Capítulo 1: Suspeitas de um mundo perfeito.

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   O vento bate violentamente no meu rosto. Acho que vai começar uma tempestade. Ainda bem que escutei a mamãe e trouxe o guarda-chuva. Só queria que fosse menos chamativo. A maior parte das pessoas do Estado 6, gostam de ser discretas. Mas, é notável, que minha mãe gosta de chamar atenção.

   Eu estou aqui na rua da estação, mas não para me divertir, que é um luxo só para os ricos, e sim porque preciso de um emprego. Eu não disse porque sai para minha mãe, só irei contar quando conseguir o emprego, ela precisa de ajuda em casa. A maioria das pessoas da classe C, não tem muito para comer, e nossa família não é uma exceção. Recentemente o proprietário da casa em que moramos resolveu vende-la, e isso significa que se não conseguirmos compra-la, estaremos na rua e não temos dinheiro sequer para alugar outra. Tudo, está subindo de preço ultimamente. Provavelmente uma estratégia de governo, já que essa semana, o novo herdeiro do reino tomará posse do seu cargo.

   A nossa suposta "república" tem um sistema monárquico, onde o monarca tem poder absolutista, porém nós não o chamamos de rei, e sim de Presidente. Presidente Voldermont VII. Penso no quanto é bom ninguém ouvir o que pensamos, já que em Kibou a expressão: "liberdade de expressão", não existe. O lema daqui: Não diga, não faça tudo o que pensa, pois essa é a podridão do ser humano. Bem sujestiva, não?

   Algo gelado cai no meu rosto, me fazendo acordar, e mais um, dois, três... Olho para cima, e sim está chovendo! Várias pessoas abrem seus guarda-chuvas e eu faço o mesmo. Chega até a ser bonita a cena, todos aqueles guarda-chuvas abertos. Daí, reparo que todos os guarda-chuvas são pretos e azuis-marinho, e pra variar o meu o único vermelho. Mas, olhando direito, parece uma flor, eu sou o miolo, grudado a várias pétalas pretas e azuis-marinho. Esse pensamento me faz soltar uma breve risada. Realmente, minha imaginação voa.

   Não dá para procurar um emprego na chuva. Minha casa é um pouco longe da estação. Não sei se terei o suficiente para ir de ônibus. Deixe me ver, o ônibus é 3,50 kibous. Conto o dinheiro e, maravilha! Ķ (ķ equivale R$, na verdade é um k atravessado que nem o $) 3,75. Vamos nessa.

   Me direciono até o ponto de ônibus que passará perto da minha casa. Para se localizar no estado 6 não é difícil. Há dois centros, digo isso por haverem duas estações principais e mais 7 de ligação a estas duas, bem cada estado é bem grande! Os centros são identificados pelo principal e inferior. Eu moro a uns 3 quilômetros da estação do centro inferior, que na verdade não é o centro do estado, já que fica ao norte, porém é uma das partes mais desenvolvidas do Estado.

   Após alguns minutos de espera, o ônibus chega. Eu sou a segunda da fila, por isso logo entro no ônibus, pago ao cobrador pela lotação e me sento. Sim, certas coisas da vida são tão simples, chega até a ser sistemático. O ônibus dá muita volta, por isso demora quase 40 minutos para se aproximar do meu destino. E desses quarenta minutos eu dormi pelo menos vinte. Quando o ônibus se aproxima de casa eu cálculo o momento certo e aperto o botão onde está escrito PARE. Que sorte! O ônibus parou na frente de casa, como o planejado.

                     ¤    ¤    ¤

   - Maki! Eu tenho novidades! - Diz minha mãe.

   - Quais novidades? - Pergunto não muito interessada.
 
    - Bem, na verdade só tenho uma. Porém, é muito importante o que eu tenho a falar!

     - Vai conta! - Digo curiosa.

     - Então... Eu consegui comprar a casa!
 
    - Sério?! Como? - Pergunto muito impressionada.

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