Era o dia do casamento da tia Marlee. Se antes já estava uma loucura, agora era um completo caos. Me arrumei cedo,ol assim como mamãe pediu. Ela me entregou um vestido branco, parecido com o de tia Merlee (porém, menor e menos brilhante) e penteou meus cabelos com toda a doçura do mundo. Mamãe até tentou me fazer calçar os saltinhos que ela havia comprado para a ocasião, mas eu não quis, preferi usar meus tênis — com minhas meias de abelha —, o que a deixou um pouco decepcionada, mas o papai sorriu, o que era como uma aprovação da parte dele.— O carro já está pronto. Vamos? — meu pai anunciou, balançando as chaves do carro.
— Vamos. — minha mamãe confirmou.
Descemos às escadas até a garagem e entramos no carro do meu pai. A cerimônia ocorreria na casa da vovó mesmo, não em uma igreja. A tia Marlee fez questão já que ela e o noivo se conheceram lá, enquanto ele cuidava das flores da minha vó. Então eles conheceram o amor — que eu ainda desejo saber o que é —, e resolveram se casar. Bem diferente da história da minha mãe com o papai, já que eles se conheceram na faculdade e brigavam feito cão e gato, pelo menos é isso que eles me disseram.
Eu estava feliz, gostava de festas e comemorações. Mas, de jeito nenhum eu iria sorrir. Meu dente tinha caído no jantar de ontem a noite, então qualquer sorriso que eu dou, mostra uma "janelinha" horrível. Então, melhor ficar de boca fechada mesmo.
Quando olhei pela janela papai já estava estacionando o carro, vi Caio na calçada. Ele estava com um terno e o cabelo penteado para trás. O rosto não estava mais sujo de terra e os olhos castanhos brilhavam na luz do sol, ele estava... arrumadinho. Assim que desci do automóvel, Caio veio em minha direção, com um sorriso no rosto, eu, obviamente, não iria sorrir de volta. Não queria passar vergonha na frente dele.
— Oi Beca. — ele falou, sua animação era evidente. — Tenho pistas sobre o amor.
Era exatamente isso que eu queria ouvir, enfim algo estava dando certo. Coloquei a mão na boca, impedindo que ele visse o meu dente faltando, e comentei animada:
— O quê? Me diz!
— Deixem pra conversar lá dentro, vamos entrar. — papai falou me conduzindo para o jardim dos fundos da casa de vovó.
Assim que entramos na casa, percebi às diferenças: a sala estava completamente limpa e vazia, exceto pela presença de uma mesa, repleta de guloseimas. Os sofás de couro, a televisão, o tapete de veludo, tudo havia sumido. Da escada eu pude ouvir gritinhos de mulheres, e foi para lá que minha mãe foi. Presumi que os barulhos vieram do quarto onde tia Marlee estava, aliás, todas as minhas tias, primas e a vovó, deviam estar lá em cima, já que aqui embaixo estava cheio de homens e crianças, apenas algumas mulheres que eu não conhecia.
O jardim, que ontem eu estava com Caio, estava ainda mais cheio que a sala. Havia cadeiras chiques e brancas, muitas flores artificiais e rosas vermelhas. Um tapete longo e vermelho, e no final dele tinha um pequeno altar, onde o padre e — segundo meu pai — a juíza realizariam a cerimônia. Estava tudo muito lindo, até que eu percebi uma coisa: o balanço não estava mais lá. E isso mexeu muito comigo.
— Papai... Onde está o meu balanço? — perguntei apertando um pouco sua mão. Aquele balanço era o melhor lugar para mim.
— Meu amor, tiveram que retirar o balanço, para o casamento. — papai falou calmamente, não foi o brinquedo favorito dele que acabou de ser destruído.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma teoria sobre o amor
KurzgeschichtenVocê já se perguntou o que é amor? Uma Teoria Sobre Amor retrata a descoberta de uma garotinha de oito anos muito esperta, o nome dela é Rebeca. Ela é uma menina curiosa que deseja saber mais sobre o que é amor e encontra a resposta para a sua pergu...