De: Elena Gilbert.
Para: Damon Salvatore.
15/05/1864
Minha vida mudou completamente quando coloquei meus pés junto ao meu vestido dentro daquela carruagem. As paisagens passavam com uma velocidade tão grande e súbita; chegava até ser duvidoso se eu estava em uma carruagem e sim em máquina do futuro que poderia me fazer voar. Voar seria uma possibilidade tão calma e boa para se pensar, eu estaria entre as nuvens enquanto meus cabelos cacheados caíam sob meus ombros, ou até as nuvens. Minhas intenções não são cometer erros relatando o quanto eu poderia odiar sua família, ou o quanto sua casa é patética aos meus olhos. Até, agora, ela tem me trazido um sofrimento tão grande quanto à própria morte do meu pai, pensei em ter uma segunda morte ao olhar para seu pai com olhos feitos de gelo. Ser romântica nunca foi uma opção, aliás, eu leio livros e contos, então, eu meio que sou obrigada a ter relação aos livros que leio.
Você é um livro, meu caro. Um livro fácil de decifrar; sem enigmas ou detalhes implícitos desafiando meus olhos adentrarem a fundo em sua pobre alma. Seus olhos azuis embarcavam em uma nova aventura até meus olhos puramente castanhos, porém, ridículos. Não como se eu ligasse para minha aparência física, até porque eu não teria muito com que ficar agradada. Mas, você me faz linda. De um jeito do qual ninguém conseguiu em dezenove anos de existência. Falando assim eu pareço ser uma velha senhora lembrando-se de seu triste passado enquanto olha seus netinhos sobrevoarem o infinito de possibilidades, mas não, eu sou apenas eu, infelizmente, apenas eu.
Minhas palavras podem parecer mentirosas, ou nada sinceras, porém garanto total carência de lorotas em minhas cartas. Aliás, quem poderia mentir quando está amando alguém tão maravilhoso ao ponto de não apresentar defeitos? O amor é assim; faz você ficar cego, sem poder ver nos demais defeitos vindos de outros montes de qualidades infinitas, que por algum motivo não apresentam qualquer possível limite. Obviamente, o infinito não apresenta limites, sempre tem de ser assim. A menos quando estamos jantando em família e sem querer falamos algo de errado. O irmão mais novo parece animado com a ideia de colocar um anel em meus dedos ao invés de você, Damon. Ele é patético.
Me dói tanto saber que meu buquê só servirá de infelicidade, não quero me casar com alguém com quem eu mal conheço. Ser herdeira de uma das famílias mais ricas de uma cidade na Inglaterra parece ser algo místico, surreal. Acho mais semelhante a um pesadelo coberto de monstros a ponto de te machucar da pior forma; Meu futuro inteiro está prometido a um homem completamente desconhecido por meus olhos, o irmão mais novo do meu verdadeiro amor estava a minha espera ao meu descer da carruagem. Naquele dia eu fui acompanhada com todos os cuidados e mimos que uma mulher poderia ter. Lembro no ato impossível de não prestar atenção nos olhos azuis dos quais me mantêm submissa. Seu sorriso mexia com meu emocional de uma forma incrédula por mim. Quando sua boca veio até minha mão desprotegida, sem luvas para suportar a tentação de ter seus lábios em alguma parte de meu corpo. Disfarcei minha tentação olhando fundo em seus olhos e agradecendo com a voz mais educada e elegante possível. O medo de encarar o outro Salvatore me dava nos nervos, seus olhos verdes como bromélia me deixavam tensa, um tanto ameaçador. Minha referência para o caçula Salvatore não foi tão educada quanto pretendi:
"Olá, senhorita Gilbert. Tenho total prazer em conhecê-la."
"Encantada."
Minha resposta foi tão seca quanto minhas próprias expectativas de quando eu passar meses presa como um pássaro nesta mansão. Eu gostaria de fugir com Damon enquanto possível, caminhar a distâncias daqui, longas distâncias, o suficiente para que não me achem nunca mais. A única companhia que pretendo estar seria a de meu cavalo, e o amável dos amáveis. O homem com quem realmente eu pretendo ser casada um dia... E pensar em mim como um simples meio de conseguir dinheiro para a família Salvatore. Mas acho que não sou a única a ter um pensamento peculiar, não tanto peculiar, ou talvez nada peculiar. Sei que você e seu irmão mais novo se sentem usados por ser uma espécie de emprego para o seu pai, um meio de conseguir dinheiro. Falando em dinheiro, espero que a vadia loura – Sua noiva, Caroline – Não pise no meu caminho outra vez.
Eu realmente espero estar errada sobre Giuseppe, seu pai. Ele não me aparenta ser uma má pessoa, infelizmente suas ações me mostram outra realidade ao contrário de seus olhares. Sobreviver seria minha meta durante esses tais meses feitos por possíveis acordos de minha mãe. Miranda nunca foi de me deixar ter uma vida democrática, nunca perguntou qual seria minha verdadeira vocação para minha vida, embora eu não precisasse trabalhar, pois todo o dinheiro do mundo estaria em minhas mãos em breve. Pelo visto nem Giuseppe deixa você e seu irmão terem tanta liberdade assim, eu realmente espero que consigam ser alguém um dia, e não um simples noivo casado com o dinheiro e não com uma mulher.
Onde eu quero chegar com toda esta baboseira, meu amor? Isso foi apenas um pequeno resumo de como me senti no primeiro dia em que cheguei em sua casa, me deparando com pessoas desconhecidas que nem tive a oportunidade de começar com o pé direito. Eu o amo demais para contar tudo sobre mim em uma mera carta, espero que não fique zangado por eu estar sendo sincera demais sobre você, ou nós. Mas não interessa o que pense, as próprias estrelas que já foram testemunhas de nossos beijos tantas vezes podem se responsabilizar por isso. Eu te amo com todo o meu ódio Damon, eu tenho ódio de você por me fazer amar-te demais. Talvez sejam seus olhos que tanto me lembram do céu toda manhã.
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Esplendor (Spin Off. What if?)
Fanfiction( Este é um conto extra da minha obra: Esplendor. Entretanto, a obra se passa com pontos diferentes da história, sendo contrária a Original e narrada por cartas.) - Repito, a Fanfic não é idêntica a Esplendor, é em um mundo a parte. Boa leitura. Em...