você. Posso passar na sua casa ainda hoje?  Aguardo sua resposta. - xoxo, Liam."

Half a Heart II Z.M & L.P IIOnde histórias criam vida. Descubra agora