PRÓLOGO

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                         ''Eu queria dizer que gostaria de voltar no tempo e fazer tudo diferente. Mas, mesmo se  eu pudesse voltar atrás em tudo, eu voltaria? Você voltaria?'' - Careful What You Wish For





     A chuva caia interruptamente e os limpadores do para-brisa quase não davam conta do seu trabalho. O barulho forte e constante mal me deixava ouvir o CD de Johnny Cash, que eu tinha colocado para não pegar no sono. O céu continuava da mesma cor desde que havia deixado Chicago á umas quatro horas, e sinceramente não me recordo de ter visto um céu tão claro até aquele dia. Apesar do sono, o caminho de casa havia se tornado tão familiar que poderia fazê-lo de olhos fechados.

     Voltar para casa deveria me fazer bem. Mas voltar para casa nessa situação, era tão estranho quanto o primeiro dia de aula de faculdade, onde você fica totalmente deslocado, sem o mínimo senso de pertença e mesmo assim cheio de expectativa. Para mim, minha casa era meu lar. Onde eu me sentia bem e nunca queria ter saído. Onde me sentia a vontade para tirar os calçados ao entrar e sentir o cheiro de café vindo da cozinha. Ou onde meu cachorro me encontra no portão e tem um tapete escrito 'seja bem vindo' na varanda. Um lugar feito de pessoas que você ama e que vão estar lá a qualquer hora que você tiver vontade de aparecer. Mas o que pensar quando algumas pessoas são levadas embora, sem o mínimo aviso?

     Era uma espécie de jogo. Um jogo idiota, estúpido e cheio de fases que eu nunca conseguiria jogar, quanto mais vencer. E ir até Ann Harbor, era um modo de entrar no jogo Já tinha perdido algumas pessoas na minha vida, e não consegui de fato me acostumar. Do mesmo modo que uma pessoa sofre uma amputação: o membro pode até ser sido substituído, mas a dor continuará lá.

     Alguns letreiros de lojinhas piscavam entre a chuva, num ritmo mais calmo do que antes. Depois de passar pela entrada da cidade peguei a rua rumo á vizinhança onde cresci. A varanda de casa com as luzinhas acesas indicavam que não havia ninguém – talvez fosse até melhor assim. Estacionei o carro e entrei pela porta de trás. Respirei fundo, meneando a cabeça tentando afastar qualquer pensamento que me fizesse desistir. Enquanto subia um lance de  escadas que levava ao meu quarto pude ver o jornal. Senti aquela sensação de culpa invadir meu peito ao ler.

''Um acidente nessa manhã de sexta, na 500 S State St, próximo ao Campus, a 1 milha do Hands-On Museum, entre 1 Honda CR-V e uma SW4, resultou na morte de duas jovens de 22 e 20 anos, após uma tentativa frustrada de ultrapassagem do veículo menor.

De acordo com a State Police (MSP) Stacey Marie Sullivan e Farah Reed tentaram ultrapassar e bateram no cavalinho da SUV que as arremessou para o outro lado da pista. A corporação divulgou que as meninas morreram na hora.''

Sabe a morte? Ela pode ser cruel, mas a invejo por ser tão justa. Na verdade até demais.  Ela só precisa querer alguém. Novo, velho, homem, mulher. Não se importa se você tem planos ou sonhos. Foi o que aprendi ao ver o nome da minha melhor amiga naquele jornal. A morte nem quis saber se iriamos nos ver na próxima semana ou se eu tinha algo para resolver com Stacey. E lá estava eu, torcendo para que algum milagre acontecesse e eu estivesse tendo um pesadelo. Mas nada aconteceu durante as duas horas que fiquei estaticamente sentada. Ao menos eu teria coragem de ir ao memorial dela domingo? E será que ele também iria aparecer?

'' Você pode correr, mas não pode se esconder'' minha consciência gargalhava alto, enquanto largava minhas malas no sofá do meu quarto.








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