7.

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-Harry-

Ela é tão linda a dormir. Ela é linda em tudo.

A maneira como as suas pestanas descansam sob as suas faces avermelhadas, os seus lábios entreabertos que deixam escapar as várias respirações suaves entre eles, é simplesmente a melhor visão que se pode ter.

A Iris não se cala, meu Deus! Apesar de os seus guinchos serem adoráveis, não quero de todo que a Liliane acorde! Ela merece descansar.

- Vá lá amor, tens de fazer pouco barulho. - ajeito-a com cuidado nas minhas pernas e passo a mão várias vezes pela sua barriga para a tentar acalmar, embora seja inútil.

Ser pai é incrível e maravilhosamente difícil.

"Nem és pai a tempo inteiro." Relembra o meu subconsciente.

É verdade, não sou nem fui um pai decente. Quem me dera poder mudar o passado, estou profundamente arrependido. O que contei à Lili é verdade e ela parece ter acreditado em mim, a não ser que a estúpida da irmã a tenha virado contra mim.

Odeio aquela gaja. Nunca me suportou, ainda bem que é um sentimento mutuo.

Nunca gostou de mim pelo facto de fazer a Liliane feliz... Em tempos, claro. Tenho consciência que a tenha feito sofrer imenso. Voltando à Kendall, ela odeia-me tanto o quanto a odeio a ela, não gosto dela e acabou, ela é uma víbora, entretanto a Lili sempre achou que ela é a melhor irmã deste mundo, enfim, engana-se.

A Iris começa a chorar, não não bebé!

- Iris - falo baixinho e a sua mãe acorda repetindo ao mesmo tempo que eu o nome da nossa menina.

- Ela está bem, podes voltar a descansar. - aviso-a e carrego a bebé nos meus braços para a cozinha.

- Não, espera! - vejo pelo canto do olho a figura da Liliane a aparecer a meu lado. - Ela deve querer que lhe mudem a fralda. -ouço um risinho por parte dela.

Okay, eu não acredito que vou ter de me voluntariar a mudar uma fralda. Também não deve ser nada do outro mundo, se for para fazer bem à minha filha e para ver o sorriso perfeito da rapariga que amo, que seja!

- Bem, eu posso tentar se me deres uma ajudinha. -tento efetuar um pacto.

- Claro, anda!

Sigo o caminho dela até ao quarto da pequena que é a única divisão para além da sala, que tive oportunidade de visitar. A casa é bastante acolhedora, gosto bastante.

- Se quiseres eu posso mudar se não tiveres à vontade. - lança-me um olhar que me desafia, adoro quando ela faz isso, motiva-me a fazer as coisas.

- É só uma fralda. - sorri e deito a bebé em cima de uma cómoda almofadada para este mesmo serviço que contêm os produtos necessários em baixo.

Começo a olhar para a indumentária da Iris e não faço a menor ideia como iniciar o processo, a Lili parece reparar quando vejo uma mãos pequenas e brancas a atravessarem-se à minha frente e desapertam habilidosamente o fato da criança, sem dizer uma única palavra.

- É melhor eu fazer isto e tu ficas a ver ou a aprender. - faz uma pequena pausa. - Ou podes ir para a sala que já lá vamos ter. - profere com um certo tom autoritário.

- Eu fico a aprender, desculpa, não tenho grande experiência. - aviso dando-lhe o meu lugar.

- É normal, eu ensino-te. - diz um pouco animada.

Começa a fazer o que decidi começar, explicando cada passo enquanto eu observo com o máximo de atenção possível.

- Não é muito agradável. - digo durante um riso enquanto a Iris dá mais um dos seus guinchos.

- Nada agradável mesmo. - ela confirma agora mais séria enquanto envolve os seus braços à volta da Iris. - Vamos? - questiona pegando na chucha azul clara ás bolinhas, acho que é a atual da bebé.

Assenti e voltamos para onde estávamos retomando cada um os seus lugares só que agora a Iris encontra-se no chão a brincar.

- Estás feliz? - pergunto enquanto fazia esta pergunta mentalmente.

Sinto o olhar dela pousado em mim com a sua sobrancelha arqueada.

Merda, fiz merda.

- Bem...

- Eu preciso que sejas sincera. -digo ao fim de um longo e pesado suspiro.

- Como deves imaginar já tive dias melhores!

Tusso e começo a remexer as minhas mãos com os nervos que se estavam a espalhar pelo meu corpo, pelas minhas veias, completamente por todo o meu corpo.

Eu sei até onde ela quer chegar, eu sei bem. Onde é que eu me vim meter...

- Harry! - ela vira ligeiramente o seu corpo na minha direção. - O meu ponto não é atacar-te com coisas passadas, o que eu quero dizer é que sim estou feliz, mas podia estar mais. - ela encara-me e eu desvio o olhar para outro ponto, confesso que isto me deixa com um sentimento de culpa. - Mas porquê essa conversa agora?

- Eu entendo que não queiras falar de certas coisas agora mas... -levo as mãos ao cabelo despenteando o mesmo, é o meu vicio, e volto a olha-la nos olhos bem profundamente. - Tenho tanta pergunta para fazer, tenho tanta coisa a dizer que eu não sei por onde começar, por isso decidi começar com o mais importante, a vossa felicidade.

Não tencionava dizer tanto sobre o que sinto atualmente mas com os nervos que me consomem a cada segundo, não evito perguntar e dizer as coisas que me ocorrem na mente.

- Acho bem que te preocupes, não te censuro, mas neste caso só tens de te preocupar com a Iris, não comigo! E se tens alguma coisa a dizer ou a perguntar sobre a tua filha, agradeço que fales. -faz questão de realçar " a tua filha".

- Porque é que não posso querer saber de ti também? - digo com uma certa angústia devido a esta estar a substituir os nervos.

Não sei para que é que fiz esta pergunta vou acabar por me magoar, mas quero muito voltar a entrar na vida dela, nem que seja apenas como amigo, só peço para estar a seu lado para qualquer ocasião. Não tenciono voltar a deixá-las outra vez.

- Porque eu não te pertenço, não te sou nada, percebes? Não tens de te preocupar ou fazer alguma coisa por mim! Por mais que eu goste de ti, não vou permitir que estas coisas aconteçam! - vocifera sem elevar muito o tom de voz, o que me deixa admirado, ela costuma perder as estribeiras.

Já estava à espera de levar com um balde de água fria como este, mas ouvir que ela ainda gosta de mim, faz o meu dia... Digamos que fez diminuir um pouco a dor que tenho armazenada em mim.

- Liliane....- tento agarrar a sua mão mas entretanto ela rejeita afastando-se de mim. - Por mais que tu não queiras eu vou sempre preocupar-me contigo e vou estar sempre aqui para ti.

- Pára de tentar ter algum tipo de contato a mais comigo, Harry! - ela bufa por entre os seus lábios finos e rosados dando a entender que estava claramente aborrecida. - A única coisa que temos em comum é a nossa filha e nada mais, entendido?

Amassado, envergonhado, exposto, inútil, são tudo adjetivos que me descrevem o quão reles eu me sinto. As minhas oportunidades juntamente com as minhas esperanças foram por água a baixo, sei que depois disto não vai haver mais nada, só o tempo pode amenizar a tensão entre "nós", não meras palavras proferidas da minhas pessoa.

- Mas....- estou pronto para dizer que a amo, porém sei que não me vale de nada, por isso, não interessa ela ter conhecimento disto. - Eu vou embora, volto depois ou vou ligando...


Olá! Aqui fica mais um capitulo, espero que gostem! Fico á espera das vossas opiniões do que estão a achar da história! Beijos :)

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⏰ Última atualização: May 23, 2016 ⏰

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