A Carta

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"Tudo se quebrou. Não há nada em lugar algum que faça entender. O tempo me mostrou que era fraco o que achava forte. E a chuva despencou vento frio do Norte"

—Rosa de Saron

Giovanna,

Primeiramente, você deve estar confusa no momento, a essa altura já deve saber que não sou seu pai. Sinto muito! Mas, o que quero lhe dizer através desta, é que Juliane não é sua verdadeira mãe também. Ela mentiu todo esse tempo. Eu sabia que meu fim estava próximo, pois sabotaram meu carro naquele dia, sempre desejaram minha morte desde o dia em que você nasceu. Você deve estar achando que tudo isso é mentira, mas o que estou falando é a mais pura verdade. Eu amava Juliane e quando ela me deu a notícia de que estava grávida me senti o homem mais feliz do mundo, porém depois que você nasceu descobri que era estéril, aconteceram coisas que mesmo sabendo que você não tinha meu sangue, me fez querer te proteger da mesma forma como um pai protegeria.

Ass. Davi Bhélline 

Os seus olhos não se parecem nem um pouco com os de Juliane, seus cabelos muito menos, seu modo de agir e pensar, não se igualam ao dela. Sei tudo sobre você, absolutamente tudo o que um pai sabe de uma filha. Sei que não sou, mas irei considerar por toda minha vida. O seu sobrenome Bhélline veio de mim e com a minha partida, deixarei a metade de minha herança para você. Giovanna, só preciso que a partir de agora você confie em mim ou poderá estar em perigo.

Juliane não é quem você pensa. Ela tem aliados que irão te prejudicar. E a revolta deve lhe tomar do porquê não lhe contei isso antes. Há um grande mistério em todos aqueles que te rodeiam. Confie em Deus e depois em tudo o que eu disser, os bastidores da sua história vão te surpreender. Não desista! O tempo será o seu melhor amigo e o melhor juiz. Eu te amo, minha filha. A minha pequena Bhélline. Por favor, se cuide. E tome muito cuidado com aqueles que querem te destruir.

Como reagir ao ler uma carta dessa? Ler e chorar? Na verdade, nem sabia o que estava sentindo, as dúvidas vinham na minha cabeça como uma tempestade repentina. Precisava descobrir quem realmente era minha mãe. Uma heroína ou uma vilã? Davi de certo modo queria me proteger, mas do quê? E por quê? Não poderia confiar em ninguém, mas Juliane era minha mãe e só nela poderia acreditar. Ele poderia ser um impostor que estava se passando pelo "bonzinho".

Fui para casa, mas Juliane não estava e nem o namorado dela. Então, tomei a coragem para mexer nas coisas dela, principalmente em uma caixa preta que ela guardava em cima do guarda-roupa e desde pequena sempre tive uma certa curiosidade em saber o que tinha lá dentro, mas ela sempre brigava comigo me proibindo de mexer. O que seria que tinha ali dentro? Algum segredo? Fechei a porta, subi em um banquinho que ficava ao lado da cama e peguei a caixa. Ao abrir, tinha uma foto minha ainda bebê, até que algo me chamou a atenção, havia uma caixinha vermelha que continha um pingente com a letra "R", contornado com duas claves musicais, formadas em um coração, parecia ser muito valioso. Guardei ele na minha bolsa para poder descobrir de onde era e li umas documentações que estavam no fundo da caixa.

E a documentação comprovava que eu havia nascido no Rio de Janeiro. Por que minha mãe mentiria sobre isso? Minha raiva cada vez mais aumentava, até que ouvi um barulho de alguém abrindo a porta da sala. Coloquei o banquinho e a caixa no lugar onde estavam e me escondi debaixo da cama. Era ela e o Marcos.

— Uma hora ela vai descobrir a verdade. — cochichou Marcos entrando e fechando a porta do quarto.

— Ela não vai descobrir. — respondeu Juliane sentando na cama.

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⏰ Última atualização: Jan 06, 2017 ⏰

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