O processo havia sido arquivado, já que tudo apontava para o homicídio seguido de suicídio que fora relatado. Martin ficou sob guarda do irmão de sua mãe por pouco mais de um ano, e as vozes haviam deixado de ser ouvidas pelo garoto.Seu tio, Andrew, era um homem muito ocupado que morava em uma casa grande no subúrbio da cidade, um viúvo com apenas uma filha de quinze anos. Ele era o contador de uma metalúrgica que não ficava muito longe de sua casa.
A residência não tinha muito luxo, mas era grande e espaçosa, com dois andares, cinco quartos e dois banheiros, além da cozinha e da sala de estar. O quarto de Martin era no segundo andar, tendo uma grade janela com vista para a rua, em frente à casa.
- Meus parabéns, Martin! - Disse seu tio Andrew alegremente ao acordá-lo. - Que esse seja um ano de realizações para você.
- Muito obrigado, tio... - Agradeceu o garoto, ainda muito sonolento, porém alegre.
- Não é todo dia que se faz quatorze anos. - Prosseguiu o dono da residência. - Sendo assim, comprei um presente para você.
- Um presente? - Indagou o menino, animado. - E o que é?
- Bom, isso você vai ter que descobrir... - Respondeu o homem, o entregando um envelope.
Andrew matriculara Martin na melhor escola da cidade desde que o garoto chegou a sua casa. Seu tio sabia que havia muito a ser explorado em sua capacidade mental, por isso também tentava sempre o desafiar.
O jovem prodígio abriu o pequeno envelope e dele tirou uma pequena e fina placa de madeira, juntamente com dezenas de pequenos pedaços de papel picado. Um lado dos pedaços de papel tinha coloração cinzenta, e a outra face era coberta por algumas linhas.
- Fácil. - Afirmou o menino, colocando a placa sólida em seu colo.
- Quando você conseguir decifrar, me avise. - Pediu Andrew, se levantando e abrindo a porta. - Quando isso acontecer, vai ganhar o presente.
O garoto começou a desembaralhar os pequenos pedaços de papel picado, e rapidamente encontrou um padrão. Em menos de um minuto, os mais de quarenta pedaços de papel estavam no lugar, formando o desenho de um sobretudo acompanhado de um Fedora.
- Titio, eu descobri! - Disse o garoto animadamente ao descer pela escada e encontrar o rapaz na sala de estar, sentado em sua poltrona ao lado das mesmas peças de roupa representadas na imagem que o menino havia decifrado.
Sempre fora o sonho de Martin possuir um sobretudo acompanhado de um Fedora, pois achava que era a coisa mais estilosa que um homem podia vestir. O garoto se aproximou e observou as roupas por alguns segundos, maravilhado, logo antes de as vestir.
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Genialidade Obscura
HorrorAté onde pode chegar um gênio extraordinário, atormentado por sua própria mente?