cafeterias

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– Para o seu bem, é bom que o café daqui seja uma delícia. - Ele riu, tombando a cabeça levemente para a esquerda, encarando a loira.

– O café daqui é o melhor que eu já tomei, Ann. Sem contar com o meu, é claro. - Ela sorriu. - Aliás, você tem que experimentar meu café qualquer dia desses.

– Aceito a sua oferta, Junmyeon. - A garçonete pousou os dois cafés na mesa e, com uma breve reverência, se afastou.

Ela levou o café aos lábios, se certificando se não estava muito quente antes de tomar o primeiro gole.

– Pra sua sorte, essa é a merda de café mais perfeito que eu já tomei. - Junmyeon riu alto, pegando a xícara de café. Antes que pudesse tomar o primeiro gole, percebeu que Ann o encarava com as duas mãos na xícara, ostentando um pequeno sorriso. Pegou, rapidamente, a câmera que estava pendurada em seu pescoço, e tirou outra foto da loira.

Ann estava distraída demais com o sorriso do moreno à sua frente para perceber alguma coisa que não fossem seus lábios se movimentando lentamente. Ele estava falando com ela, percebeu, e sacudiu a cabeça por um instante, voltando seu olhar para o café.

– Tudo bem, Ann?

– Hã?

– Eu tirei outra foto. É que você parecia tão fofa, concentrada. - Ele soltou um riso nasal, cruzando os braços. Observou as bochechas da mais nova se tornarem rubras. - Quantos anos você tem, Ann?

– Vinte. - Suspirou, tentando não olhá-lo por muito tempo. Sua sanidade dependia daquilo. - E você?

– Eu tenho vinte e cinco anos.

– Ah. - Ele deu um suspiro aliviado. Pelo menos ela não era menor de idade.

– Eu quero pedir desculpas outra vez, Ann, por ter tirado fotos sem sua permissão.

– Está tudo bem. Eu acho que eu não seria tão espontânea se soubesse que estava sendo fotografada. Não sou uma boa modelo. - Deu um sorrisinho tímido, terminando de beber seu café.

– Você me parece uma ótima modelo. Deveria tentar a carreira.

– Não, obrigada. Eu faço contabilidade, e escrevo quando posso. Não acho que arrumaria tempo ou disposição para a carreira.

– Você me surpreende cada vez mais. Vai ser contadora e escritora?

– Na verdade, eu faço contabilidade por causa dos meus pais. Eu pretendia fazer letras.

Junmyeon observava a loira, intrigado. A cada minuto ele descobria coisas novas, e ficava mais interessado na mais nova.

Ann achava impressionante como o conhecia há apenas algumas horas, mas parecia que se conheciam há muito mais tempo.

– Você já terminou a faculdade?

– Ah, sim. Eu fiz fotografia, em Londres. - Ela sorriu, mais uma vez.

– Eu nasci em Londres. Ainda não sei se volto pra lá quando terminar a faculdade ou se peço meu visto permanente e continuo aqui na Coréia.

– Já que você fala coreano tão bem, só depende de você. Você gosta mais daqui ou de Londres? - Ann ergueu o olhar para ele mais uma vez.

– Eu gosto mais daqui. Definitivamente, daqui.

E nenhum dos dois sabiam se ela se referia à Coréia do Sul ou àquela cafeteria. De qualquer maneira, eles não queriam saber. Só queriam continuar, pelo menos por aquele instante, um ao lado do outro.

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