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Fiquei parada no mesmo lugar da calçada, imóvel por um certo tempo até conseguir digerir aquela mensagem. Havia muita coisa passando pela minha cabeça naquele momento, mas respondi Liam, assentindo sua vinda. Não sabia o que ele queria falar, na verdade, achei que ele nunca mais quisesse nem ao menos olhar para mim. De um certo modo fiquei feliz por ele me procurar.

Busquei um táxi para chegar mais rapidamente em casa. Quando o veículo chegou ao se destino, pude ver o carro de Liam, juntamente com ele apoiado no mesmo, de braços cruzados. Ele olhava para baixo e possuía uma feição dura, ferida por dentro.Caminhei para perto dele. Minhas mãos estavam tremulas e meu estômago estava gélido, contorcendo-se o tempo todo. 

Assim que já havia me aproximado o suficiente para estar a dois metros dele, Liam percebeu minha presença e olhou em minha direção. Ele tentou esboçar um sorriso sem dentes, pressionando seus lábios um contra o outro. Mas suas sobrancelhas permaneciam arqueadas, dando-lhe um ar de lamento.

Chegando mais perto pude perceber que em um lado de seu rosto, sua bochecha estava roxa. Deve ter sido pelo único golpe que fora acertado pelo Zayn. 

- Oi Emma. - falou quando já estávamos frente a frente.

- Oi. Vem, vamos subir. - eu gostaria de não ter soado tão seca. Mas essas palavras ditas neste tom saíram sem que eu pensasse. Eu deveria ser amável, afinal, eu era a errada da história. Mas eu fui fria, mal olhei em seus olhos ao lhe proferir a palavra. Estaria eu chateada pelo o que ele havia feito ao Zayn?

Ele me seguiu. No elevador, não havia nenhuma palavra, nenhum sorriso. Apenas o silencio. Aquilo normalmente não me incomodaria, mas as lembranças dos dias em que não havia um único momento em que um sorriso não estivesse presente em nossos rostos e olhares me machucavam. E principalmente a distancia que um mantinha do outro, era como se estivessem congelando meu coração. Doía e doía mais ainda ter a certeza de que ele não viera dizer que tudo voltaria a ser como antes.

Virei a chave e finalmente estava em casa. Saber que ele estava logo atrás de mim, mas que aquelas cenas que permaneciam em minha cabeça de momentos felizes ao seu lado jamais se repetiriam, me torturava.  Tirei meus coturnos e sentei no sofá cinzento de camurça, esperando que ele fizesse o mesmo. E fez, contudo, sentando-se mais distante do que de costume. Até que finalmente levantou seu olhar até mim e quebrou o silêncio que jazia entre nós.

-  Me perdoa Emma. Me perdoa pelo meu comportamento de ontem, pela bagunça que eu fiz. - falou firmemente. Naquele momento eu já me sentia fraca, naturalmente aos poucos meus olhos umedeceram-se .

- Está tudo bem Liam, dito que eu provoquei tudo isso. Apenas estou colhendo o que plantei. - falei, desviando-me do seu olhar, esperando que ele não percebesse o quão frágil eu estava naquele momento.

- Não Emma, não está tudo bem. Eu machuquei fisicamente você, disse coisas horríveis e feri gravemente quem um dia chamei de irmão. Independente do que havia feito, não merecia nada disso, nunca! Não merecia ver esse Liam. - ele chegou mais perto enquanto falava e tocou em minha mão para que eu voltasse a olhar para ele.

Eu era incapaz de falar algo. Não queria começar a me lembrar do estrago que ele havia causado ontem pois era impossível para mim acreditar que aquele Liam que estava diante de mim era o mesmo do dia anterior.

- Eu nunca pude beber. Tenho apenas um rim funcionando, então álcool só piora minha situação. Por esse motivo sou muito fraco com bebidas, pois é muito raro eu tomá-las. Qualquer quantidade de álcool que eu ingiro já me deixa fora de mim, mas neste dia eu passei dos limites. Nunca havia bebido tanto e eu o fiz porque..bem, você sabe o porquê. Mas isso não justifica. Aquele não era eu. - disse lamentando-se, mergulhando fundo em meus olhos.

Half a Heart II Z.M & L.P IIOnde histórias criam vida. Descubra agora