Plágio

CAPÍTULO UM

— Tem certeza que você não quer falar nada, querida? – Isla, mãe de Stacey me perguntou repetidamente, enquanto negava a cada pedido. Deveria ser a décima vez.

O número de pessoas aumentara consideravelmente, desde a minha chegada para o funeral. Lá fora o  sol de outono  se escondia por entre as árvores e uma rajada de vento fez com que algumas folhas se mexessem. Pude ouvir alguma movimentação no banco de trás.

— Resolveu aparecer? – uma voz perguntou ao pé do meu ouvido, com um tom irônico.

— Acha mesmo que iria perder a festa, Kyle? – retruquei

— Senti sua falta – Kyle comentou, sentado ao meu lado – e desse seu ótimo bom humor.

— Tambem senti falta de você – concordei, bagunçando seu cabelo loiro.

— Mesmo? – ele perguntou. Notei um tom de ironia, mas sabia que ele fora sincero.

— É claro, Bennett – revirei os olhos – você sabe que não sou o tipo de pessoa que esconde o que pensa.

— Você anda estressada, Carter – Kyle caçoou – não parece mais a mesma.

— Não sou mais quem você lembra – eu gritava mentalmente – me manda aos lobos que eu os treino pra te comer.

– Voce nem imagina o quanto eu ando estressada. E o quanto mudei também – bufei, saindo para a varanda da capela.

(...)

Eu não sabia mais como deveria agir. Uma hora não queria vê – lo, e na outra mal continha minha ansiedade para encontra – lo. Tínhamos perdido uma parcela da afinidade que havíamos construído, enquanto meu sentimento por ele se mostrava mais sério. Antes, o trataria com a maior doçura do mundo, mas,  é verdade o que dizem sobre amor: ele anda numa linha tênue com o ódio, e ultimamente, era muito mais fácil e confortável odiar Kyle do que voltar a ama lo. Ao menos na teoria.

– Hey, Alice – ele se aproximou – passou essa raiva?

– Alice? - contestei.

– ''Não posso voltar para ontem porque acho que me transformei varias vezes desde então'' – Kyle tentou imitar a voz de Alice como no livro de Lewis Caroll, mas sem sucesso, o que me fez achar graça

— Vai se ferrar, idiota – protestei tentando não rir.

— Idiota é você – ele retrucou brincando – você não anda sempre na defensiva. Tá tudo bem?

— Quer a resposta que voce quer ouvir, ou a de verdade? – perguntei de sobrancelha arqueada após um longo tempo de pausa.

— Eu sou muito desnecessário – Kyle murmurou, rolando os olhos – desculpa magrela. Eu...sinto muito.

—Tudo bem - acariciei a perna dele, numa tentativa de acalma - lo – não nos matando hoje, já progredimos.

— Certo – ele falou com um sorriso carinhoso nos olhos, passando um braço nos meus ombros, me puxando para perto.

— Fechado. Desculpa por descontar em você  – concordei me aconchegando – eu sinto muito pela CeCe.

— Não fui o único a perder alguém. – Kyle desculpou – se – Todo mundo vai embora, mas uns adiantam a viagem.

— Hayes também dizia isso – olhei de canto de olho para ele, fitando o horizonte.

— Quem é ''Hayes''? – ele perguntou com a voz afetada

— Ciúmes? – provoquei

— Eu? Com ciúmes? – Kyle forçou uma gargalhada – eu só não ouvi voce falar dele ainda - se justificou