Capítulo 1
Os Jogos Vorazes
Esse foi o acordo que a capital fez com os 12 distritos, após os Dias Escuros. Não sei direto, mas parece que anualmente os 12 distritos oferecerão dois tributos, um tributo do sexo masculino e outro tributo do sexo feminino, de 12 a 18; eles serão sorteados em uma “colheita” pública onde ficarão a custódia da Capital e serão levados para uma arena onde lutarão até a morte. Até que sobre um tributo, no caso o vitorioso.
Essa é punição dos 12 distritos. Não sei quando os jogos começarão, as arenas estão sendo construídas. Tenho medo. Quero morrer. Já vivo no 12, um distrito miserável, todos os dias pessoas morrem aqui. Algumas morrem de fome. Outras, na árvore-forca.
A árvore-forca é um local aonde os criminosos são mortos, mas temos livre acesso a árvore, acho que é para nos dar medo. E realmente ela dá medo. Papai, Taylor Everdeen, enforcou-se lá. Minha mãe disse papai roubou um pedaço de pão, pois nossa família naquela época estava passando necessidade. Devido aos Dias Escuros, logo após a extinção do 13, os outros 11 distritos abandonaram o 12. Passamos fome, acho que tinha oito anos nessa época. E Pedro, meu irmão, tinha dois aninhos ainda.
Sofremos de mais com a morte de papai, mas em relação ao motivo do assassinato, não acredito, acho que minha mãe está mentindo, creio que houve outro motivo maior. Não sei, mas quando papai morreu foi como se eu fosse a responsável pela a minha família.
Sim, sinto falta do meu pai. Odeio a árvore-forca. Já fui lá uma vez, o cenário é assustador. Queria enforcar-me, mas tinha somente 13 anos. O motivo era só por que o menino que gostava trocou-me por outra. O menino era Maurice Mellark, um garoto lindo, olhos azuis-piscina, cabelos loiros, lisos, e com um ótimo porte atlético. Ele era totalmente romântico, fazia desenho para as suas amadas, com suas telas e tintas. Eu fui uma delas, fui enganada. Odeio traição. Ser comparada com outras, ser usada. O pior de tudo é que fui traída pela minha melhor amiga. Alice Abernathy. A garota mais cobiçada do 12, todos os garotos desejam sua boca. Também ela é linda, tem olhos azuis-céu, cabelos loiros, lisos, mas enrolados nas pontas.
Diferente de mim. Sempre ando com meu cabelo castanho preso, mus olhos são como cinzas, como os olhos das pessoas da costura. Não tenho tempo de me arrumar igual à Alice. Ela é rica, seus pais são donos da farmácia. Mas desde a morte do meu pai sou responsável pela família, o dinheiro que mamãe ganha como lavadeira não dá para nos sustentar por duas semanas, então acabo caçando, mas mesmo assim não é suficiente. Tenho esperança de um futuro melhor, não aguento mais viver no 12, a única coisa que me prende aqui é a minha família, Pedro e Luana (minha mãe). Minha vontade é de me enforcar na árvore-forca, igual ao meu pai.