Capítulo 2: A caixa

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Alguém está batendo na porta, são 09:26 da manhã de sábado.

- Quem é? - Pergunto.

- Dona Amanda, é o porteiro. - Diz o homem na porta.

- Só um minuto! - Eu estava sem roupa, tropecei numa blusa que estava no chão, era a blusa do Metallica que meu pai tinha me dado nos meus 16 anos, antes dele morrer de câncer no pulmão. Vesti ela é fui abrir à porta.

- Bom dia Dona Amanda! - Disse o porteiro.

- Bom dia Seu João, já disse que não precisa me chamar de "Dona" - disse a ele.

- É costume...- Ele sorriu. - Mandaram entregar essa caixa para você.

- Quem entregou?

- Não disse Dona... Quer dizer Amanda, só disse que era pra entregar. - Ele disse dando as costas.

- Obrigada. - Disse enquanto eu fechava à porta.

Olhei rapidamente, não tinha nome ou endereço, abri e lá dentro tinha as minhas coisas, e junto um pedaço de papel, peguei para ver o que estava escrito.

"Bom dia, Amanda.
Estava arrumando o meu quarto e achei algumas coisas suas aqui, espero que esteja bem.
Lúcia"

Embolei aquele pedaço de papel com tanta força que quase pude sentir ele virando água, joguei fora pela janela do meu apartamento. "Espero que esteja bem", eu estaria se ela não tivesse fodido o meu psicológico, a raiva tomou conta de mim na mesma hora, queria dizer à ela coisas que eu guardei por muito tempo, queria escancarar para ela, mas sou covarde e eu ainda gosto dela, isso é óbvio.
Ligo à cafeteira, enquanto o meu café não fica pronto resolvo olhar o que tinha dentro da caixa. Fotos nossas, meu boné surrado, meu chaveiro de gatinho, a bosta do urso que comprei pra ela, estava tudo ali, uma caixa cheia de lembranças. Naquele momento a cafeteira apita, avisando que o café está pronto. Pego uma caneca e vou em direção ao quarto com a caixa em baixo de um dos meus braços, coloco à caixa no chão e chuto para debaixo da cama. Ligo a TV, tiro as coisas de cima de uma das partes do sofá e sento para assistir à netflix. E assim se passa meu final de semana, morfando em frente da TV, enquanto ela deve estar se divertindo.

"É isso ai" pensei.

Eu queria assistir um filme que tirasse a minha atenção, tirasse os pensamentos ruins que eu tinha, começo a procurar por filmes, "into the Will deve ser bom" pensei depois de ler à sinopse. Comecei a assistir, mas me deu uma vontade incontrolável de comer pizza e tomar cerveja, dei pause no filme, coloquei um short e fui comprar a cerveja, chegando no mercadinho do Seu Orlando, vejo uma cartela de cigarro, Malboro o nome, eu nunca tinha fumado, meu pai morreu com câncer no pulmão, eu sabia como era. Mesmo assim resolvi comprar.

- Uma carteira de cigarro e uma caixa de cerveja é só? - Perguntava Seu Orlando.

- E esses chocolates também. - Peguei uns 4 tipos de chocolate que eu vi.

- Aqui seu troco. - Ele disse logo após eu pagar o que eu havia comprado.

Acenei com a cabeça e sai do mercadinho em seguida, cheguei no meu apartamento, peguei o telefone e pedi uma pizza enquanto eu já abria a primeira lata de cerveja.

- Isso, quero uma de calabresa. - Eu dizia a moça que estava no telefone anotando o meu pedido. - Obrigada.

Não demorou muito e o telefone toca.

-Dona Amanda, à pizza da senhora chegou. - Dizia Seu João, o porteiro do prédio.

- Manda subir. - Disse.

Paguei o entregador, foi assim a minha noite, bebida e pizza, ah claro, não esquecendo dos chocolates, assisti aquele filme, foi até bacana, imagina, você largar tudo para se conectar com a natureza, encontrar seu próprio eu. Era o que eu devia fazer.
Dormi no sofá com meia pizza no colo e 3 latas de cerveja no chão. Acordei e estava tudo escuro, passei a mão pelo sofá, na esperança de achar o meu celular. Encontrei, 02:37 da manhã, era a hora que o meu celular marcava.

Vi uma mensagem da Rafaela, que dizia:

" Aonde você está? Liga pra mim!"
Eu amava a Rafaela, mas eu estava tão deprimida que naquele momento nem com ela eu queria falar.
A Rafaela era a minha colega de faculdade, fazemos faculdade de jornalismo, ela é uma pessoa bastante especial para mim, ela ficou do meu lado, quando eu vi a Lúcia no estacionamento da faculdade com outra garota, ela me abraçou tão forte que parecia que ela queria segurar os pedaços que eu estava deixando cair de mim naquele momento. Eu sabia que ela estava preocupada, mas assim que eu estivesse bem, falaria com ela.

JoyOnde histórias criam vida. Descubra agora