O Piloto

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  Ainda não podia acreditar no que acabei de fazer, conversar com meu vô que está morto, por pouco minha amiga me vê.

- Então vem que eu te levo em casa, sua malocada.

- Não precisa, eu vou a pé, quero ir em um lugar primeiro.

- Tá, mas me liga.

- Tá bom.

  Saí dalí querendo esquecer tudo isso e ficava pensando "O que aconteceu?", eu andava em direção ao Brew's Mouth, uma típica lanchonete da minha cidade, não era a única, tinham mais duas, mas a melhor comida ficava alí, se tivesse muito cheio - Que é quase sempre - tinha uma a dois quarteirões.
  Entrei no Brew's Mouth e o sino tocou uma musiquinha na loja, nada tinha mudado a não ser a música, o chão era o mesmo, cerâmica branca com pequenos quadrados pretos, as janelas ia do teto ao chão, as lâmpadas com manchas de gordura, e as mesas quadradas de cor avermelhada com assentos que cabiam um grupo de oito pessoas quase vazias.
  Avistei a mesa que eu gostava de sentar no canto da janela, fui em direção a ela e do balcão gritou Martin:

- Como vai Emily, vai querer o de sempre?

- Vou bem, e sim vou querer o de sempre.

  Sentei me na cadeira esperando Martin levar meu pedido, enquanto estava assentada, um homem muito bonito me perguntou:

- Posso me sentar?

- Sim, claro.
Respondi observando ele.

- O que uma moça como você faz sozinha aqui?

- Comendo.
Respondi o óbvio.

- Meu nome é Charles e o seu?

- Emily.

- Por que deixou que me sentasse aqui com você?

- Porque minha mãe me deu educação.
Respondi tentando não ser rude, e antes que ele pudesse perguntar algo Martin chega com meu pedido.

- Aqui está.

- Obrigado.
Respondi me sentindo aliviada por finalmente comer.

- Está bom?
Me perguntou Charles enquanto eu colocava uma pizza na boca.

Assenti dizendo que sim, em seguida perguntei:

- Não vai querer comer nada.
Perguntei, limpando a boca

- Bem que eu gostaria, mas não posso?

- Por quê?

-Porque vou precisar da sua ajuda pra uma coisa.

- Que coisa?

- Tentar descobrir quem me matou e avisar aos meu amigos.

  Quando aquelas palavras saíram da boca dele, levantei-me rapidamente da cadeira. Martin olhou pra mim e perguntou se eu estava bem, assenti que sim, mas na verdade não estava. Levei meu dinheiro ao caixa, e sai o mais rápido que consegui, senti ele me observar enquanto ficava para trás, olhei para ver se tinha alguma coisa e não vi nada, quando me virei novamente, dei de cara com ele, eu tentei me esquivar e perdi o equilíbrio quase que por completo.

- Por favor não se assuste.

- Não acredito, eu estou mesmo falando com você.
Falei ainda me equilibrando.

- Claro que sim, por isso te procurei.

- Como você sabia sobre mim?
Perguntei bastante curiosa.

- Todos do outro lado sabe, você é a escolhida, você pode falar com gente do outro lado.

- Você quer dizer que só eu estou te vendo?

- Basicamente, não.

- Menos mal.
Respondi aliviada.

- Mas, eu estou ligado a você, e eu posso deixar que outros me vejam, e outros não.

- Agora eu gostaria que você sumisse.

- Eu voltarei.

  Ele sumiu alí mesmo na frente de todos, e ninguém parecia ter visto, todos continuavam suas vidas. Aumentei meus passos e fui pra casa.

  Chegando em casa não tinha ninguém, me perguntei o que seria de mim agora, se com pessoas eles me assombra, imagine sozinha. Sentei me no sofá, tentei me acalmar, respirei bem fundo, e tentei ver uma explicação racional para tudo aquilo. Quando me dei conta meu vô entrou na sala, saindo da cozinha.

- Não se preocupe, eu também achei que estava doido quando comecei a ver o outro lado.

- O que, você também podia ver os mortos?
Perguntei quase sem voz.

- Sim, e é por isso que você deve ajudar eles quando eles pedem sua ajuda, assim como você eles ainda têm uma missão nessa terra.

  Antes que pudesse falar mais alguma coisa, meu vô sumiu me deixando mais confusa, mas Charles apareceu de novo.

- Eu disse que ia voltar.

- Tá tudo bem, porque eu vou te ajudar.

- Espera você tomou essa decisão sozinha?
Apesar de morto, no rosto dele dava pra ver a expressão de surpreso.

- Sim, quando começo?

- Agora mesmo, eu irei ver o que descubro, quando eu puder eu voltarei, irei ver onde eu pilotava.

Ele saiu dalí se dissipando no ar, bastou só algumas palavras para eu me render a essa loucura, mas o que podia piorar, já estava falando com os mortos só se eu morresse ficaria pior.

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⏰ Última atualização: Oct 28, 2018 ⏰

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