A campainha tocou já tinha há muito entregue o teste escapei dali para fora o mais depressa que pude, baldei-me à aula seguinte para ir ter com a V a minha melhor amiga.
Como sempre ofereci-lhe um croissant de chocolate para adoçar uma manhã de tantos desabafos amargos, o ex dela tinha-lhe posto os cornos, os homens não prestam. Foi a sua grande conclusão depois de uma grande dentada no croissant, eu disse-lhe que se ela tivesse provado os homens certos certamente mudaria de opinião.
De qualquer forma não consigo compreender esta doença diagnosticada de namoro sintomas óbvios: estás numa onda do tipo obcecado, deixas de existir para viveres apenas para outra pessoa, és o espelho dela.
Observo as pessoas o fenómeno repete-se: alguém sem cérebro (literalmente com uma lobotomia) vive para a outra pessoa, o espaço vazio do seu cérebro é tão fundo literalmente que nem nota o tamanho e a grossura do par de cornos que carrega.
A outra pessoa geralmente nem é nada da geito, insere-se naquele típico grupo de pacóvios que pensam que engatam muito mas é só balelas, nem sabem o que fazer..nem como o fazer.
O coro deles: Olá tudo bem? És bué linda posso-te mandar uma foto de boxeres?
Tipo se quiser ver boxeres de qualidade normal,a baixo preço, muita oferta,vou à Primark!
D epois acham que tão a mostrar um grande mambo, se vissem o meu fugiam.
Aprendem alguns truques com filmes porno e já é com muita sorte que passam da punheta à "funheta" termo inventado por mim.
Que define exactamente isto: eles dão várias estocadas numa gaja para se virem, é como se batessem uma punheta mas é dentro da gaja.
Enfim amadores, a V precisa de conhecer alguém mais à frente com dinheiro isso é bué importante, dinheiro e um cérebro sugestionável pronto para as nossas instruções manuais.
Um homem que não sabe usar as mãos, não saber usar mais nenhuma parte do seu corpo como deve ser. Uma mulher que não sabe usar um homem, não é mulher, é uma miúda otária e burra.
Calma...paragem mental...por momentos apaguei-me neste raciocínio sem qualquer sentido.
Fomos comprar roupa, era isso que a V acreditava ser terapêutico para os seus desgostos amorosos.
Quando tirava os alarmes com os seus ganchos e punha a roupa dentro da mala sem ninguém ver, dizia-me que estava a tomar uma atitude a ser poderosa.
Ofereceu-me uns ténis que me ficam mesmo bem!
Mais tarde fomos para o meu kubz, reclinamos as costas nas paredes do meu prédio, estava um vento agradável, um ambiente mais agradável que o peso da escola.
Os gémeos falsos acabaram por ser o tópico da nossa conversa, a V queria saber pormenores do nosso segundo encontro.
Ás vezes parece que ela prefere viver os meus desabafos que a própria vida dela.
Voltando àquela noite na praia acordamos deitados na areia eu entre eles os dois, o braço dele estava por cima do meu peito e a mão dela pousava sobre a minha barriga. Era raro dormir mas naquela noite lá adormeci,já estava cansado, tinha acumulado várias diretas.
Fui o primeiro a acordar mas fiz de conta que estava a dormir, movi só os olhos devagar e estava a desfrutar o momento. Passado uns minutos ele acordou e espreguiçou-se olhou para mim e sorriu, nunca vi uma ressaca tão simpática.
A irmã acordou e tirou logo do bolso um espelho com pó para tapar as olheiras.
-Olá sou o Marco.
Disse ele, a olhar-me nos olhos.
-Olá sou o Stonem, és donde?
- Cascais.
- Eu sou a Ana.
-Vocês namoram ou algo do género? Perguntei.
A minha pergunta não os surpreendeu, eles disseram que tinham uma relação aberta.
- Ah ok fixe...que bom para vocês.
Nunca disse nada tão estúpido na minha vida, eles ficaram a olhar para mim com bué pontos de interrogação à volta da cabeça...Sorri e disfarcei, a dizer que eles eram muito parecidos tipo almas gémeas.
Passamos a manhã toda juntos fomos caminhar pela praia e fomos ao Mac.
- A Sério? Disse-me V com o sobrolho levantado.
- Quero detalhes não sejas púdico. Achas que esses ténis são grátis? Nada é grátis meu filho sabes muito bem disso.
-Vá sabemos que um cavalheiro nunca fala sobre esses assuntos. Repliquei. Mas dando-me por vencido continuei a narrar o acontecimento.
Quando estávamos no Mac eles repararam que eu comia pouco e começaram a perguntar-me cenas da minha vida pessoal algo que não curti lá muito.
Não sabia o que responder, eles perguntaram-me o que é que eu queria ser no futuro. Se planeava vender pastilhas e material semelhante para o resto da vida.
Eu disse-lhes que queria ser ilusionista.
-Ilusionista? Sim - disse - criar ilusões, pôr as pessoas dentro delas e depois ter o controlo total.
- Mostra-nos um truque. Disseram-me.
Eu pus o copo de água no meio da mesa, concentrei-me na água e ela começou a mexer, eles ficaram bué admirados e assustados. Na verdade isto não são truques de ilusionismo são capacidades paranormais mas é mais fácil e mais sexy chamar a isto ilusionismo.
O marco convidou-me para ir a casa dele, uma moradia enorme com piscina, o quarto era diferente do meu...grande, com posteres espalhados pelas paredes.
Tinha um plasma, um pc, uma aparalhagem e muita roupa nos armários, ténis caros e num móvel de fundo estava algo que me perturbou, um objeto igual ao da minha avó. Um espelho de cristal pequeno cravado na testa de um crânio, ele reparou que fiquei a olhar para o objeto durante alguns minutos e perguntou-me se eu gostava de filmes de terror.
Que pergunta deficiente, pensei eu para mim.
- Gosto, curto esses objetos também, já tinha visto um parecido com esse.
- Ah um black na praia vendeu-me, até foi caro mas curti o formato do crânio e comprei, não sei para que é que serve. Disse -me ele.
A Ana estava na casa de banho a tomar banho, ele sentou-se na cama a olhar para mim, ele parece completamente hetero como eu. Penso como é que ele será na cama, ele perguntou-me se queria mais tarde encontrar-me com ele.
- A Ana não se importa de só ir ter contigo? Pergunto-lhe a medo.
- Claro que não - Assegurou-me ele - Nós somos totalmente livres, ela vai sair e eu não queria ficar sozinho.
-Ah ok sou só uma alternativa para a tua solidão já percebi, queres algum produto, vamos sair para onde?
- Uma alternativa bem interessante, vamos ver um filme posso te ir buscar de carro?
Este gajo tinha carro só por isso já ganhou uns pontos.
- Yup é melhor não entrares com o teu carro no meu bairro, vou ter contigo a uma estação de comboio ou assim.
- Ok, fica combinado, posso deixar-te nalgum lugar?
- Sim deixa-me na estação tenho alguns assuntos a tratar - Eu estava bué calmo a falar tipo sonolento mas feliz.
- Então deixa-me ver se entendi essa cena marada desde o inicio - diz-me V com aquela cara que só ela faz - eles não te disseram logo de inicio que eram irmãos gémeos falsos?
- Nop.
- E ainda te sentes culpado com o que aconteceu?
- Sinto, gosto dela e gosto dele, não vejo a minha vida sem eles e eles só querem ver uma vida em que nunca me conheceram.
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O Fumador de Ilusões
Ficção GeralEle é um fumador de ilusões, um sonhador de realidades, vive por meias verdades, com escolhas arriscadas. Stonem é um traficante de droga de 18 anos que se apaixona por dois irmãos gémeos falsos, o Marco e a Ana. O que ele não sabe é que eles são i...